O advogado David Leonardo, presidente da mesa da assembleia-geral, não poupa elogios ao investidor Hugo Pinto
Completa no próximo mês três anos de exercício como presidente da mesa da assembleia-geral do Vitória. O que significa para si ser o representante dos associados do clube?
É um orgulho enorme. O Vitória é uma paixão, um amor que não se explica, sente-se. Tudo o que diz respeito a esta instituição representa uma parte de mim e da minha família. Assumir um cargo no Vitória tão importante e de tanta responsabilidade é extremamente gratificante.
Que balanço faz da experiência?
O balanço é muito positivo. O percurso tem sido duro, mas o contexto em que nos encontramos coloca-nos numa situação de dever cumprido.
Em comparação com os dois anos anteriores, o ano de 2023 está a ser mais fácil ou difícil?
Como todos sabemos, o futebol profissional do Vitória é o motor de toda a actividade desportiva do Clube. Não podemos, por isso, ignorar o que aconteceu no final da época passada, com a despromoção da equipa ao Campeonato de Portugal. Foi a primeira despromoção desportiva em muitos anos… Mas quero acreditar que foi o tónico necessário para a mudança que se exigia. Nunca é demais sublinhar que é o investimento que tem sido feito na SAD que tem permitido manter a actividade do clube e, nesse capítulo, cada ano tem sido melhor do que o anterior. Este não está a ser excepção e 2023 tem-se mostrado um ano de amadurecimento, a começar no futebol, mas transversal a todas as modalidades do Vitória.
Quais as principais dificuldades com que se deparou?
As habituais, decorrentes do actual número de sócios (reduzido, atentas as necessidades do clube). Como é reconhecido de forma universal, temos uma massa associativa muito significativa e especial. Mas isso não se traduz em receita, pois só uma pequena franja, dentro dos milhares de adeptos do Vitória, possui a qualidade de sócios e contribui financeiramente para o Vitória, através do pagamento das quotas. As campanhas desenvolvidas não têm sido suficientes para alterar esta situação, até porque a situação financeira que o País atravessa não ajuda. O mesmo acontece com apoios e patrocínios para o clube. Assim, torna-se muito difícil equilibrar a balança.
No passado mês de Março os órgãos sociais foram reeleitos para o triénio 2023-2025. Quais as expectativas que têm e quais as prioridades que gostaria de ver concretizadas?
Tem vindo a ser feito um trabalho extraordinário junto das diversas modalidades do clube, com a organização administrativa e financeira. Algo nunca visto no Vitória. Estas alterações têm permitido um maior rigor contabilístico. Ainda assim, como referi, o saldo entre o deve e o haver não chega a ser positivo. Contudo, a minha expectativa, até pelos resultados que o clube tem conseguido alcançar este ano, é a de que um número muito significativo de adeptos se inscreva como sócio e brinde a esta instituição com um aumento substancial da receita de quotização – o que, conjugado com o apoio recebido da SAD, tornará o Vitória financeiramente equilibrado.
Nas eleições a única lista que se apresentou ao acto recolheu um total de 355 votos (90 por cento dos que foram expressos pelos associados) num sufrágio em que foram contabilizados um total de 394 votos, tendo-se registado 32 boletins em branco (8%) e sete nulos (2%). Que leitura faz do resultado verificado?
É um inequívoco voto de confiança a um conjunto de pessoas que, com algumas alterações na sua constituição, pegou no leme em 2020, na pior altura da linda história do clube, e logrou salvá-lo da extinção.
Quão importantes foram as alterações estatutárias aprovadas na assembleia- -geral em que o clube ficou mais protegido em próximos processos eleitorais? Sente que esse é o principal legado que deixa?
A aprovação das alterações estatutárias foi o culminar de um processo longo, complexo e de difícil concretização. Tais alterações, de facto, fazem com que o Vitória esteja hoje mais protegido… Mas não creio que esse seja o meu principal legado. O meu contributo (juntamente com os meus Colegas da Mesa, da Direcção, do Conselho Fiscal e Disciplinar e do Conselho Vitoriano) para garantir a continuidade do Vitória Futebol Clube – e não o nascimento de um ‘Vitória 1910’ ou um outro Vitória qualquer – sim, sinto que esse é que é o meu principal legado.
Em termos estatutários, há ainda trabalho a fazer ou considera que o essencial está feito?
Pessoalmente, creio que o essencial está feito. Contudo, defendo que, sem alterar significativamente os Estatutos, estes devem passar a prever e a remeter para regulamentos que definam questões fundamentais, designadamente em matéria eleitoral, disciplinar, etc…
Há algo que gostaria de fazer como líder da MAG até ao final do mandato, em 2025?
