“Criticaram-me muitas vezes de forma falaciosa (…) Espero que os detractores possam agora apresentar soluções”, diz presidente cessante.
A Assembleia Geral de sexta-feira ficou marcada pela cessação de funções da direcção para que tinha sido reeleito em Março de 2023 e pelo consequente anúncio de eleições para os órgãos sociais. O que lhe apraz dizer neste momento?
Em primeiro lugar, espero que existam pessoas disponíveis nas próximas eleições da Vitória. Pelo que foi demonstrado nos últimos tempos, há a ideia de que há gente que quer assumir os destinos do clube. Espero que não sejam apenas meras intenções, mas situações reais porque, neste momento, está em causa a Vitória. Criticaram-me muitas vezes e fizeram-no de forma constante e falaciosa. Espero que os detractores, que estiveram nesta Assembleia mas não tiveram a coragem suficiente de vir tranquilizar os sócios, possam agora apresentar soluções.
Solução que a sua direcção afirmava ter no projecto imobiliário que estava em cima da mesa para os terrenos do Bonfim e que pretendiam apresentar e discutir num dos pontos da ordem de trabalhos.
A direcção e eu, enquanto presidente, tínhamos uma solução. Tentámos explicá-la aqui e na sessão de esclarecimento que fizemos dias antes, não só por mim mas também pelo presidente da Mesa da Assembleia Geral (David Mestre Leonardo). Não nos deixaram ir mais além porque uma série de demissões dos diretores do Vitória – não fui eu que me demiti – impediram-no de o fazermos.
E agora?
Porque sou do Vitória, sinto o Vitória e sofro pelo Vitória, quero acreditar, sinceramente, que o Vitória tem solução. Comigo tinha solução. A solução que tínhamos em mãos está disponível, se for essa a intenção, para quem quiser vir para o Vitória. Da minha parte, saio muito magoado, saio magoado não pelo Vitória, porque a instituição não merece mágoa, mas por muita gente que se diz Vitória, mas claramente não é Vitória.
Que razões encontra para explicar o facto de oito das 11 pessoas que faziam parte da sua direcção terem renunciado e feito perder o quórum, precipitando a sua saída?
Há pessoas que têm um ego gigante e que acham que estão acima do Vitória. Não compreendem que apesar de a direcção ser um órgão colegial, os presidentes têm, aqui e em qualquer clube, um poder de decisão. Se não fosse assim, não havia presidentes aqui nem em lado nenhum. Não valia a pena haver um presidente porque seríamos todos iguais e sem distinção entre os presidentes e directores. Aqui e em qualquer clube, quando é necessário decidir algo simples não se vai pedir autorização ou fazer uma reunião de direcção para tomar uma decisão. Os presidentes têm a sua autonomia, como eu também teria que a ter. Agora, por qualquer coisinha tem que se pedir autorização, por qualquer coisinha tem que se ir à reunião de direção? É incompreensível.
Esses egos eram evidenciados pelos dirigentes que se demitiram e fizeram cair a direcção?
Exactamente. Não de toda a gente, mas de algumas dessas pessoas que têm egos enormes, muito maiores que o Vitória e que não sei se são vitorianos. Ponho em causa que o sejam e, ainda assim, conseguiram, de alguma forma, fazer estas movimentações, precipitando o que veio a acontecer.
O que aconteceu desde a sessão de esclarecimento do passado dia 4? Acredita que desde aí alguns membros da direcção, que apresentaram a renúncia, cederam à pressão dos sócios que o contestam e ao projecto que apresentaram para o Bonfim?
Sinceramente, não consigo entender. Depois das demissões, acabei por fazer cooptações. É claro que no meio disto tudo, nas pressões todas que existiram, elementos que tínhamos cooptado também foram pressionados. Todas estas movimentações acabaram por originar o que aconteceu. Reitero que o Vitória e esta direcção tinham um projecto, um projeto credível, um projeto que dava garantias de que o Vitória tinha condições para sobreviver. O clube tem condições para continuar a ser o Vitória Futebol Clube. Espero que isso suceda e que todas estas pessoas que criaram isto, quer alguns membros da direcção e os Movimentos (“Pró Vitória” e “Vitória Sempre”) que andaram por aí, se mostrem agora.
Acha que vão surgir listas às eleições de 27 de Novembro?
O clube está muito mais apetecível. A dívida do Vitória agora já é uma dívida apetecível, porque o Vitória tem imobiliário. O clube não consegue sobreviver sem imobiliário. Se alguém tem uma proposta para o Vitória em que não seja necessário alienar o património, que venha, que apareça. Se isso tivesse acontecido teria saído logo. O que mais me custa é ter que alienar o património do Vitória. Condói-me que isso tenha de acontecer, mas também tenho a certeza, porque sou realista, que não há outra solução para salvar o Vitória e continuarmos a ser a ser o Vitória Futebol Clube. No entanto, quando isso acontecer não se pode fazer como antigamente em que se alienava e a dívida tornava-se maior. É alienar património para tirar a dívida do Vitória. Era o que nos propúnhamos fazer, mas não permitiram.
É desde 2020 presidente do Vitória. Tendo em conta o que aconteceu, pondera candidatar-se?
Dificilmente me irei recandidatar. Estarei disponível para colaborar com alguém da minha confiança ou elementos da direcção ou que estavam a ser cooptados que possam fazer uma lista para concorrer às eleições do Vitória. Estarei, de certeza, com essas pessoas para contribuir para o futuro do Vitória.