Após garantir em campo a subida à Liga 3, Carlos Silva, presidente do Vitória, não se conforma com o não licenciamento da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e promete ir até às últimas consequências para que justiça seja feita. Em entrevista a O SETUBALENSE, o dirigente partilhouo conteúdo dos documentos da Segurança Social que, na opinião dos sadinos, atestam a situação regular do clube, que nega dívidas e exige o licenciamento no terceiro escalão.
A candidatura do Vitória à Liga 3 não foi aprovada pela FPF. O que está o clube a fazer para conseguir concretizar em termos processuais o que conseguiu em campo?
É um facto que a nossa candidatura não foi aprovada, no entanto, o Vitória tem uma pasta com o processo de licenciamento enviado à Federação para que essa situação seja desbloqueada. Infelizmente, o Vitória foi colocado em situação de insolvência por uma votação da Autoridade Tributária (AT). É importante dizer que o Vitória regularizou perante a AT, durante os períodos do PER, muitos milhões. Entre 2021 e 2023 recebeu muitos milhões e mesmo assim votou contra. Esse voto desfavorável faz com que o Vitória não possa ter um plano prestacional e, dessa forma, não pode obter a sua certidão. O Vitória obteve, isso sim, uma declaração. A última certidão que o Vitória enviou para o licenciamento de 2023, que se chama declaração.
Mas o documento que está a ser colocado em causa no licenciamento é referente à Segurança Social (SS) e não à AT…
A Comissão de Licenciamento da FPF refere que não emitiu licença porque o Vitória não submeteu declaração emitida pela SS. Pois bem, o Vitória não emitiu uma declaração, emitiu duas à SS. Uma (a primeira) que consideraram não cumprir os requisitos semânticos. Nesta lê-se no segundo parágrafo: “mais se declara que à data da emissão da presente declaração (10 de maio de 2024) não existem em dívida valores de contribuição e juros de mora relativos a valores posteriores a dezembro de 2018, dado que os mesmos se encontram regularizados”. Na segunda, lê-se que “o Vitória, clube e SAD, encontram-se a proceder de forma regular ao pagamento das contribuições mensais à SS nos últimos 24 meses”. Nos dois anos anteriores a 7 de maio, data deste documento, já tínhamos uma declaração a dizer que estava tudo regularizado.
E foi a essa informação que o Vitória remeteu no recurso enviado para o Conselho de Justiça (CJ da FPF?
Sim. Acreditamos que o Conselho de Justiça vai aceitar. Esperemos que olhe para os documentos com olhos de ver porque ambos os documentos comprovam que o Vitória tem a sua situação contributiva regularizada. A SS diz que o Vitória não tem dívidas desde 2018 até 10 de maio de 2024 tem a sua situação contributiva regularizada. Não conseguimos perceber a razão disto acontecer, ou melhor, consigo porque percebo quem está envolvido. Tudo isto parte do U. Santarém que teve como presidente alguém que é agora vice-presidente da FPF (Rui Manhoso). Se juntarmos estas peças completamos o puzzle. Quando fui eleito presidente, a 28 de Dezembro de 2020, o Vitória teve e regularizar 2018, 2019 e 2020. Estes documentos provam que o clube tem a sua situação contributiva regularizada e comprovada com duas declarações. Acresce a isto o facto de o Vitória ter no processo enviado uma declaração do Tribunal, da agente de execução, que perante a sua situação de insolvência não pode obter uma certidão.
Considera que há um jogo de influências neste caso?
Não tenho dúvidas disso. O processo levantado ao Vitória foi no dia do jogo nos Açores. A primeira a dizer que não fomos aceites na Liga 3 e, logo a seguir, recebemos a notificação de abertura de processo disciplinar ao Vitória (caso substituição em Santarém). É fácil de perceber que foi uma forma de procurar desestabilizar.
Quais as consequências de o licenciamento ser recusado?
Mantivemo-nos em silêncio até à final para tentar resguardar a equipa. Infelizmente, não conseguimos. A semana que antecedeu a final do campeonato foi difícil e isso teve influência no rendimento dos jogadores. Claro que não foi só por isso, o Vitória perdeu porque o Amarante foi superior. Alimento a esperança de poder salvar o Vitória, mesmo quando a esperança é ténue. Foi assim quando assumi a presidência em Dezembro de 2020. Neste momento nem quero pensar que o Vitória não vai ser inscrito. Se não for, é uma injustiça tremenda e não sei de que forma a FPF vai resolver. O Vitória tem documentação de que tem tudo regularizado. Se o Vitória for impedido de jogar na Liga 3, vou lutar até às últimas consequências, até ser possível apresentar recursos.