A importância da liderança para transformar realidades educativas
De sorriso contagiante, e de alma cheia, Albertina Palma, Ex Presidente do Conselho Diretivo da Escola Superior de Educação, e Ex Vice-Presidente do Instituto Politécnico de Setúbal, abriu o coração para relembrar a sua passagem por uma casa que a marcou muito “Eu dei aqui o meu melhor e passei aqui momentos inesquecíveis”. Presenciou o pós 25 de Abril enquanto professora, no ensino preparatório, viveu intensamente as transformações trazidas pela Revolução dos Cravos, que foram “brutais” no sistema educativo em Portugal “Um período espetacular de inovação”. O primeiro sonho não era ser docente, mas sim conhecer o mundo, então envergou pela Licenciatura em Filologia Germânica “porque eu queria as línguas, queria viajar”. As circunstâncias da vida e a falta de opções profissionais na época levaram a que optasse pelo ensino “Para mim, ir dar aulas era um verdadeiro horror”, relembrou este momento com um sorriso rasgado. Albertina Palma dividiu a lecionação, com o cargo na Presidência no Conselho Diretivo da Escola Luísa Todi, enfrentou várias alterações na educação, algumas bastante desafiadoras “Introduzimos um sistema de avaliação que foi muito difícil para os professores”. Em 1986, ingressou na ESE, onde teve um papel crucial no desenvolvimento de cursos e na gestão da instituição. Foi nomeada Presidente do Conselho Diretivo em 2002, viveu vários momentos desafiadores, o mais difícil foi o da implementação das propinas, que gerou grande oposição por parte dos estudantes “Custou-me imenso ter que defender algo com o qual eu não concordava”. Além das funções administrativas como Vice-Presidente do IPS (2006-2013), coordenou ainda o processo de Bolonha, que trouxe profundas alterações nas estruturas das Licenciaturas. Com uma capacidade de conseguir mudar todos os cidadãos que estão à sua volta, a sua passagem na presidência da escola, trouxe novas capacidades “eu acho que as maiores competências que eu desenvolvi foi de liderança e de relacionamento com as pessoas”. Saiu em 2013 do Instituto, voltando depois em 2015 como Provedora do Estudante, encarou este desafio com a vontade que lhe é característica “não sei o que vou fazer, não sei fazer isto, não faço ideia, mas eu vou”. Albertina Palma, um exemplo de dedicação e coragem, ao longo da sua carreira, mostrou que é possível transformar realidades através do ensino. Hoje, olhando para o futuro da ESE, expressa certa preocupação com a falta de participação da comunidade académica, mas acredita que o legado da instituição, construído ao longo de quatro décadas, ainda terá impacto no desenvolvimento da educação em Portugal.