19 Abril 2024, Sexta-feira
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Luísa Andrade: “Se os utentes não estiverem bem informados a comunicação com o médico é muito difícil”

A sua actividade médica envolve o raciocínio em consulta e em cirurgia, duas áreas que a motivam, assim como o comportamento social

 

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A trabalhar no Hospital de São Bernardo no serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Luísa Andrade Silva integra também uma equipa nesta unidade hospitalar de Setúbal que organiza sessões de esclarecimento à população sobre a gravidez, e questões associadas. “Se os utentes não estiverem bem informados, a comunicação entre eles e o médico é muito difícil”, diz. “Temos de trabalhar em conjunto”, acrescenta sobre esta experiência de envolvimento clínico e social.

Foi a primeira da família a licenciar-se em medicina, e nem era profissão para a qual tivesse despertado muito cedo. Só no secundário, quando cativada pela biologia, vontade de compreender o funcionamento do corpo humano, curiosidade pela cirurgia e psicologia começou o interesse por seguir a área médica. Assim o fez e, quando chegou a altura de optar por uma especialidade, Luísa Andrade Silva decidiu-se pela Obstetrícia e Ginecologia.

A isto juntou-se o interesse em perceber o comportamento das pessoas na sua realidade de vida, e dar-lhes respostas. No caso da sua especialidade, pela mulher e todo o contexto da gravidez. “Por vezes temos de resolver situações um pouco difíceis do ponto de vista psicológico e emocional”, conta. E sendo a psicologia uma área da saúde também do seu interesse, consegue completar um trabalho onde afirma: “considero que faço alguma diferença”.

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“Quando há que escolher uma especialidade, temos que dividir entre especialidades médicas que são mais relacionadas com o raciocínio clínico e como tratar doentes internados e em consulta, ou então a parte cirúrgica, que passa pelo bloco operatório; usar as mãos. A minha especialidade tem precisamente as duas vertentes muito presentes: a parte médica mais na obstetrícia, e a parte cirúrgica mais na ginecologia”.

Interna no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, desde 2020, e atendendo à realidade social no concelho onde “há uma baixa literacia em saúde e onde a gravidez aparece muito cedo”, decidiu participar num projecto que está a ser desenvolvido pelo serviço de Ginecologia e Obstetrícia em colaboração com a Pediatria e a Psicologia.

“Temos de ter em consideração a realidade das pessoas que tratamos, por isso, o serviço onde estou está a organizar sessões de formação e esclarecimento à população relacionada com a gravidez e com os cuidados com o recém-nascido e as alterações emocionais no pós-parto, com o objectivo de colmatar um pouco as falhas de conhecimento”.

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Natural de Évora, formou-se em Lisboa na Universidade Clássica, esteve no Hospital Garcia de Orta, em Almada, Hospital de Évora, Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e agora, aos 27 anos, está a trabalhar no Hospital de São Bernardo. Todo este corredor hospitalar deu-lhe experiência para seleccionar a comunicação conforme a realidade da população.

“As coisas têm de ser explicadas aos utentes mesmo quando, pela sua literacia na saúde, é difícil, como acontece em Almada e Setúbal. É preciso acabar com o paternalismo na medicina, é preciso explicar aos utentes que têm de cumprir as terapêuticas e vigilância. Temos de dizer porquê e fazê-los entender a importância de cumprirem as indicações do médico”, é sobre este ciclo de relacionamento que Luísa Andrade Silva fala de uma “clara diferença” entre a população de cada cidade.

A residir em Lisboa, queixa-se da falta de transportes entre a capital e Setúbal. “Entrava no comboio em Campolide e saía em Setúbal, é directo, o problema é que nesta linha há muito poucos horários, são de hora em hora, e gastava cerca de duas horas, e por vezes três horas, por dia na deslocação”, conta. A opção foi usar o carro. “Gasto muito dinheiro em gasolina, mas consegui mais tempo para mim”.

Por vezes, para carregar energias, no Verão em vez de seguir directamente para Lisboa faz um desvio e vai até à praia da Costa de Caparica. Outro dos seus escapes dos “dias intensos e cansativos de trabalho” é a prática de uma espécie de boxe. “Não é um hobby específico, as minhas aulas no ginásio são a bater num saco, carregar energias e, muitas vezes, descarregar frustrações”. De resto, diz: “Apenas hobbies comuns a toda a gente”, e ri.

 

Luísa Andrade Silva à queima-roupa

Idade 27 anos

Naturalidade Évora

Residência Lisboa

Especialidade Ginecologia e Obstetrícia no Hospital de São Bernardo

“É preciso acabar com o paternalismo na medicina, é preciso explicar aos utentes que têm de cumprir as terapêuticas e vigilância”

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