Além do encontro está também prevista uma reunião com a Comissão Parlamentar de Agricultura, na Assembleia da República
Organizações de produtores de arroz de todo o País reúnem-se, na próxima semana, para exigirem medidas de apoio ao setor que enfrenta perdas de 40 milhões de euros devido ao preço de venda abaixo do custo de produção.
“As medidas a tomar vão ser definidas, em concreto, numa reunião entre as organizações de produtores de arroz no prazo de uma semana num local ainda a definir”, disse esta segunda-feira à agência Lusa o presidente do Agrupamento de Produtores de Arroz do Vale do Sado (Aparroz), João Reis Mendes.
O dirigente falava no final de uma reunião, em Alcácer do Sal, que contou com “uma centena de produtores de arroz” do Vale do Sado, Ribatejo e Mondego, para “avaliar o impacto dos preços de venda abaixo do custo de produção”, que “tem comprometido a sustentabilidade económica” das explorações agrícolas”.
Além do encontro, que vai juntar as 11 organizações de produtores de todo o País, está também prevista uma reunião com a Comissão Parlamentar de Agricultura, na Assembleia da República, em data a agendar.
“Vamos levar as nossas preocupações à Comissão Parlamentar de Agricultura, julgo que a indústria também irá [estar presente] para apresentar os seus pontos de vista e justificar porque razão está a comprar o arroz a este preço”, acrescentou.
A indústria nacional “deverá ter as suas razões, vamos ouvi-las e depois decidir qual o passo seguinte”, indicou.
Em declarações à Lusa, na passada sexta-feira, o dirigente, avançou que o preço de venda do arroz “passou de 550 euros/tonelada, na campanha anterior, para 350 euros, nesta campanha” agrícola.
“Ou seja, estamos a produzir abaixo do preço de custo, quando os produtores não baixaram o custo de produção por hectare, o que vai representar para os 1.500 produtores portugueses uma perda de perto de 40 milhões de euros”, sustentou.
De acordo com João Reis Mendes, no encontro desta segunda-feira foram discutidas várias hipóteses para chamar a atenção da opinião pública para esta situação, assim como medidas de apoio para enfrentar as perdas que o setor enfrenta.
“Em cima da mesa estão várias hipóteses, desde a possibilidade de colocarmos os nossos tratores na rua, que é a medida mais drástica, até à necessidade de se encontrarem canais alternativos de colocação do arroz no estrangeiro, através da exportação”, precisou.
Também “a possibilidade de reativar o preço de intervenção do arroz, medida que foi implementada há uns anos quando houve perturbações de mercado”, foi discutida neste encontro.
“Outra das hipóteses passa por, eventualmente, o Governo adquirir o produto, que não conseguimos escoar, a preços competitivos, destinando-o a uma ajuda alimentar”, acrescentou o responsável.
João Reis Mendes disse estar “otimista” em relação ao futuro do setor e acreditar que os agricultores, que são “produtores de bens alimentares”, com uma “atividade nobre” de colocar comida na mesa dos portugueses irão “ter alguma evolução positiva”.