“Só tenho a agradecer esta possibilidade de estar aqui”
Contrariamente às expectativas dos pais, para Alcina Dourado, dar aulas nunca foi a primeira opção, jornalismo era o caminho. Começou por realizar um estágio na rádio, pela qual “tinha o bichinho”, mas apercebeu-se que ainda não tinha encontrado a área que a satisfazia profissionalmente, tendo mais tarde algumas experiências na área da comunicação empresarial, na vertente de relações públicas. A professora licenciada em Comunicação Social, pela Universidade da Beira-Interior, chega à Escola Superior de Educação em 1995, através de um “anúncio de uma procura de profissionais para lecionar aqui na escola”. Aos 25 anos, decidiu que era “altura de arriscarmos e fazermos experiências”, acreditando que seria boa uma oportunidade de desenvolver o seu conhecimento, e de perceber “o que é que eu gostava de fazer do ponto de vista profissional”. Ao realizar uma viagem ao passado, relembra alguns momentos e pessoas que marcaram o seu percurso, entre elas, a professora Regina Marques, “colegas fantásticos”, e a Professora Ana Pessoa, “alguém que tem uma grande capacidade de comunicação, de retórica, tem uma memória fantástica. Aprendi imenso a trabalhar com ela”. Recorda ainda o impacto da sua primeira experiência enquanto docente e a turma que lecionou, alegando que, “aprendi mais do que eles aprenderam comigo, portanto acho que foi um ano muito bom para mim e péssimo para eles”. Como Alcina Dourado descreve, a escola onde exerce o seu ofício é uma “aprendizagem constante”. Foi esta instituição que lhe proporcionou várias experiências que a enriqueceram e marcaram, “o simples facto de ter tido a oportunidade de contactar com colegas europeus, projetos, viajar, trazer esses inputs para a sala de aula, produzir artigos, fazer os vários níveis de formação. Eu corri esses caminhos todos, portanto, à escola o devo, à ESE, ao IPS o devo”. A perspetiva que tem desta casa, é transportada para a sua vida pessoal, descrevendo-se como alguém que “continua a gostar de aprender lá fora”, nunca perdendo pelo caminho a sua essência, “ser autónoma, ser autossuficiente”. Apesar de ainda lhe esperarem alguns anos até à sua saída, a professora gostaria de ser relembrada como “alguém que conseguiu trabalhar em equipa, que procurou consensos, que procurou aprender e sempre ultrapassar-se a si própria, e que gostava de encontrar soluções”. Aos 54 anos, Alcina Dourado adota como mantra, “dar o meu próprio contributo e sentir-me bem no final do dia e dizer: eu fiz a minha parte”, sendo sempre grata pelo que tem vivido na ESE, “só tenho a agradecer esta possibilidade de estar aqui”.