Carlos Silva afirma que “melhor presente que Vitória poderia receber é “apoio robusto e unificado das forças vivas da cidade”
A cerca de um mês de completar três anos na presidência do Vitória, que balanço faz do período em que está em funções?
O meu mandato de quase três anos à frente da presidência do Vitória tem sido marcado por fases distintas. Quando assumi a presidência, o clube enfrentava sérios problemas financeiros, incluindo atrasos nos pagamentos de salários dos jogadores e funcionários. Esta foi uma questão crítica que exigiu uma gestão financeira cuidadosa e uma busca activa por recursos para garantir que o clube cumprisse as suas obrigações salariais. Outra das situações mais desafiadoras do meu mandato foi lidar com os pressupostos para a inscrição da equipa de futebol. Para que o clube pudesse participar no Campeonato de Portugal, foi necessário atender a critérios rigorosos principalmente na obtenção das certidões de não dívida. Trabalhámos intensamente para garantir que o clube cumprisse esses requisitos, o que envolveu a regularização de dívidas (SS, AT e FIFA), e aqui a concretização muito se deve ao Hugo Pinto, pois sem ele tal não seria possível. Em resumo ao longo dos últimos três anos, enfrentámos desafios significativos, desde questões financeiras até requisitos de inscrição da equipa e reestruturação organizacional. No entanto, graças ao trabalho dedicado da nossa equipa e ao apoio de alguns parceiros, mas principalmente, nunca sendo demais recordar, o Hugo Pinto, conseguimos superar essas dificuldades. Continuaremos a trabalhar arduamente para garantir que o clube cresça e prospere nos próximos anos.
Em termos organizativos, quais as principais mudanças que houve da temporada passada para a actual?
A preocupação com a organização e reestruturação do clube tem sido uma prioridade. Neste sentido, implementámos diversas mudanças para garantir uma gestão mais eficaz e sustentável, visando estabelecer as bases para um clube mais estável e bem gerido. Na estrutura do futebol, embora da responsabilidade da SAD, reforçando o lema “Um só Vitória”, efectuaram-se mudanças significativas, envolvendo a nomeação de novos profissionais para cargos-chave, como o dos directores, geral e desportivo, e equipa técnica. As mudanças foram acompanhadas por uma revisão dos métodos de organização e da filosofia desportiva do clube, numa mudança que se acreditava como fundamental para se obter melhores resultados, o que se tem vindo a verificar no desempenho da equipa de futebol e reflectido nos resultados positivos em campo.
O que foi e o que está a ser feito para que o clube suba já este ano de patamar?
Para elevar o patamar do clube esta época, embora da gestão da SAD, implementou-se diversas mudanças e acções estratégicas, sobretudo na estrutura do futebol profissional. Os resultados positivos que se está a alcançar são evidentes. A melhoria do desempenho do clube/SAD nesta época resulta de uma reestruturação abrangente na equipa técnica e na estrutura do futebol profissional. A definição de objectivos claros e a capacidade de adaptação continua têm sido fundamentais para o sucesso até agora. Estamos empenhados em manter este ímpeto positivo e continuar a trabalhar para elevar o patamar do clube.
Em termos financeiros, como caracteriza a situação do Vitória neste momento?
Em termos financeiros, a situação do Vitória neste momento apresenta desafios distintos quando se analisam o clube e a SAD. O clube, pela sua grandiosidade e exigência financeira – decorrente das modalidades que sustenta e dos milhares de atletas que alberga -, e por ter como a sua principal fonte de receita a quotização dos associados, tem ainda alguma dificuldade na sua gestão corrente. Ao contrário do clube, a SAD depende integralmente do investimento de Hugo Pinto para a sua sustentabilidade financeira. Este investimento é vital, especialmente considerando o valor significativo do passivo da SAD. Sem o apoio financeiro de Hugo Pinto, a SAD (e até mesmo o clube), enfrentaria dificuldades substanciais para operar e cumprir as suas obrigações financeiras.
Em comparação com 2021, quando o investidor Hugo Pinto se tornou accionista da SAD, como é hoje a vossa relação?
Desde 2021, quando Hugo Pinto se tornou accionista da Sociedade Anónima Desportiva (SAD), a nossa relação evoluiu de maneira positiva e estreitou-se ao longo do tempo. A proximidade e a comunicação eficaz têm fortalecido os laços entre ambas as partes, assim como o tempo permitiu o crescimento da confiança mútua. A proximidade nas relações humanas e a colaboração sustentada têm sido elementos-chave que fortaleceram a parceria ao longo do tempo. A confiança mútua e a partilha de visão são fundamentais para enfrentar os desafios e alcançar os objectivos do clube.
Quais as suas prioridades para o mandato que iniciou em Março passado e vai cumprir até 2025?
