4-3 no desempate por penáltis, após a igualdade 1-1 no tempo regulamentar e no prolongamento
O Vitória qualificou-se sábado para a quarta eliminatória da Taça de Portugal de futebol ao vencer no terreno do Leixões, por 4-3 no desempate nas grandes penalidades, após a igualdade 1-1 no tempo regulamentar e no prolongamento. O conjunto de Matosinhos, da II Liga, adiantou-se no marcador com um golo de Renato Soares, aos 26 minutos, mas os sadinos, do Campeonato de Portugal, empataram graças a um autogolo de Bright, aos 85.
O treinador José Pedro, que na antevisão ao jogo tinha afirmado que a sua “equipa tinha uma palavra a dizer na eliminatória”, não teve dúvidas em considerar no final dos 120 minutos e da marcação das grandes penalidades, que a chave do êxito esteve no “carácter e na crença” dos seus atletas que, aos 81 minutos, ficaram a jogar em superioridade numérica depois de Rafa ter visto o segundo cartão amarelo e ter sido expulso.
A primeira parte ficou marcada pelo erro fatal cometido por Lourenço Henriques, defesa que falhou um atraso para o guarda-redes Tiago Neto e ‘ofereceu’ a Renato Soares a oportunidade de colocar os leixonenses na frente do marcador (1-0). O guardião setubalense, de 19 anos, que voltou a assumir a ser o dono da baliza, tal como já tinha sucedido na ronda anterior da Taça, não conseguiu impedir que o adversário o ladeasse e atirasse para a baliza deserta.
Com um onze constituído por Tiago Neto, Joel Monteiro António Montez, Lourenço Henriques, Tiago Duque, Mauro Antunes, Diogo Sequeira, Caleb Carvalho, Gonçalo Maria, Flavinho e Zequinha, os vitorianos apresentaram um futebol apoiado em trocas de bola sucessivas, mas, num relvado em mau estado, executaram as suas acções de um modo lento, previsível, sendo muitas vezes presa fácil da organização defensiva da equipa local na primeira parte.
Já depois de José Pedro ter efectuado uma primeira alteração – Daniel Carvalho substituiu Flavinho aos 45+2 minutos –, o técnico voltou a refrescar o onze aos 69 minutos, lançando no jogo Tiago Nascimento e Ézio Pinto para os lugares de Diogo Sequeira e Gonçalo Maria, respectivamente. Mais do que a ida a jogo dos atletas vitorianos foi uma entrada de um elemento da equipa da casa que viria a ser determinante para mudar o rumo dos acontecimentos.
Aos 66 minutos, o timoneiro dos leixonenses, Pedro Ribeiro, prescindiu de André Simões e colocou no seu lugar Rafa, jogador a quem o árbitro Rui Lima exibiu o primeiro cartão amarelo seis minutos depois de ter entrado em campo. Aos 81, o atleta cometeu nova infracção e o juiz de Viana do Castelo não hesitou em adverti-lo pela segunda vez e expulsá-lo, deixando a sua equipa a jogar com menos uma unidade na recta final do encontro.
O Vitória soube tirar partido da situação de o oponente estar a jogar com 10 unidades para chegar ao empate na sequência de um lance de bola parada. Decorria o minuto 85 quando, após um pontapé de canto na esquerda, o lateral nigeriano Bright fez um desvio subtil de cabeça que surpreendeu toda a restante defesa do Leixões e o guarda-redes Ricardo Ribeiro, que não evitou que o jogo fosse para prolongamento.
Para o golo foi decisiva a acção do sadino Lourenço Henriques que no interior da área atacou a bola e foi decisivo no golo, que celebrou como se fosse seu, não escondendo a alegria depois da responsabilidade que tinha tido no golo que o Vitória tinha sofrido. Depois do 1-1, os sadinos dispuseram de várias oportunidades para marcar, mas o guardião do Leixões segurou o empate, levando o jogo para o prolongamento.
A jogar como menos uma unidade num terreno em mau estado, o Leixões enfrentou os 30 minutos já em défice físico ficando quase sempre acantonado no seu meio-campo defensivo, ao passo que o Vitória teve mais bola, não se expôs em demasia para tentar desempatar a partida que viria a ser defendia nas grandes penalidades, após os 120 minutos disputados no Estádio do Mar.
Mais eficazes da marca dos 11 metros
Da marca dos 11 metros, o Vitória foi mais eficaz e alcançou o objectivo de marcar presença na 4.ª eliminatória da prova. As grandes penalidades correram bem ao Vitória, que falhou apenas uma, por Daniel Carvalho, enquanto o Leixões desperdiçou duas, por Manuel Namora e Adriano Amorim, que não conseguiram desfeitear Tiago Neto, que viu a bola acertar no ferro da baliza em ambas as ocasiões.
Os marcadores de serviço dos sadinos, que ganharam 4-3 nos penáltis, foram Zequinha (capitão que se estreou a marcar na presente temporada), Mauro Antunes, Ézio Pinto e Joel Monteiro. No final, a equipa celebrou junto de cerca de uma centena de adeptos setubalenses que viajaram até Matosinhos para apoiar a equipa que, de forma efusiva, prolongou a festa no balneário do Estádio do Mar.
Apesar da diferença de escalões que há actualmente entre os dois clubes, o Vitória não se atemorizou e fez valer a tradição de levar sempre a melhor nas eliminatórias travadas com os leixonenses na prova rainha. Depois de 1942/43, 1956/57, 1961/62 e 1966/67, a temporada de 2023/24 entra para a histórica como a quinta ocasião em que os setubalenses bateram o pé ao conjunto nortenho.