“A ESE é um espaço de encontros”
A música sempre esteve presente na vida do professor António Vasconcelos. Desde muito novo que se lembra da banda filarmónica da vila onde é natural, Vagos. “Via pessoas que eu conhecia a tocarem e a irem passear”. A ligação com a música surge de uma maneira natural e foi algo que nasceu com o docente, pois ninguém da sua família tem ligação com as melodias. Os seus pais e os seus irmãos relembram que, desde pequeno, o professor passava o dia inteiro a cantar. “O meu irmão até tinha vergonha de ir comigo para a escola [risos]”. // A decisão de se tornar docente surge numa altura onde decide trabalhar para poder arranjar dinheiro suficiente para continuar os estudos e concluir as qualificações necessárias. Relata que um dos seus maiores prazeres enquanto professor é a adaptabilidade e a possibilidade de poder trabalhar com as gerações mais novas. // É através do ensino musical que o seu lado “indisciplinado”, usando a música como principal fonte para demonstrar essa faceta, ensinando aos seus alunos que vão atividades para além das quatro paredes de uma sala de aula. Sente que, por ser uma pessoa ligada às artes, pode sempre fazer a diferença e transformar as suas aulas, cumprindo certas normas que são pedidas, mas adaptando-se sempre àquilo que acha melhor para os seus estudantes. “Enquanto pessoa ligada às artes, pude modificar, pelo menos um pouquinho, a escola”. // Chega à Escola Superior de Educação em 1997, vindo de uma instituição profissional de música, em Almada numa altura onde a ESE era vista como uma referência nacional e lamenta que, atualmente, já não seja assim, mas esse foi o motivo que o fez chegar ao Instituto Politécnico de Setúbal. “A escola era muito conhecida a nível nacional pela inovação no que diz respeito à formação de professores”. António Vasconcelos lamenta a Escola Superior de Educação ser apenas um lugar de estudo, onde não há convivência extracurricular e as aulas são sempre muito teóricas. Quando questionado sobre a definição da instituição, defende que “a ESE é um lugar de encontros”, mas estes têm de ser renovados e incentivados, tanto pelos alunos, como pelo pessoal docente e não docente. // Desde muito novo, sempre foi um apaixonado pela música, adaptando-se às gerações mais novas, aprendendo e rejuvenescendo-se. Gosta de ensinar aos seus estudantes das mais variadas e diferentes formas, contribuindo para que algo os possa mudar. É uma pessoa que vive pela arte, tentando construir um futuro melhor e levando a profissão de docente com uma filosofia para o seu trabalho: “conseguir criar condições para cada uma das pessoas com que nós trabalhamos possa encontrar sentido nas suas coisas”.