Após a sessão de esclarecimentos que teve lugar na noite de segunda-feira, iniciativa que precedeu a Assembleia Geral de sexta-feira em que, entre outros assuntos, se vai discutir e deliberar sobre a “alienação de bens imóveis que integram o património do clube”, Carlos Silva, presidente da direcção do Vitória, respondeu às questões de O SETUBALENSE.
O dirigente considera que sem a aprovação do projecto imobiliário para os terrenos do Complexo Desportivo do Bonfim, em que está planeada a construção de oito torres nos topos do estádio e a remodelação das bancadas centrais, o clube não tem condições para cumprir o PIRE (Plano de Recuperação) e sobreviver.
Antes da Assembleia Geral de sexta-feira, o clube promoveu uma sessão de esclarecimento aos sócios. Que balanço faz da iniciativa que decorreu na noite de segunda-feira?
O que podíamos esclarecer, esclarecemos. A alienação de património é a única solução que há para poder salvar o Vitória. Para o clube sobreviver tem que alienar. Se não houver alienação do património, foi o que transmitimos aos sócios presentes na sessão e vamos repetir na AG, creio que não há salvação.
E se entretanto for encontrada uma alternativa que impeça a alienação de património?
Caso haja alguém que encontre uma outra solução viável para o Vitória, nós e, tenho a certeza, os sócios do clube estamos disponíveis para as ouvir. Se houver, efectivamente, essa solução, que não obrigue o Vitória a alienar património, seria espectacular. Que apareça essa solução. Se isso acontecer, nós estamos disponíveis para, eventualmente, até colocar o lugar à disposição. Quando vim para o Vitória foi com o objectivo de ajudar de forma a salvar o Vitória.
A continuidade do estádio no Bonfim é ponto assente mesmo que os sócios votem a favor da alienação dos bens imóveis que vão ser submetidos a votação na Assembleia?
Isso é garantido. A alienação é apenas e só dos topos. O estádio vai ficar aqui. Se for este projecto, haverá uma verba significativa para fazer a remodelação do estádio, nestas bancadas, uma requalificação, se pudermos chamar assim, de forma a que possamos criar aqui um melhor acolhimento para os nossos sócios.
A Câmara Municipal está receptiva ao projeto?
Sim, mantemos sempre a Câmara ao corrente das situações em curso. A autarquia sempre nos transmitiu que estará sempre ao lado do Vitória. Não vejo forma de isso não acontecer, uma vez que, como sempre foi sublinhado ao longo dos anos, o Vitória é cidade são indissociáveis. Temos a certeza absoluta que a Câmara vai estar com o Vitória.
A salvação passa inevitavelmente pelo cumprimento do PIRE (Plano de Recuperação)…
Sim, só cumprindo o PIRE se assegura a continuidade do Vitória. Procurámos uma solução para poder fazer o pagamento do Plano de Recuperação. Estamos a falar, depois da homologação do PIRE, de uma prestação de 86 mil euros por mês e para o clube ter condições de o pagar tem obrigatoriamente de ter alguém que possa ajudar a pagar essas prestações pesadíssimas.
O valor difere ao longo dos 10 anos do PIRE?
Sim, estamos a falar de um valor de 86 mil euros nos três primeiros anos para os credores comuns, sendo que no caso da Autoridade Tributária, Segurança Social, Garantia Salarial e Trabalhadores, não se aplica. Por terminar o período de carência, no quarto ano a prestação duplica, passando a ser 172 mil euros. E depois, no quinto ano, volta a abaixar significativamente. E no sexto ano volta a subir. Foi o plano que encontramos para tentar suavizar a situação, para não ser uma prestação tão alta. Para se pagar estes valores, o Vitória tem que encontrar uma solução. A solução só pode passar pelo sector imobiliário neste momento. Sublinho, se houver alguém que tenha uma outra solução, que não seja a alienação do património, pois que apareça.
Sessão tem início às 19 horas no pavilhão Antoine Velge: Presidente da MAG apela à presença dos sócios
David Mestre Leonardo, presidente da Mesa da Assembleia Geral, lança um repto aos vitorianos para que compareçam na Assembleia Geral de amanhã. “Apelo a que compareçam. Quanto mais pessoas tivermos, mais amplamente discutimos esta questão, mais sócios ficam esclarecidos e participam no processo de decisão. Parece-nos que é absolutamente fundamental os sócios não deixarem para os outros a decisão do que vamos fazer no nosso clube”.
E acrescenta: “O que importa é encontrar soluções para o Vitória. Portanto, quanto mais pessoas estiverem presentes, melhor para nós porque há mais probabilidades de, se não quiserem adoptar esta solução, alguém apresentar uma alternativa que não obrigue à alienação de património. Era isso que toda a gente desejava. Neste momento, infelizmente, em cima da mesa, a única solução que temos é com alienação de património, mas essa alienação está inclusivamente controlada, ou está a ser feita de forma coordenada com a Câmara Municipal, e portanto nunca será nada que possa pôr em causa a continuidade do Vitória e das suas modalidades. E isso é absolutamente fundamental para nós”.