“Ninguém pode apagar o trabalho que foi feito está época”, diz o avançado sadino
O que representa para o clube e a cidade a passagem ao play-off de acesso à II Liga?
Depois de tudo o que envolveu a descida do Vitória para esta divisão e do trabalho que temos vindo a fazer, a passagem à segunda fase representa muita confiança e esperança para os setubalenses e vitorianos de que o clube, num curto espaço de tempo, pode voltar à I Liga. Nós queremos muito, mas não quer dizer que isso vá acontecer. Trabalhamos todos os dias para que isso se torne realidade. Acredito que as pessoas estão felizes pelo que estamos a fazer pelo clube e pela cidade. Fizemos tudo muito bem para chegarmos a esta fase e estarmos entre os melhores. As pessoas veem uma luz ao fundo do túnel.
Ficaram surpreendidos com campanha realizada?
Foi uma época de muitas incertezas. A equipa não estava formada e não sabíamos quem vinha e quem ficava. Depois do início dos treinos, o grupo começou a ficar cada vez mais forte e coeso. Os meninos que subiram começaram a perceber um pouco o que era a grandeza do clube e começaram a adquirir experiência connosco. Aliado às vitórias alcançadas criámos uma dinâmica de união e ambição muito grandes. Esse foi o segredo de formarmos o grupo que temos. Mesmo que não consigamos subir de divisão, ninguém pode apagar o trabalho que foi feito está época. O grupo tem muitos meninos e é muito forte. Têm muita qualidade e demonstram um caráter muito grande.
Aos 34 anos foi decisivo em campo com os 16 golos apontados…
Independentemente das fases muito boas ou menos boas que tive na minha carreira, sempre tive confiança em mim. Quando aceitei o desafio de ficar no Vitória e ajudar o clube do meu coração soube logo que ia ter de dar tudo de mim. Voltei à posição de número 9 que me tornou muito conhecido nas camadas jovens e que me levou a ser transferido para o FC Porto.
Com ajuda da equipa as coisas foram-me correndo bem. Sempre fui um jogador de finalização fácil e com os golos todos os avançados ganham confiança. Quando não faço golo fico muito chateado comigo mesmo. A vontade de querer marcar em todos os jogos é porque quero deixar uma marca no meu clube, continuando a somar golos ao recorde que tenho desde a minha formação, ajudando-o a chegar o mais rápido possível à I Liga. Vou fazer tudo pelo meu Vitória, não posso deixar o clube do meu coração assim, por mais difícil que seja e complicado que esteja a ser não posso deixar cai-lo. Nem eu nem os outros jogadores mais velhos como o Semedo, o Nuno (Pinto), o Mano, o Mendy, o Bruno Luz e o próprio François que gosta muito do Vitória e regressou ao clube.
Tem ideia do número de golos que fez pelo Vitória?
Na formação são mais de 400. Desses 360 a 370 em jogos oficiais e mais de 100 em torneios. Na I Liga, como joguei a extremo muitos anos, era mais difícil fazer golos. Infelizmente o Vitória lutava para não descer de divisão e era normal que não houvesse tantas oportunidades para marcar. Além disso, também deixou-se de jogar com a táctica que estava habituado (4x4x2) e que jogamos agora.
Qual a sua meta esta época?
Não tenho olhado tanto para os jogadores do Campeonato de Portugal que estão próximos de mim. Tenho olhado, isso sim, para o Pedro Gonçalves e Seferovic, jogadores que têm muitos golos na I Liga. O meu objectivo é ser o melhor marcador de todas as competições em Portugal. Vejo todos os jogos da I e II Ligas para me ajudarem a elevar a fasquia e continuar com esta veia goleadora e de querer cada vez mais. É óbvio que quero marcar mais golos que eles, mas não quero com isto dizer que estou a torcer para não marcarem.
Qual o jovem jogador que se destaca no actual plantel e vai singrar no futebol?
Todos são importantes e têm qualidade, mas olhando para a equipa e para a época não posso deixar de referir o (Bruno) Ventura, o João Serrão, o (João) Valido e o Kamo Kamo. Além destes, temos tido azar com o Mathiola que está lesionado há muito tempo e também é um jogador fora do normal.
Qual a sua opinião do treinador Alexandre Santana?
O mister tem um toque especial na forma como gere a equipa. Não vejo nenhum jogador chateado com ele. É uma pessoa digna, íntegra e justa, tanto que deu oportunidade a todos de se estrearem. Já tive muitos bons treinadores e arrisco-me a dizer que, depois do mister (José) Couceiro que foi para mim uma espécie de pai no futebol, Alexandre Santana é dos melhores que já tive. A forma como consegue gerir a diferença entre os mais experientes, que às vezes não são tão tolerantes a algumas coisas, e os meninos é incrível. Requer muita sensibilidade e tem, com a equipa técnica, muito mérito pelo que está a acontecer.