Guerra de palavras ilustra divisão que se verifica actualmente entre os associados do emblema setubalense
O Vitória Futebol Clube atravessa actualmente o seu pior período em quase 110 anos de história. Depois de uma decisão administrativa ter levado os sadinos a tombarem da I Liga ao Campeonato de Portugal, o clube vive uma crise desportiva e financeira sem precedentes numa altura em que os sócios parecem mais divididos que nunca.
Além da direcção actual, liderada por Paulo Rodrigues, ter vencido as eleições de 18 de Outubro num acto em que 57% dos sócios tinha votado nas listas de Nuno Soares e Vítor Hugo Valente, contribui para a divisão dos vitorianos a troca de acusações a que se assistiu nos últimos dias entre a direcção actual e a cessante, que dirigiu o clube desde Janeiro de 2020.
Nos comunicados e nas cartas abertas emitidos nos últimos dias, a imagem do clube tem saído beliscada pela guerra de palavras entre a direcção de Paulo Rodrigues e a anterior, liderada por Paulo Gomes. O conflito subiu de tom quando na passada sexta-feira, em comunicado assinado por Paulo Rodrigues.
O texto assinado pelo presidente lamenta o estado em que encontraram o clube. “Na tarde de dia 20 de Outubro, foi-nos aberta a porta da SAD por volta das 14 horas e, seguindo o ditado popular ‘uma imagem vale mais que mil palavras’, preferimos não tecer comentários ao que encontrámos em duas das cinco salas existentes”, pode ler-se, com duas fotografias [entretanto retiradas do comunicado que está publicado desde sexta-feira da página oficial do clube] a ilustrar o caos encontrado.
Em carta aberta enviada pela direcção cessante ao nosso jornal é rejeitada liminarmente a acusação. “Colocar fotos de salas desactivadas e nunca utilizadas desde o mandato de Fernando Oliveira [presidente até dezembro de 2017], expondo o clube à chacota nacional, é um ato mesquinho, premeditado, e que em nada contribui para o crescimento do clube. E tinha tantas fotos dignas para colocar”, referem.
Através da exibição de fotografias de vários espaços que foram sujeitos a intervenção nos últimos meses, a direcção de Paulo Gomes, que esteve em funções desde Janeiro de 2020, dá exemplos do que fez nos últimos meses. “Deixamos aqui exemplos do trabalho feito nos wc’s, secretaria da formação, gabinete para a comunicação social e sala VIP de recepção às equipas adversárias e visionamento vídeo e iluminação do pavilhão. Poderíamos deixar ainda a nova sala de Bingo, o restaurante “O Ramila”, a sala de bar para pequenos-almoços, os balneários da formação, o novo sistema de aquecimento de águas, a colocação de painéis fotovoltaicos no pavilhão que permitiram reduzir a fatura de luz para metade, a remodelação dos balneários do campo n.º 2 para árbitros e treinadores, os arranjos exteriores do estádio, a nova Loja e a nova Gestão de Sócios que ficaram incompletas”, enumeraram.
Este é apenas um exemplo dos temas que têm contribuído para alimentar e prolongar a polémica no quotidiano do clube. Depois de na semana anterior dois ex-dirigentes terem sido acusados de entrar nas instalações do clube para sonegar informação, muitas foram as acusações e as refutações feitas de parte a parte, deixando transparecer o actual estado de coisas na vida do principal emblema desportivo da região, que foi durante décadas uma referência incontornável do desporto nacional.
Estreia na Taça amanhã com o Académico de Viseu
À margem de situações que em nada engradecem a história do Vitória FC, a componente desportiva tem sido relegada para segundo plano. Lembramos que amanhã, a equipa principal entra em acção na presente edição da Taça de Portugal com a recepção, no Estádio do Bonfim, a partir das 18 horas, ao Académico de Viseu, clube da II Liga.
O conjunto beirão chegar a Setúbal motivado pelo triunfo obtido sábado – o primeiro da temporada –, no Seixal, diante do Benfica B. Já o Vitória, clube que tem no seu palmarés a conquistas de três Taças de Portugal (1965, 1967 e 2005), chega à partida da 2.ª eliminatória depois de ter também no sábado cedido uma igualdade (1-1) em casa com o Esperança de Lagos, em jogo da 4.ª jornada da série H do Campeonato de Portugal.