Timbre Seixalense, 172 anos ao serviço da democratização da cultura

Timbre Seixalense, 172 anos ao serviço da democratização da cultura

Timbre Seixalense, 172 anos ao serviço da democratização da cultura

168.º aniversario da Sociedade Filarmonica Democrática Timbre Seixalense

O espírito democrático decorre-lhe já do nome, que tem respeitado ao longo de décadas

 

A Sociedade Filarmónica Timbre Seixalense, que fez no dia 18 de Abril, 172 anos de existência, é a instituição de cultura e recreio mais velha do concelho do Seixal.
“Acredito que a nossa sociedade oferece um verdadeiro serviço público, tanto à comunidade como ao país”, afirmou a O SETUBALENSE, Jacinto Sado, presidente da Timbre e músico da sua banda filarmónica.

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Já teve teatro e várias secções desportivas. Hoje, porém, todos os seus esforços se consagram à banda e à escola de música. Frequentada por 20 jovens, a Escola de Música da Timbre é o “grande suporte” da banda filarmónica. A frequência é gratuita, sendo que a sociedade disponibiliza também os instrumentos, os consumíveis que estes exigem e os manuais. “Os alunos não têm que pagar seja o que for”, saliente o presidente da colectividade.

André Santos, Rodrigo Azevedo, José Miguéis e Ângelo Borges são os professores da escola, que tem como coordenador este último. Álvaro Jorge de Azevedo acumula as funções de professor com as de maestro da filarmónica.

A música é a sua força

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Quando se fala na vida de uma colectividade, “devemos compreender que não são instituições estanques, que dependem das pessoas, e, como tudo na vida, têm os seus altos e baixos. Por vezes, parece-nos que tudo corre mal; outras, temos a sensações que as coisas vão bem. São ciclos, e não há grande volta a dar. O movimento associativo é assim mesmo”, sublinha Jacinto Sado.

Se é certo que o Movimento Associativo atravessa momentos pouco fáceis, “a verdade é que temos a felicidade de ter uma Câmara e uma Junta de Freguesia voltadas para a cultura e o associativismo, parceiros absolutamente indispensáveis à nossa sustentabilidade”, reconhece o presidente da Timbre. “Por exemplo, é a Câmara que nos dá os instrumentos e a farda para os elementos da banda, o que representa muitos milhares de euros consagrados em contrato-programa. Trata-se de um investimento público bem orientado e do qual beneficiam também as outras colectividades do concelho. A nós, direcção, compete gerir os recursos o melhor possível e procurar do pouco fazer muito. O que, diga-se a propósito, temos conseguido”.

Jacinto Sado lembra que a “Timbre tem-se distinguido por se colocar sempre do lado dos que têm pouco ou nenhum acesso à cultura. Por isso, foi a primeira colectividade a ter uma biblioteca, em 1938, e a disponibilizá-la a todos. A Timbre está empenhada, como sempre esteve desde a sua fundação, na democratização da cultura, que procura fazer chegar a um público cada vez mais vasto. Toda a sua actividade orienta-se para o povo, para as pessoas. Por isso nos é caro o apoio da Câmara e da Junta, para correspondermos, como até aqui, ao que de nós esperam”.

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Europa divide o Seixal entre “prussianos” e “franceses”

Recorremos uma vez mais à “História do Concelho do Seixal – Elementos para a história das colectividades”, de António Nabais, para ler: “Como reflexo do movimento musical iniciado com as bandas militares surgiu no Seixal, no ano de 1848, a Sociedade Timbre Seixalense, cuja filarmónica, constituída por operários da construção naval e superiormente orientada pelo padre seixalense José Joaquim Alves, se apresentou em público pela primeira vez em 23 de Abril desse ano”.

Em 1870, em plena guerra franco-prussiana, uma proposta de novos estatutos, que foi liminarmente recusada pela parte mais conservadora da colectividade. Os ânimos incendiaram-se, as discussões rebentaram e os proponentes demitiram-se para fundarem a sociedade nova, ou seja, a Sociedade Filarmónica União Seixalense. Esta passou a ser conhecida por “Os Prussianos”, a outra por “Os Franceses”, a primeira “progressista”, a segunda “regeneradora. Dizia-se que era a “música nova” contra a “música velha”.
“Em, 1985, estando no poder os “Regeneradores”, os seixalenses da ‘Música Velha’ sofreram o desgosto de ver o seu partido político extinguir o Concelho do Seixal, que foi restabelecido pelos ‘Progressistas’ em 1998, isto é, pelo partido político da ‘Música Nova’ que assim conseguiu uma dupla e retumbante vitória sobre a sua antagonista.”, conta-nos Antónia Nabais.

Em 1938, a Timbre recebeu do governo o Grau de Cavaleiro da Ordem de Benemerência. Entretanto, a Câmara do Seixal e a Federação das Colectividades de Cultura e Recreio também distinguiram a associação com medalhas de ouro.

Por José Augusto

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