Dificuldades causadas pela pandemia obrigam os responsáveis a alterar a estratégia mas a equipa promete lutar por lugares cimeiros.
Luís Cruz, responsável pela secção de atletismo do Vitória, admitiu a O SETUBALENSE que as consequências económicas da pandemia vieram complicar a vida da secção, que face aos poucos apoios vê-se obrigada a rever a estratégia para a época que se aproxima.
“A crise afeta toda a gente e o Vitória vive da bilheteira e do bingo. Com a interrupção pela covid-19, o futebol profissional foi afetado e esta situação de nos quererem despromover ainda piora, porque acaba-se o dinheiro da televisão e muitos dos apoios. Quanto ao atletismo, eu sempre tentei ajudar com dinheiro através da minha empresa e na angariação de patrocínios. A Propriedade Aberta e a Multiauto Renault são os maiores apoios, mas nós recebemos cerca de 3.500 euros para um orçamento de 17.000. Tudo o resto acabo por ser eu a colocar, exceto algum dinheiro que ganhámos em provas”, afirmou o seccionista, que espera que empresas locais possam apoiar a equipa. “Não quero abandonar o Vitória, onde estou há 39 anos, e vou sempre apoiar, mas sozinho não consigo. Vamos tentar encontrar patrocínios que assegurem o pagamento de salários, evitar despedir-nos de alguns atletas e manter o Vitória no topo”, acrescentou.
O atletismo sadino tem recuperado o destaque a nível nacional nos últimos anos e, na última época, conseguiu uma boa classificação no campeonato nacional. “Até chegar a covid-19, nós ganhámos 18 das 20 provas em que participámos. Fomos campeões regionais de estrada e corta-mato e fomos 8º a nível nacional”, afirmou, prometendo nova prova de força no próximo ano: “Não deixaremos de ter uma equipa forte, bem pelo contrário. Vamos buscar dois atletas fortes que nos vão permitir estar no top 5 nacional. Com uma equipa amadora, vamos fazer frente a equipas federadas”, assegurou
Para já, ainda não são conhecidas as datas para o regresso das provas, mas Luís Cruz acredita que só em 2021 seja possível regressar à estrada. “Vai depender de outubro e novembro, se há uma segunda vaga. A federação tenta que regressem as provas, mas a lei impede aglomerados e uma corrida nunca tem menos de 100 atletas e uma Corrida do Tejo leva 10.000 pessoas. Depois vem a política – não percebo porque vão realizar o Avante quando leva milhares de pessoas”, rematou, admitindo que esta paragem tem efeitos nos atletas: “Continuamos a treinar, mas afeta não haver competição. Perdemos o ritmo e muitos perdem a motivação. Alguns vão correr às 20 horas e outros levantam-se às 6 horas da manhã. É um sacrifício grande e depois não há como demonstrar o trabalho feito
“Vitória foi o bode expiatório”
Luís Cruz comentou também a queda do emblema setubalense ao Campeonato de Portugal, defendendo que a decisão não foi imparcial, uma vez que vários clubes têm problemas financeiros que são do conhecimento público. “Não estava à espera. Não é só o Vitória que tem problemas financeiros. Vejo notícias do Farense que não pagou ao capitão, do Belenenses SAD que não declarou os salários, do Sporting que deve do Rúben Amorim… Não há clubes sem dívidas. O Vitória foi um bode expiatório, porque há muita gente que tem interesse em que o Vitória não continue na I Liga”, afirmou
Quanto ao futuro, o seccionista apelou à união dos vitorianos e mostra-se confiante, afirmando que qualquer desfecho não irá interferir na relação entre o clube e os adeptos: “Os sócios vão-se unir e acredito, ao contrário do que dizem, que o número de associados vai aumentar. Está a haver um grande apoio da cidade ao clube e de várias entidades. Não vamos deixar o Vitória cair. Mesmo que joguemos nas distritais, que comecemos de novo, vamos fazer tudo para provar que não estamos errados.”