Humanitária: Da dissidência nasceu uma colectividade que anda a “ritmo acelerado”

Humanitária: Da dissidência nasceu uma colectividade que anda a “ritmo acelerado”

Humanitária: Da dissidência nasceu uma colectividade que anda a “ritmo acelerado”

A Humanitária nasceu de uma disputa política, criando uma rivalidade que ainda existe, mesmo que em menor escala

 

Foi entre divergências, rupturas e dissidências que nasceu a 8 de Outubro de 1864 a Sociedade Filarmónica Humanitária, em Palmela. Fundada por pessoas que anteriormente pertenciam à Sociedade Filarmónica Palmelense “Loureiros” (na altura popularmente chamada “Sociedade dos Morgados”), começou por ser também “Independente”, palavra que se encontrava no nome da colectividade.

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Através de um grupo de músicos – Francisco José Pardelha, Feliciano Marques Guerreiro, Francisco Miguel Fernandes e José Ferreira Sardinha -, reunidos em casa de Isidoro Joaquim dos Santos, surgiu a então Sociedade Filarmónica Independente e Humanitária.

Na base da cisão esteve uma disputa de opiniões políticas, no seio da então Sociedade Filarmónica Palmelense, com alguns elementos a não concordarem com a actuação da banda na recepção a um candidato a deputado que estava de visita ao concelho.

Definidas então as separações, a primeira saída à rua da banda da Sociedade Filarmónica acontece logo a 1 de Novembro, sob as ordens de Inácio dos Santos Martins, também criador do hino da colectividade.

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Inácio dos Santos Martins era um músico de prestígio, maestro e contramestre da Banda de Caçadores n.º 1 de Setúbal. Tal aquisição foi possível porque, naquela altura, o apoio da burguesia rural era considerável, o que não acontecia em lugares menos abastados.

Coretos, sedes e rosa caiada

A Sociedade Filarmónica Humanitária já esteve sediada no actual Largo Marquês de Pombal, em Palmela, e o primeiro coreto foi construído ainda no século XIX (por volta de 1890), à entrada da vila. O segundo coreto, que ainda está hoje no Largo de São João, foi inaugurado a 3 de Agosto de 1924.

Caiada de rosa foi a que é referida como “sede antiga”, na Rua General Amílcar Mota, e actualmente a colectividade está bem presente em Palmela, na Av. Dr Juiz José Celestino Ataz Godinho de Matos.

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Inaugurada precisamente um século após a fundação, em 8 de Outubro 1964, é ainda neste espaço que se assistem a vários espectáculos e se dança nas inúmeras festas organizadas pela Humanitária.

Sócios a crescer e rivalidade que vai no terceiro século, mas a esbater-se

Declarada instituição de utilidade pública em 1993, a Sociedade Filarmónica Humanitária conta hoje com 1700 participantes em todas as actividades, tendo ainda “cerca de 2000 sócios pagantes, um número que está a crescer”, disse a O SETUBALENSE Tiago Costa, presidente da direcção.

Da colectividade Tiago Costa tem como primeiras memórias as idas à revista “Esta Noite é Nossa”, à qual ia “várias vezes com os avós, sempre na mesma mesa”. “Foi há vinte anos, a casa estava sempre esgotada e deve ter estado em cena cerca de um ano e meio”, disse entre risos.

Sobre a sociedade é claro ao dizer que “a Humanitária é, essencialmente, a soma das pessoas” que por lá têm passado. “A colectividade, por si, não é grande coisa. As pessoas é que a tornam viva e a fazem andar para a frente. E temos andado a um ritmo bastante acelerado”, frisou.

Algo que o presidente da sociedade também não nega é a rivalidade que ficou, desde o século XIX, quando surge a Humanitária, com a Sociedade Filarmónica Palmelense, atualmente também com o nome “Loureiros”.

“A rivalidade vem dessa altura (Séc. XIX) e já foi mais séria e sentida. Agora é mais saudável porque com as gerações foi-se esbatendo. Antigamente, e isto nas pessoas mais velhas ainda é verdade, existem pessoas dos Loureiros que não entram na Humanitária e pessoas da Humanitária que não entram nos Loureiros. Mas nas novas direcções, até porque isto é um meio pequeno, somos todos amigos, não há espaço para grandes zangas”, esclarece.

Além de actividades como a Banda de Música, o Coro, a Escola de Flamenco e Sevilhas, a Escola de Ballet ou a Escola de Música, a Sociedade Filarmónica Humanitária tem a particularidade de ter a gestão e tutela do Conservatório de Música (Conservatório Regional de Palmela), que já conta com mais de 15 anos de existência.

BI

Nome: Sociedade Filarmónica Humanitária
Nome por que também é conhecida: Humanitária
Data de Fundação: 8 de Outubro de 1864 – 155 anos
Principais actividades: Banda, Coro, Escola de Flamenco e Sevilhanas, Escolas de Ballet, Escola de Música, tutela do Conservatório Regional de Palmela
Presidente actual: Tiago Costa

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