“Um coração onde cabíamos todos”

“Um coração onde cabíamos todos”

“Um coração onde cabíamos todos”

O ponto de vista de Anabela Assunção, a primeira tesoureira 

Dentro das quatro paredes de uma sala na biblioteca da Escola Superior de Tecnologia, senta-se calmamente, “tinha 25” anos quando veio parar à Escola Superior de Educação. O ano era 1986, a pedido da prima, que tinha sido convidada a ingressar a comissão instaladora, foi contactada para se juntar à equipa, uma vez que “na altura também andava à procura de emprego”. Destino ou não, “como funcionária fui das primeiras”, afirma, hoje, ainda aqui está, não com a ESE, mas perto daquela que foi a escola que a viu crescer. O sentimento predominante na sua voz é de saudade “porque as coisas vão mudando, não é?”, e apesar de reconhecer as evoluções do espaço, recorda com carinho a sensação de familiaridade que a Escola de Educação sempre teve “era muito humana e muito sonhadora”, “era um ambiente muito bom, fazia-se muitas festas”. Após o pousar de uma garrafa na mesa, os seus braços expandem no espaço quando constata a importância da escola, o entusiasmo que sente reflete-se nos seus gestos, “o ambiente era fantástico, isso foi bom para começar, o ambiente, as pessoas, o trabalho em si”. Ao recordar algumas das personalidades que marcaram o seu percurso, destaca Raul Carvalho, presidente do conselho diretivo, com quem teve um contacto direto por trabalhar como sua tesoureira, “ele era uma pessoa para os alunos, para os funcionários, para os colegas, era igual sem distinção”. Ao relembrar a personalidade do professor e o seu impacto tanto na sua vida, como no da instituição, [emociona-se], “porque foi muito cedo” a sua ida. Partiu também ela para a ESTS, quando ocorre uma aglomeração de todos os serviços administrativos, num mesmo espaço para simplificar a organização, mas para a funcionária, o seu “dia-a-dia é terrível, porque lá está, como tratamos de seis unidades orgânicas, cinco escolas e os serviços centrais, há sempre muito trabalho”. Apesar do trabalho excessivo, é feliz no que faz e no futuro mais próximo, a sua principal ambição “agora, é a reforma”, confessa que “já não saio daqui eu tenho 63 anos, não falta muito”, sente-se cansada e, por isso, com o tempo que lhe restar pretende estar “com saúde, para gozar um bocado da vida”. Numa conversa mais desacelerada garante que, se tivesse de descrever a instituição, “numa palavra… É complicado”, permanece em silêncio uns segundos, retoma, “Coração. Faz de conta que aquilo era assim [movimenta as mãos de forma circular] Um coração onde cabíamos todos”.  

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