“A verdade é que eu amo, eu adoro ser professora”
“Nunca”, é a resposta dada por Luísa Ramos de Carvalho ao ser questionada sobre se a docência sempre foi um possível caminho a seguir no seu percurso profissional, mas quis o destino que este passasse pelos corredores da Escola Superior de Educação, no Instituto Politécnico de Setúbal. Natural de Coimbra e Psicóloga Clínica de formação, pela Universidade de Lisboa, chegou à ESE “por convite” em 1989, a instituição a que sempre se refere como “um sítio onde fui feliz”, onde sente que a possibilidade que lhe foi concedida de “marcar todo um conjunto de gerações” a reconforta. A professora, “uma pessoa de causas”, enquanto membro da comissão que analisa os estatutos de estudante com necessidades educativas especiais, debate-se com aquele que acredita ser um dos maiores desafios na educação “a inclusão”, reforçando que “há muita rejeição” para com aos alunos portadores de deficiência. Defende a visão de uma escola acessível a todos, “em que diferenciamos os percursos de aprendizagem conforme os obstáculos que o aluno tem à aprendizagem”. Acredita que o facto de ser formada em psicologia foi “um fator facilitador e um obstáculo” na sua prestação enquanto docente, mas que o auxílio das colegas foi crucial no seu desenvolvimento, “por isso que eu digo que aprendi com muitas colegas na escola”. Quando se gosta do que se faz, os resultados são notórios, e com Luísa Carvalho, não é diferente “A verdade é que eu amo, eu adoro ser professora”. Considera que o valor que dá ao “fator motivação” tem um impacto significativo nas suas aulas e na forma como os jovens as encaram, tentando atrair e alertá-los para algumas temáticas que considera importantes, “O fator que os meus alunos me devolvem é que são aulas onde são ouvidos” e preparando-os no sentido de adquirirem competências a nível pessoal, “e por isso sou uma professora que muitas vezes os alunos ficam no final da aula a conversar, porque gostam de conversar comigo de pessoa para pessoa”. Fazendo uma retrospectiva sobre os anos que tem passado na escola setubalense, Luísa Carvalho afirma que as recordações que leva consigo são, “as pessoas, sejam professores, funcionários ou alunos, acho que as vivências pessoais, as trocas pessoais, que nos marcam”, definindo este espaço que a tem feito feliz como “Transformação. Porque a ESE é um polo transformador, das pessoas, das comunidades, das instituições”. A docente caracteriza-se como alguém que não é “muito focada no ser lembrada. Eu sou mais focada no ser vivida”, acreditando que o seu percurso marcou-se pela diferença, “sou importante na ESE enquanto estou na ESE, e quando me for embora da ESE, acho que o que fica de mim é o que fica dentro das pessoas”.