Do Palácio Fryxell à subdireção da ESE
Miguel Figueiredo relembra, com um brilho no olhar, a herança que o pai, um oficial de contas, lhe deixou, a paixão pela Matemática. Foi o fascínio pelos números que o levou a Coimbra para se licenciar naquela que dizem que é a ciência mais exata que existe. É com o mesmo entusiasmo que o atual professor da Escola Superior de Educação recorda “Coimbra ensinou-me a viver”, foi lá que aprendeu a “viver em sociedade”, passa-se por uma “autonomia e “um poder de decisão” que não se tinha na “vida anterior”, uma vida “mais refletida em que percebemos que as nossas ações vão ter consequências”. De todas estas lições Coimbra trouxe a Miguel o grande amor da sua vida. Da mesma área, do mesmo curso e hoje na mesma sintonia, continuam a escrever em folhas quadriculadas a sua história de amor. Depois de passar pela capital do ensino superior, foi em Setúbal que Miguel começou a exercer o seu ofício. Começou pela Escola Sebastião da Gama e em colaboração com um outro colega, desenvolveram um projeto que visava trabalhar a relação entre os estudantes e os computadores. Mas precisavam de um polo de trabalho. E onde é que esse polo se instalou? Na ESE! A Escola sempre acolheu e impulsionou projetos prósperos e este foi um dos primeiros. O atual professor relembra as “atividades no Palácio Fryxell” ainda numas ações de formação, só mais tarde passou para os confins da cave da Escola Superior de Tecnologia. Já no edifício assinado por Siza Vieira, Miguel Figueiredo evoca a época em que foi Vice-Presidente do Conselho Diretivo e como a “responsabilidade e o compromisso” foram as grandes bases para este cargo. O “rigor” é um dos grandes combustíveis de Figueiredo, é aqui que a exatidão matemática surge na sua personalidade. Matematicamente falando “podemos dizer que dois mais dois são quatro”, mas na metodologia da advocacia é nos perguntado “quanto é que quer que seja”, Miguel gosta mais de “fazer as coisas por linhas direitas”. A Escola Superior de Educação divide-se em 40 salas e diversos departamentos que dão vida ao que de melhor se faz entre estas paredes retilíneas. Miguel Figueiredo é um dos membros do Departamento de Ciências e Tecnologias e foi naquela sala quadrada com uma janela praticamente até ao teto que recordou os últimos 37 anos. Quer ser recordado como “uma pessoa trabalhadora e responsável”. Agora a pouco tempo de se aposentar do seu grande ofício, o professor ao fim de quase quatro décadas a percorrer os corredores da ESE, faz um balanço positivo a “maior parte dos dias são bons, muito bons”. Prestes a cair “a noite, o Sol fica cá dentro”, olhando para o filme da sua vida, “valeu muito a pena estar aqui”.