Desejo poder continuar a servir o clube, partilhando os momentos que vivemos nas assembleias- -gerais, assistindo aos jogos e provas das diversas modalidades, conversando com os pais dos atletas, acompanhando a magia do sarau e respondendo sempre às necessidades dos nossos funcionários, colaboradores e fornecedores. No fundo, tudo o que quero é poder viver este extraordinário clube.
Como é a relação dos membros da assembleia-geral com os demais órgãos sociais, em particular com a direcção presidida por Carlos Silva?
Extraordinária. O presidente Carlos Silva tem conseguido manter uma equipa coesa e unida, dedicada a uma causa comum. E fá-lo não só com a direcção, mas exercendo a sua influência junto dos demais órgãos sociais. A prova disso é a importância que tem sido atribuída ao Conselho Vitoriano desde Dezembro de 2020, cujas reuniões se mostram um espaço onde todos os órgãos sociais debatem com assinalável frequência todas as questões relacionadas com o Vitória.
Mais de dois anos após a entrada de Hugo Pinto na SAD qual a opinião que tem sobre o investidor e o trabalho realizado?
O Hugo Pinto, digo e repito, foi a nossa salvação. Não tenho a menor dúvida de que as suas intenções para o Vitória são as melhores, mesmo com sacrifícios pessoais e profissionais que tenho testemunhado. Nestes dois anos, tenho tido o privilégio de privar com o Hugo Pinto e posso assegurar que é também ele uma pessoa de grande carácter. O trabalho que tem realizado é meritório e, perante as extremas dificuldades, julgo que não se podia exigir muito mais. A descida de divisão foi uma machadada no seu trabalho e nas suas expectativas, que poderia ter comprometido todo o projecto. Mas Hugo Pinto deu mostras da sua excepcional qualidade enquanto gestor e promoveu as mudanças que tinham de ser feitas. Integrou na equipa de futebol profissional pessoas competentes, mas sobretudo com uma característica fundamental: conhecer e sentir o Vitória. E o resultado está à vista. O ambiente que se vive hoje na equipa e o futebol que a mesma prática é, de facto, ‘à Vitória!’
Como viveu no passado mês de Maio a descida da equipa principal de futebol ao 4.º escalão?
Foi, sem dúvida, o meu pior momento desde que assumi o meu cargo no Vitória. Foi impossível conter as lágrimas. Nessa noite, inicialmente mágica, o mundo desabou e tudo parecia estar perdido. As minhas filhas choraram durante três dias… Durante mais de uma semana mal conseguia comer…. Foi um sofrimento atroz. Hoje acredito que este revés foi (mais) um mal necessário para o Vitória poder crescer de forma sustentável, equilibrada e perfeitamente viável.
Como vê o desempenho da equipa de futebol principal na presente época? Equaciona outro cenário que não a subida de divisão?
Temos uma equipa fantástica. Miúdos e homens de grande valor. A classificação, o número de golos marcados e sofridos e o futebol que praticamos diz tudo. Estamos no caminho certo para a subida de divisão. E, em condições normais, não equaciono nem aceito outro cenário.
Estão reunidas as condições para o Vitória poder esta época ascender à Liga 3?
Sem dúvida. E se conseguirmos manter toda a estrutura técnica e a maior parte dos membros do plantel acredito que na próxima época subimos à II Liga.
O tempo passa e o Vitória continua à espera de uma resposta do Tribunal ao recurso apresentado para tentar reverter a decisão da descida administrativa decretada no Verão de 2020. Ainda acredita numa decisão favorável ou dá o recurso como inconsequente?
Como sempre tenho dito, as questões judiciais respondem-se em sede própria e através dos seus intervenientes. Eu foco-me nos resultados desportivos.
Qual a prenda que gostaria que o Vitória recebesse por ocasião do 113.º aniversário?
A inscrição de novos sócios que nos permitisse voltar a ter orgulho no número de associados do Vitória.
Qual a mensagem quer deixar aos seus consócios?
Uma mensagem de agradecimento pelo apoio inexcedível que têm dado. Onde quer que um atleta compita com a camisola do Vitória, há um grupo de adeptos a apoiar. Isso é maravilhoso e só nos engrandece. Mas deixo também um pedido: sensibilizem amigos e familiares a apoiar também. Ajudem a angariar novos sócios e a recuperar antigos. Só com a nossa massa associativa fortalecida o Vitória atingirá a honra e a glória.