Comunidade intermunicipal alerta “para a necessidade de uma apropriada integração do parque eólico marinho na dinâmica socioeconómica da região
A Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL) manifestou-se favorável ao projecto do Plano de Afectação para a Exploração de Energias Renováveis ‘Offshore’ (PAER), cuja consulta pública termina hoje, mas defendeu a compatibilização com outras actividades económicas.
“A CIMAL tem uma posição favorável ao desenvolvimento de energias renováveis no seu território, mas considera que deve ser salvaguardada a compatibilização da produção de energia com outras actividades económicas, quer em terra quer no mar”, avança, em comunicado, enviado à agência Lusa.
No parecer final, sobre a instalação de eólicas ao largo de Sines, a comunidade intermunicipal alerta “para a necessidade de uma apropriada integração do parque eólico marinho na dinâmica socioeconómica da região e a compatibilização com as infra-estruturas existentes e planeadas”.
Caso contrário, poderá registar-se um “conjunto de impactos negativos e conflitos com as comunidades locais”, adverte a entidade que engloba os municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, e Odemira.
No entender da CIMAL, a distância do parque eólico offshore “nunca deverá ser inferior a 20 milhas náuticas (cerca de 37 km)” da costa, embora no PAER esteja prevista uma distância “de 10 milhas náuticas (cerca de 18 km)” para a sua instalação.
“O potencial impacte negativo na qualidade da paisagem”, tanto para o crescente número de turistas que procura a região, como para a população residente, é uma das razões apontadas e em linha de conta com situações semelhantes registadas noutros países europeus”, lê-se no comunicado.
E lembra que “a temática da distância à costa foi um tema central na discussão pública dos projectos eólicos offshore”, nomeadamente no Reino Unido, onde existe “um parque eólico localizado a 130 km da costa britânica”.
No documento, a CIMAL reconhece que esta opção “torna a exploração mais cara”, mas salienta que “têm surgido cada vez mais soluções tecnológicas que visam reduzir os custos associados a maiores distâncias dos projectos à costa”, atendendo à sensibilidade suscitada pela maior proximidade da linha costeira.
“Estudos realizados no Reino Unido concluíram que turbinas de pequena e média dimensão são visíveis, a olho nu, a distâncias superiores a 42 km, enquanto a rotação das pás pode ser observada a 39 km”, argumenta.
Para a CIMAL, o plano deve “equilibrar os benefícios mais vastos para a economia nacional e no conjunto regional, com as vantagens e desvantagens que são geradas para as comunidades costeiras”, nomeadamente “novos empregos na indústria ‘offshore’ ou de manutenção versus perdas de emprego no turismo”.
No plano económico, “as maiores desvantagens ocorrem junto das comunidades piscatórias e do recreio náutico, já que em muitos casos é interdita a circulação de embarcações nos parques eólicos”, alerta.
Trata-se de “actividades bastante relevantes no tecido socioeconómico da região” que “devem ser acauteladas no âmbito do PAER, por via de uma compatibilização com a actividade piscatória e, nesse sentido, serem tidos em conta os contributos da Associação de Armadores de Pesca Artesanal e do Cerco do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, na identificação das áreas de pesca mais relevantes”, sublinha.
De acordo com uma nota de imprensa do Ministério da Economia e do Mar, a aprovação do PAER antecede o procedimento concorrencial para o cumprimento do objectivo de disponibilizar uma capacidade de 10 gigawatts (GW) de energia eólica offshore (em alto mar) até 2030.