“Fica uma sensação agridoce porque gostaríamos de ter oferecido a Taça aos adeptos”, disse o treinador
O Vitória entrou melhor na final com o Amarante, mas o lance do 1-0 acaba por mudar o rumo do jogo. Concorda?
Entrámos bem no jogo e foi importante termos essa vontade e determinação. Depois desses primeiros 15 minutos, o Amarante conseguiu controlar alguns dos movimentos de ruptura que tínhamos conseguido criar até aí. Por um erro nosso, o adversário chegou ao golo. Tínhamos alertado que eram fortes nos lances em profundidade em que colocam a bola nas costas da nossa defesa. Cometemos um erro – não foi só um jogador que o fez nesse lance – e isso foi-nos fatal. A este nível, numa final de campeonato em que participam as melhores equipas, paga-se caro.
Antes desse golo, o Vitória teve uma ocasião de golo flagrante desperdiçada por Paulo Lima. A diferença esteve também na capacidade finalizadora das equipas?
O Amarante foi mais forte e a diferença de 3-0 no resultado final demonstra o que aconteceu nos 90 minutos. Não fomos capazes de contrariar uma equipa que sabíamos ser forte no plano individual. Não fizemos um bom jogo. Às vezes podemos não estar bem ofensivamente e estamos bem defensivamente e vice-versa. Nesta final, não conseguimos estar nem bem na defesa nem no ataque.
Que outras explicações encontra para o que aconteceu?
Não quero arranjar desculpas, mas o facto de não ter disponíveis jogadores que foram importantíssimos na temporada teve o seu peso. As limitações que tínhamos foram sendo notadas ao longo do jogo. Não termos marcado primeiro, quando o podíamos ter feito, podia ter mudado o rumo dos acontecimentos. Depois, no espaço de 10 minutos, sofremos dois golos. Em jogos a valer, não se pode cometer erros destes.
Se tivesse contado com Caleb (um dos elementos mais influentes do plantel) e Heliardo (melhor marcador), acredita que o jogo teria sido diferente?
O Caleb foi determinante na nossa caminhada até aqui e o Heliardo foi o nosso melhor marcador. Além destes, também não contámos com o Tuga que seria a alternativa a Heliardo no ataque. Tivemos de adaptar o Diogo Sequeira a avançado. O Catarino também vinha de lesão e o Joca, que também esteve três semanas parado, actuou 45 minutos porque estávamos a perder 2-0. O Marouca é médio e teve de jogar na frente. Tivemos o Daniel Carvalho, que foi um dos nossos jogadores mais utilizados, para termos alguém no banco com capacidade de ser uma arma a utilizar. Infelizmente, os 10 minutos em que sofremos os golos na primeira parte condicionaram-nos imenso ao ficarmos a perder por 2-0. Para os grandes jogos, todos os jogadores fazem falta e os que referenciei fizeram-no seguramente.
Último mês e meio ficou marcado por problemas no clube
A presença de cerca de sete mil vitorianos no Jamor foi decisiva para bater recorde de assistência em finais do Campeonato de Portugal (10.136). Que mensagem quer deixar neste momento aos adeptos?
Em relação ao recorde, só com a presença do Vitória na final do Campeonato de Portugal este poderia ser batido. Por muito respeito que tenho pelos outros clubes, só o Vitória o poderia fazer. O último mês e meio foi marcado por problemas no clube e a equipa deu sempre uma boa resposta: garantimos a Liga 3, que era o nosso principal objectivo, e viemos ao Jamor com o objectivo de oferecer este título aos adeptos. Não fomos capazes, mas nada mancha o que estes jogadores fizeram ao longo da temporada.
No final do jogo fica uma sensação agridoce?
Como já disse, defensiva e ofensivamente não estivemos ligados. Tivemos dificuldades na ligação com bola. As entradas do Joca, Daniel Carvalho e Tiago Nascimento na segunda parte, todos eles com muita qualidade técnica individual, mas não fomos capazes de entrar na discussão do jogo. Condicionámos mais o adversário, mas sem efeitos práticos. Não fica um sentimento agridoce porque garantimos esta época o principal objectivo que era a subida à Liga 3. No entanto, claro que ficamos com uma sensação agridoce porque gostaríamos de ter oferecido a Taça aos adeptos que nos acompanharam durante a temporada. Foi uma época muito positiva dentro das dificuldades que o Vitória tem. Estamos todos de parabéns e saímos todos valorizados, incluindo os meninos da formação que tiveram a oportunidade de se mostrar.