Sandro despedido depois do empate com Marítimo

Sandro despedido depois do empate com Marítimo

Sandro despedido depois do empate com Marítimo

“O Vitória FC informa que decidiu prescindir dos serviços do treinador Sandro Mendes, desejando-lhe as melhores felicidades para o futuro”, escreveram os sadinos em comunicado

 

Menos de uma hora depois de o Vitória FC ter empatado (0-0), no Bonfim, com o Marítimo, em jogo da oitava jornada da I Liga, o treinador Sandro Mendes foi no sábado chamado ao gabinete da direção e despedido por Vítor Hugo Valente. A decisão foi tomada depois do nulo – o quinto em oito jornadas do campeonato – que reflecte uma partida de fraca qualidade dos dois conjuntos.

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Em relação ao jogo da Taça de Portugal – goleada 5-0 ao Águias do Moradal -, os sadinos, que mantiveram a titular o avançado Ghilas (autor de um hat-trick frente à equipa da 1.ª divisão distrital da Associação de Castelo Branco), apresentaram Makaridze, Sílvio, André Sousa, José Semedo e Mansilla como novidades no onze.

Já os madeirenses, depois de serem eliminados da prova rainha pelo Beira-Mar (5-4 nas grandes penalidades, após 2-2 nos 120 minutos), do Campeonato de Portugal, prescindiram de Rúben Ferreira, Bambock e Getterson, alinhando de início Fábio China, Pedro Pelágio e Luciano Nequecaur.

A primeira parte foi um suplício para quem esteve no Estádio do Bonfim. Em resultado do fraca qualidade de jogo apresentada o resultado ao intervalo não podia ser outro que não o nulo registado. Na primeira meia-hora, o mais próximo que houve de lances de perigo foram dois remates frouxos do sadino Carlinhos e do madeirense Luciano Nequecaur, que estiveram, aos 18 e 20 minutos, respetivamente, longe de deixar em sobressalto as defesas contrárias.

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No segundo tempo, o Marítimo entrou mais veloz e dinâmico e cedo ameaçou a baliza dos anfitriões. Aos 49 minutos, Makaridze lançou-se aos pés do japonês Daizen Maeda para evitar o golo que os forasteiros inaugurassem o marcador. Aos 54, repetiu-se o duelo com o guardião georgiano novamente a fazer a mancha ao avançado nipónico.

Foi na altura em que os adeptos sadinos já davam sinais de impaciência, que começaram com os assobios à substituição de Ghilas por Hachadi, que este último dispôs das melhores oportunidades para o Vitória de Setúbal marcar. Aos 74 e 82 minutos, o marroquino, em ambos os lances assistido por Berto, quase marcou para os vitorianos. No primeiro lance valeu uma defesa providencial de Amir Abedzadeh e no segundo a bola passou sobre a trave.

A derradeira oportunidade para desfazer o nulo pertenceu ao Marítimo que, aos 88 minutos, viu Correa, após cruzamento da esquerda, cabecear sobre a trave da baliza de Makaridze. No final do encontro, os adeptos setubalenses apuparam a equipa e exibiram lenços brancos à equipa que, apesar de ter somado a sexta jornada sem sofrer golos, apontou apenas um golo em oito rondas na I Liga, prova em que Sandro Mendes deixou de treinar o Vitória.

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Sandro Mendes: «Temos 8 pontos e o 5.º tem 12. Será que estamos assim tão mal?»

 

Instantes antes de ser despedido, o treinador Sandro Mendes tinha reagido, na sala de imprensa, ao empate e à posição que o Vitória ocupa na tabela.

“Foi um jogo difícil e disputado. A primeira parte foi dividida e, nalguns momentos, até mal jogada. Na segunda, o Vitória fez tudo para ganhar. Tivemos duas oportunidades claras, mas infelizmente não marcámos o golo que nos daria a vitória.

[Mais uma vez a equipa não marcou] Não é fácil fazer golos e criar oportunidades. Estaria mais preocupado se não criássemos oportunidades. Ninguém mais do que os jogadores quer marcar. Se calhar mexe com o psicológico dos jogadores, os sons que vêm da bancada.

