Refeições que contam Histórias

Refeições que contam Histórias

Refeições que contam Histórias

O sorriso de boas-vindas da ESE

Se todos os caminhos vão dar a Roma, no caso de Ana Calado, 48 anos, estes levaram-na à Escola Superior de Educação em Setúbal. Um caminho que a própria não esperava e “surgiu assim do nada”, mas que se tornou o ideal, “tinha acabado de ter a minha filha, estava em casa e à procura de trabalho”, assim aceitou esta oportunidade. Ao contrário da sua formação em técnica administrativa abraçou o lugar de funcionária no bar da ESE, onde circula do balcão à cozinha a oferecer o melhor atendimento, desde a preparação de torradas, baguetes e almoços. Confessa que a parte mais desafiante é ter controlo e organização nas horas de maior movimento, e por vezes sozinha “tenho de dar despacho aquilo tudo”. Ressalta que “não há fácil nem difícil, nós temos de fazer tudo um pouco”. Ao final do dia, apesar dos imprevistos ou atrasos aponta que o mais gratificante “é saber que todas as pessoas ficam contentes com o nosso trabalho e continuam a falar com simpatia, isso é sinal de que fizemos um bom trabalho”. Para Ana o que diferencia a ESE é a animação, “há sempre alguma coisa e nós acabamos por interagir também um bocadinho”, são momentos como estes em que se permite conviver e espreitar o que está além do bar, um dos principais espaços de convívio, acabando por juntar “tanto alunos como professores” e assim fomentar a essência de casa que tanto descreve. “Esta escola é muito familiar”, a palavra que escolhe para definir as afinidades que criou com alunos, professores e com quem trabalha lado a lado, a sua colega Solange que “é uma das pessoas que ficou e vai ficar marcada”.  O olhar da setubalense reflete o amor que sente pela família, quando fala dos três filhos, dos “animaizinhos” e do tempo de qualidade que lhes dedica, “a minha vida é esta” [pausa]. Descreve-se como “brincalhona”, “refilona”, “simpática”, “tímida, apesar de não parecer” e “comunicadora”. Acredita que, para se trabalhar num bar de uma escola é necessário “saber lidar com o stress e com a pressão” pois “quem trabalha no atendimento ao público sabe que aparece de tudo um pouco”. Com seis anos de casa, afirma que o momento mais marcante “foi a altura do Covid, quando fechou tudo e fiquei assim um bocado perdida”, recordando o medo da incerteza. Ao pensar no futuro, é realista, mencionando “sonhos a gente tem, mas devido à minha idade, ao estar perto de casa e ter miúdos, existem prioridades”. Questionada sobre a continuidade na escola, acrescenta que espera “continuar aqui” a fazer aquilo que gosta. Na eventualidade de sair, o que sentirá mais saudades é do “público” e das pessoas que conheceu ao longo destes anos a cada refeição. Das conversas de passagem às mais demoradas, cada um ocupa o seu lugar, o bar da ESE é isso tudo, tendo como observador principal a D. Ana, como muitos lhe apelidam, que atrás do balcão deixa a sua marca sorridente e cria ligações que mesmo distantes, ficam na memória. 

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