“Sem cultura, não existe uma nação, e sem nação, não existe uma identidade”
Há lugares onde o tempo se perpetua, onde a cultura respira por entre os corredores e o silêncio das páginas guardadas. Neste espaço, Patrícia Simões encontra a sua essência. Entrou para a Escola Superior de Educação em 2005, para a licenciatura em “Promoção Artística e Património” , um curso que já não existe, e em 2008 licenciou-se. Usa a palavra “Família” para descrever a instituição, porque ali encontrou não só o conhecimento, mas também a acessibilidade para o mercado de trabalho, “a ESE prepara-nos muito bem para trabalhar”, de experiências partilhadas e ligações pessoais. Chamar a escola de família não é exagero, é uma verdade que pulsa no coração de quem por lá passou. Mais do que um edifício ou uma instituição, foi casa. Um espaço onde nasceram histórias e se criaram raízes, e onde a felicidade encontrou formas únicas de se expressar. Hoje, entre câmeras digitais e arquivos históricos, a ex-aluna preserva um pouco da alma de Setúbal. A cada fotografia do Arquivo Américo Ribeiro que digitaliza, a cada história que resgata na Casa do Bocage, a sua paixão pelo património cultural aumenta. No entanto, quando fala da cultura realça a falta de “vontade” da sociedade em contribuir para este meio, mesmo que existam várias iniciativas para combater o problema “estamos a caminhar a passos largos”. Há ainda quem passe pela Casa do Bocage apenas para tirar uma fotografia, sem entrar ou explorar o seu conteúdo. Este comportamento revela a necessidade de uma maior consciencialização sobre a relevância da cultura no nosso quotidiano e na construção da identidade coletiva. Considera que é claro que o investimento nesta área não é apenas uma questão de lazer, mas de preservação daquilo que nos define como nação “sem cultura, não existe uma nação e sem nação, não existe uma identidade”. Entre a escassez de recursos e os desafios diários, sonha com um espaço que albergue ainda mais histórias, mais imagens, mais vida “Um espaço maior, por exemplo, o Arquivo Américo Ribeiro está aqui porque não existia outro espaço na Câmara com as condições ideais para ter a coleção”. Ao olhar para trás, com emoção e lágrimas que só carregam a doçura da saudade, fica a certeza de que as escolhas foram as certas, porque o caminho trouxe mais do que realizações: “sou mais do que feliz”. Ser feliz é olhar para o passado com carinho, para o presente com orgulho, e para o futuro com esperança. E no fundo, é isso que a cultura e a educação nos ensinam: que somos feitos das histórias que vivemos, das pessoas que encontramos, e das memórias que guardamos. A ESE será sempre uma dessas memórias bonitas, que merece ser contada, com sorrisos, lágrimas e um coração cheio.