Paulo Martins, 47 anos, já conquistou no passado título de campeão pelo Vitória B. Agora quer repetir o feito pela equipa principal.
Na época anterior fez parte da equipa técnica do Vitória liderada por José Pedro. O que o levou agora a aceitar o desafio de treinar o clube na 2.ª divisão distrital da AF Setúbal?
Era impossível dizer que não a este desafio. Todos os profissionais ambicionam chegar onde estou hoje, independentemente da divisão em que estamos. Para o Vitória estive sempre disponível e não ia virar agora a cara à luta. Foi fácil dizer que sim. É um projecto difícil, pelos ‘timings’ em que começámos, mas é ambicioso. Acho que tem tudo para correr bem.
O que é que os responsáveis do clube lhe pediram? Qual é o objetivo?
Excepto quando está na I Liga, o Vitória tem que lutar sempre para subir divisão, independentemente de estarmos onde estamos (2.ª distrital) ou na 2.ª Liga. Temos que saber onde estamos e para onde queremos ir. É essa a mentalidade de quem representa este clube: o Vitória tem que entrar sempre para ganhar os jogos todos e tem que entrar sempre para ficar em primeiro.
Foi fácil, num curto espaço de tempo, formar o plantel? Os jogadores aceitaram logo ingressar no clube?
O momento é este e sabemos que a oportunidade que nos é dada, tanto aos jogadores como à equipa técnica, se deve a isso. Os jogadores, assim que ouviram falar no Vitória, muitos deles disseram logo que sim, porque sabem que vão poder jogar no mítico estádio do Bonfim, porque sabem que vão ter uma massa associativa que os vai acompanhar sempre como se viu no jogo do fim-de-semana em que estiveram quase duas mil pessoas a ver um jogo de preparação (5-1 ao Botafogo). É algo que muitos destes jogadores nunca tinham vivido noutros clubes.
Como caracteriza o plantel que tem neste momento à sua disposição?
É ambicioso e os jogadores têm sido fantásticos no trabalho que temos feito. Vamos para a quarta semana de treino e já começam a assimilar coisas que nós, a equipa técnica, tentamos pôr no grupo. Entram focados no treino e procuram, como esponjas, adquirir o maior conhecimento para pôr em prática em prol do grupo de trabalho. Assim, é muito mais fácil.
De que forma irão os adversários encarar o Vitória nesta prova?
Treinei o Vitória B e aí já toda a gente nos queria ganhar. Agora, com a equipa principal, toda a gente vai dar o máximo para nos vencer. Da nossa parte, temos que respeitar isso e vamos respeitar cada adversário. Mas também sabemos que somos o Vitória e que tudo vamos fazer para ganhar os jogos.
Mais duas ou três peças para fechar plantel
Mesmo em campos carenciados e no escalão mais baixo do futebol, acredita que os vitorianos vão continuar ao lado da equipa, a começar já no jogo de domingo (15:30 horas) na casa do Samouquense?
Não tenho dúvidas. Nasci e fui criado nesta cidade e sei que a grande alma do Vitória Futebol Clube sempre foram os seus sócios. Tenho a certeza que com eles do lado de fora a apoiar-nos e nós dentro do campo, vamos alcançar coisas muito boas. Costumo dizer que nós somos a ponta da lança e eles são o resto. Temos que dignificar esta camisola, temos que correr por nós e correr por eles. Com o que aconteceu ao clube no final da época, muitos adeptos tiveram semanas em que, se calhar, não queriam falar com ninguém. São pessoas que vivem muito o clube e temos que estar preparados para representá-los dentro de campo da melhor maneira.
De que forma foi preparada a estreia de domingo no campeonato com o Samouquense?
Não é fácil. No entanto, como o Samouquense foi uma equipa que jogo na Taça da AFS aproveitámos para os observar.
Gostava de reforçar alguma posição no plantel ou está fechado?
Ainda estamos a observar alguns jogadores. Queremos mais duas ou três peças para fechar o plantel [n.d.r.: ontem o clube oficializou a contratação do defesa Odilon Júnior (ex- U. Montemor)]. Temos uma formação boa e temos que olhar também para ela. Se houver a possibilidade de começar a promover um ou dois ou três jogadores para a equipa principal, encaro isso com maior naturalidade.
Que mensagem gostaria de deixar aos vitorianos?
Gostaria de aproveitar para agradecer a todos aqueles que de várias maneiras me deram os parabéns no dia em que foi público que seria o treinador principal. Foram muitos e agradeço-lhes. De facto, a dimensão do Vitória é enorme e esse aspecto traz um acréscimo de responsabilidade.