37 anos a contar histórias

37 anos a contar histórias

37 anos a contar histórias

Ser sobretudo boa pessoa, para além do nome

Era uma vez, uma escola “diferente” no panorama educativo e formativo em Portugal que já teve quatro espaços diferentes, e Ana Pessoa fez parte de cada um deles, desde o Palácio de Fryxell até ao que, atualmente, chamamos de Escola Superior de Educação. Reflete sobre a longa carreira, que começou no dia um de março de 1987 até ao passado ano letivo, quase 40 anos de um projeto que foi a sua vida, “Para mim é uma questão de gosto antes de ser uma questão teórica” e “como digo gosto de dar aulas”. O seu percurso académico passou pela licenciatura em História em 1980,  mestrado e doutoramento em História da Educação, em 2000 e 2006, respetivamente, sendo a Universidade de Lisboa o espaço escolhido para o crescente conhecimento. Tornou-se assim a professora mais antiga na sua categoria, que além de história e línguas, lecionou por volta de 15 unidades curriculares, todas elas de áreas diferentes, porque como diz “sei um bocadinho de cada coisa, não sabendo muito de nada, eu gosto dos cursos de banda larga” que apresentam várias visões sobre o mundo. Desde Presidente da Assembleia de Representantes, do Conselho Pedagógico e Vice-Presidente do Conselho Científico, o cargo mais significativo foi de coordenadora de curso, “aquele que dá mais trabalho e tem menos reconhecimento”, mas recompensador pelas pessoas e profissionais que viu crescer e que hoje se orgulha. Foi a segunda coordenadora do curso de Comunicação Social, depois de Regina Marques, sua fundadora. A lisboeta com raízes transmontanas, procurou “sempre que possível ajudar todos os estudantes” e ser a ponte entre as duas margens, os professores e os alunos. Em cada função, defendeu a sua liberdade “nunca deixei nas mãos de outros” e procurou sempre fazer diferente, apresentar a história “a partir de baixo, nunca a partir dos reis, mas sim a partir dos trabalhadores”, o que demonstra muito do seu caráter. Descreve a ESE como um ensino superior de “qualidade”, que “abana” e prepara os alunos, durante três anos, para aquilo que os espera fora daquelas portas. Recentemente reformada, acredita ter “saído na melhor altura”, devido às várias alterações no ensino, e vê como uma “tarefa” concluída que “fiz muito bem-disposta e estou realizada”. O sentimento é de gratidão por ter contribuído “para aquilo que pensávamos que devia ser a ESE” e isso “é uma coisa que ninguém me pode tirar”, presente desde quando a biblioteca era no sótão, com 50 livros no chão. Ana Pessoa, com 67 anos, deixa o seu legado na escola, “sempre com o espírito de curiosidade científica, de investigação, teoria e de sobretudo ser boa pessoa”, crendo ser lembrada pelo seu nome a bem ou a mal. Pondo a vida pessoal à frente da profissional, organiza agora o seu tempo entre o “vício” pela leitura, gosto por passear, aprender música e fazer tricô. Vê o futuro como incerto, mas sempre empenhada em ser feliz, solidária e a aproveitar aquilo que esta nova fase tem para lhe dar, tranquilizando “estou bem, estou bem com a vida”.

Partilhe esta notícia
- PUB -

Notícias Relacionadas

- PUB -
- PUB -

Apoie O SETUBALENSE e o Jornalismo rumo a um futuro mais sustentado

Assine o jornal ou compre conteúdos avulsos. Oferecemos os seus primeiros 3 euros para gastar!

Quer receber aviso de novas notícias? Sim Não