[Assobios aquando da substituição de Ghilas] Sou de Setúbal e fiz aqui a minha carreira. Os adeptos são exigentes, mas há coisas que convém perceber. O Ghilas chegou tarde e a precisar de recuperar a forma. Não queremos ‘rebentar’ o jogador que já estava com algumas dificuldades.

Entendo que adeptos querem ganhar, mas não querem mais do que nós. Se houvesse união e não passassem tanta intranquilidade talvez estivéssemos melhor. Infelizmente, hoje não aconteceu isso. Temos de trabalhar, a entrega e dedicação foram enormes.

[Empate sabe a pouco? Sim, sabe. O Vitória fez tudo para ganhar o jogo. As duas grandes ocasiões de golos são nossas. Se pudesse ganhava os jogos todos. Temos oito pontos e o quinto classificado tem 12. Será que o Vitória está assim tão mal?”

 

Diego e Meyong orientaram treino

Os adjuntos Diego e Meyong, respectivamente, antigo guarda-redes e avançado do Vitória, orientaram domingo de manhã o treino do Vitória no Estádio do Bonfim. Entretanto, ao contrário do que chegou a ser noticiado, Acácio Santos, treinador adjunto que tem o 4.º nível e que, por isso, acompanhava Sandro Mendes no banco, também deixa o emblema sadino.

Entretanto, há ainda a dúvida sobre se Diego e Meyong vão assumir o comando da equipa vitoriana de forma interina, vão liderar os sadinos na deslocação ao terreno do Santa Clara, na próxima quinta-feira, a contar para a nona jornada do campeonato.

 

José Mourinho diz que «despedimento de Sandro foi uma injustiça»

 

José Mourinho, sem dúvida o adepto do Vitória FC mais mediático, foi categórico na hora de comentar a decisão da direcção em prescindir dos serviços de Sandro Mendes. Em declarações disponibilizadas através da sua assessoria de imprensa, o Special One lembrou que o técnico agora despedido tinha pegado na equipa numa altura difícil e que estava agora a fazer uma época dentro do expectável (duas vitórias, seis empates e duas derrotas nos jogos oficiais de 2019/20).

“É uma injustiça. O Sandro é um rapaz da cidade, que se formou no clube e que até foi vendido com um bom encaixe financeiro. Quando o Vitória estava num momento difícil foi chamado e salvou o clube da descida”, começou por dizer Mourinho, lembrando que, este ano, o técnico, “tendo em conta as saídas e a qualidade das entradas, estava a manter a equipa numa situação classificativa de acordo com o potencial que tem”.

«Já corriam rumores sobre a saída do Sandro»

Para José Mourinho, adepto confesso dos sadinos a decisão da direcção liderada por Vítor Hugo Valente não é uma surpresa. “No futebol já nada me surpreende. Mas Setúbal é uma cidade pequena e já corriam rumores sobre a saída do Sandro. Constava-se mesmo que não só estava preparada como, inclusivamente, já estava decidida a entrada de outro treinador ainda antes do afastamento dele. Pelos vistos não eram só rumores, era o que estava a acontecer. Mas no futebol, repito, nada me surpreende”, referiu.

«Parece que quase se esperava por uma não vitória para esta mudança»

O treinador, de 56 anos, considera que a saída de Sandro era apenas uma questão de tempo: “Parece que quase se esperava por uma não vitória para esta mudança”, disse, acrescentando ainda que, “enquanto vitoriano, independentemente de quem é o presidente, o treinador ou os jogadores, o que interessa é que o Vitória ganhe”.

José Mourinho considera que a saída de Sandro será difícil de digerir pelos adeptos do emblema sadino: “Naturalmente, como setubalense, tal como o Sandro, e pela maneira como sentimos o Vitória, fico triste com a saída dele e, sobretudo, pela forma como aconteceu”, afirma em alusão ao comunicado emitido pouco depois de o encontro com o Marítimo ter terminado.

“Foi despedido imediatamente a seguir a um jogo, ainda por cima um que, não tendo sido bom, esteve de acordo com o potencial da equipa. O Vitória não foi derrotado e o resultado mantém-no com os mesmos pontos de equipas do meio da tabela, muitas delas com um potencial muito superior”, conclui o Special One.

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