“Era um projeto da escola que senti que tínhamos de fazer parte”
A arquitetura era o principal objetivo do professor João Paulo Amaral, mas com as adversidades que a vida colocou, o seu destino foi influenciado pela sua companheira, “A minha namorada chegou-me com um papel e disse que ia abrir uma Escola de Educação em Setúbal”. // Na altura da sua maioridade, o serviço militar ainda era obrigatório. Para além disso, entrou no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, em Electrónica e Comunicações, algo que se arrependeu, trocando de curso. Isto fez com que perdesse a bolsa da Gulbenkian que havia recebido quando ainda estava no nono ano. Com a impossibilidade de seguir o seu grande sonho, a vida apresentou ao professor João Amaral o que lhe estaria reservado até aos dias de hoje. // Quando chega à ESE integra o Bacharelado em Ensino do 1º ciclo do Ensino Básico, ainda nos antigos barracões pré-fabricados que, atualmente, alojam o Instituto do Emprego e Formação Profissional, “Precisava de mudar de curso o mais rápido possível, como era em Setúbal, mudei”. // Nesta fase da sua vida sente que tem de dar voz aos alunos da sua escola. Lidera a Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação, talvez esta competência tenha sido desenvolvida quando prestou serviço militar, e comandou a equipa para dar voz às duas turmas pertencentes à instituição. “Era um projeto da escola que senti que tínhamos de fazer parte”. O sucesso foi tanto que as coligações com a Escola de Tecnologia não demoraram a aparecer, mas foram prontamente rejeitadas, tal como as ofertas partidárias, “Fui sondado por quase todos, desde a extrema-esquerda, até ao CDS”. // Sente-se orgulhoso daquilo que fez pela ESE e pelos alunos que por lá passaram enquanto presidia a Associação de Estudantes, das bolsas que conseguiu para os mesmos, das ações que tomou enquanto representante do projeto e de ter levado a filha a ver o seu nome escrito “naquela paisagem imensa” que destaca as pessoas mais importantes na história da escola. // Enquanto estudou no Politécnico de Setúbal, não consegue escolher uma memória que sobressaia entre tantas que tem, pois, todos os dias que se passaram foram únicos. Na sua “casa”, que era como uma família, menciona vários nomes, alguns deles, ainda tem relação, mas destaca um, José Victor Adragão, “Foi, fundamentalmente, um amigo, mas também um pai”. // Um professor que podia ter sido, arquiteto, deputado ou capitão, mas decidiu escolher algo que nem nos seus sonhos tinha pensado. Continua sem se arrepender do papel e do conselho que a sua namorada lhe deu, pois foi na Escola Superior de Educação que teve a oportunidade de arquitetar uma nova ambição e chefiar outro tipo de tropas.