“Foi gratificante ver os jogadores correrem na minha direção para festejarem o golo” diz João Bailão que estava em campo apenas há dois minutos.
O Oriental Dragon deslocou-se na 10.ª jornada à Baixa da Banheira onde venceu por 1-0 com um golo marcado por Bruno Grou após assistência de João Bailão, que havia entrado em campo dois minutos antes.
A situação parece normal e não é caso virgem mas neste caso não é bem assim porque João Bailão, ex-jogador do Seixal, Vitória FC, Palmelense, Fabril, Barreirense, Alfarim e Almada, entre outros, actualmente com 35 anos, que já havia abandonado a carreira de futebolista para se dedicar às funções de treinador, cargo que exerce no clube como adjunto de David Maside.
Mas o que fez João Bailão regressar aos relvados como jogador no clube onde também é treinador, foi isso que procurámos saber – para além de outros pormenores, na conversa que tivemos.
Houve alguma razão especial para que isto tivesse acontecido?
Antes de mais quero dizer que foi com muito gosto que assumi a posição de adjunto do David Maside, alguém que conheço bem há muitos anos e por quem nutro muita amizade e gratidão. Enquanto adjunto tenho procurado dar suporte a todas as ideias que foram pensadas para a equipa, procurado trazer valor acrescentado com os meus pontos de vista, análises e interpretações, e ainda dar o meu cunho pessoal em inúmeras situações e responsabilidades que me têm sido delegadas. A situação de jogar tinha vindo a ser equacionada por nós já há algumas semanas, fruto de inúmeras circunstâncias, nomeadamente lesões, escassez de jogadores no mercado para certas posições e com determinadas características, aliado ao facto de sentirmos que poderia trazer experiência e algumas mais-valias em certos momentos do jogo. É um facto que com alguma regularidade já vinha integrando alguns exercícios em treino com a equipa e a resposta física ainda era positiva. Daí que tenhamos decidido em concordância com a estrutura diretiva considerar a possibilidade de ir a jogo. Já tinha jogado 25 minutos na semana anterior num jogo-treino com o Desp. Fabril e as circunstâncias ditaram que acabasse por entrar no jogo com o Banheirense para o campeonato.
Pouco depois de teres entrado fizeste uma assistência para o Bruno Grou que marcou o golo da vitória. Como descreves a situação?
Na verdade, foi precisamente na primeira vez que toquei na bola que tive a felicidade de contribuir com uma assistência para golo do Grou que, isolado, definiu muito bem o lance com o pé esquerdo que acabou por ser decisivo no desfecho do resultado. É uma situação pouco comum, mas que me fez sentir muitas coisas boas naquele momento por vários motivos: pela importância que esta vitória teria para nós, por me sentir ainda útil ao jogo dentro do campo, por ser uma situação há um tempo impensável, pelo gratificante que foi ter os meus jogadores a correrem na minha direção a festejar o golo e pela paixão que ainda tenho por jogar futebol.
Daqui para a frente existe a possibilidade continuares a dar a tua colaboração à equipa na qualidade de jogador?
A ideia baseia-se apenas e só em ajudar a equipa caso seja necessário, e quando assim for estarei pronto para o fazer. O propósito é continuar a potencializar o talento que existe no nosso plantel, que é muito, e fazer aqueles meninos crescer para que continuem a evoluir e assim alimentar os seus sonhos e ambições. Se a minha experiência enquanto “jogador” ajudar a estes propósitos, então poderá continuar a haver esta colaboração enquanto jogador.
Nesta altura do campeonato o Oriental Dragon está em 10.º lugar com 14 pontos. Qual o balanço que se pode fazer da carreira da equipa até ao momento?
Trata-se de um campeonato bastante competitivo, particularmente esta época, em que todas as equipas podem perder pontos com qualquer outra equipa. Na minha análise, a classificação atual não espelha a qualidade e os processos do futebol que temos praticado, mas na verdade contam os golos e os resultados e nesse campo não há análises que valham, há só o pragmatismo das contas. É certo que as equipas ainda estão muito próximas e uma série de algumas vitórias consecutivas pode catapultar qualquer equipa para uma situação de liderança ou próxima disso. Por outro lado, do ponto de vista de evolução individual, temos conseguido que os nossos jogadores sejam seguidos por clubes de divisões superiores, inclusivamente tenham recebido propostas, é importante a experiência que têm adquirido neste campeonato competitivo para continuarem o seu processo evolutivo. Importa-nos também a solidificação que tem sido conseguida particularmente com os jogadores chineses, que têm muita qualidade individual e muita margem de progressão.
Que se pode esperar da equipa até ao fim do campeonato?
Muita ambição, vontade de jogar bem mas também capacidade para traduzir em pontos aquilo que é a real competência individual e coletiva desta equipa. Estou convicto de que iremos certamente aproximarmo-nos dos lugares cimeiros do campeonato e continuar a ser fiéis aos nossos princípios coletivos baseados num futebol atrativo com um grupo forte e solidário.