Ao iniciar o mandato em Março, estabeleci – embora falando na primeira pessoa, tudo se refere a todos aos Órgãos de Gestão – diversas prioridades para impulsionar o crescimento e o sucesso tanto do clube, entre elas: implementar uma restruturação organizativa e funcional para melhorar a eficiência interna. Isso inclui otimizar os processos administrativos, redefinir funções e responsabilidades, e promover uma cultura de colaboração; lançar campanhas para aumentar o número de associados, incentivando a participação ativa dos adeptos na vida do clube. A ideia passa por estimular a adesão através de benefícios exclusivos e iniciativas que promovam o sentido de pertença; procurar activamente novas parcerias e apoios, tanto a nível local como nacional, para diversificar as fontes de receita e fortalecer a sustentabilidade financeira do clube. Em resumo, as prioridades para o mandato incluem a restruturação organizativa e funcional no clube, o aumento de associados e apoios acompanhado por um compromisso com o desenvolvimento sustentável a longo prazo. Estas iniciativas visam fortalecer ambas as entidades e assegurar um futuro próspero para o Vitória.
Nas eleições de há oito meses foi o único candidato, recebeu um total de 355 votos, 90% do total. O que representou para si os resultados apurados?
Os resultados das eleições há oito meses, nos quais fui o único candidato e obtive 90% dos votos, representaram para mim uma expressiva demonstração de confiança por parte dos associados. Os resultados reflectem a crença da grande maioria dos associados no trabalho que havia sido desenvolvido até então. A expressiva votação sugere que a gestão anterior foi percebida como eficaz e satisfatória pelos associados, criando uma base sólida de apoio. Este apoio significativo fornece uma base sólida para a liderança, mas também implica uma responsabilidade acrescida para corresponder às expectativas e continuar a guiar o clube de acordo com os interesses e aspirações da comunidade associativa.
Como vê neste momento a relação dos associados com o clube. Sente que há uma maior aproximação ou, pelo contrário, o afastamento ainda é uma realidade?
Actualmente, observo uma relação dos associados com o clube que demonstra alguma aproximação. Apesar dos avanços, a proximidade entre os associados e o clube ainda não atingiu o nível desejado. Pode ser necessário intensificar esforços para envolver um número mais significativo de associados, garantindo que se sintam verdadeiramente parte integrante do clube e das suas actividades. Reconheço que existe um potencial considerável para melhorias na relação entre os associados e o clube. Este potencial pode ser explorado através da implementação de estratégias adicionais de envolvimento, ouvindo atentamente o “feedback” dos associados e ajustando as abordagens conforme necessário. O clube merece uma relação sólida e próxima com os seus associados. A dedicação e paixão dos associados são activos valiosos para o clube, e é do interesse da direcção cultivar uma relação robusta que promova o apoio contínuo e o crescimento conjunto. A promoção de uma relação mais estreita é fundamental para o desenvolvimento sustentável do clube, e continuaremos a trabalhar activamente para fortalecer essa ligação, garantindo que cada associado se sinta verdadeiramente parte integrante do Vitória.
De que forma pode o clube atrair mais adeptos aos jogos no Bonfim?
O Vitória tem procurado activamente atrair mais setubalenses aos jogos realizados no Bonfim, reconhecendo a importância do apoio local para o sucesso do clube. Diversas estratégias foram delineadas, e a não cobrança de bilhetes de entrada foi uma das medidas implementadas no início da época. A SAD continua a estudar outras estratégias para atrair mais setubalenses aos jogos em casa. Este processo envolve a análise de diversas opções, incluindo iniciativas de marketing, programas de fidelização e eventos especiais e parcerias. Outras abordagens estão a ser estudadas, e a informação será divulgada logo que seja possível. O envolvimento da comunidade é fundamental para fortalecer a relação entre o clube e os seus adeptos, contribuindo para o sucesso a longo prazo do Vitória.
No andebol a equipa atravessa um momento difícil. O que está e o que pode ser feito para tirar a equipa dos lugares de descida do Campeonato Placard 1?
Lamentavelmente, a equipa de andebol encontra-se actualmente numa situação desafiante no Campeonato Placard 1. Face a esta realidade, é imperativo abordar a situação de forma pragmática e proactiva. O clube depende, em grande medida, da quotização dos seus associados para sustentar as suas operações. No entanto, é necessário reconhecer que essa fonte de receita pode não ser suficiente para enfrentar todos os desafios, especialmente em momentos difíceis. A realidade financeira deve ser enfrentada com realismo. Compreender os limites da quotização é crucial para desenvolver estratégias eficazes para superar dificuldades financeiras. Isso pode envolver a exploração de outras fontes de receita, como patrocínios, parcerias comerciais e apoio da comunidade empresarial local. Reconhecendo o papel fundamental do Vitória como a bandeira da cidade, lança-se um apelo às empresas de Setúbal para apoiarem o clube. O Vitória é um embaixador valioso da cidade, e um pequeno apoio financeiro pode ter um impacto significativo nas operações do clube e, consequentemente, na sua representação desportiva. Um pequeno gesto por parte das empresas pode ter um impacto substancial no Vitória, reforçando a sua posição como embaixador da cidade e assegurando o seu sucesso desportivo a longo prazo.
Nas modalidades amadoras do Clube, quais os objectivos extrafutebol e andebol?
O Vitória tem alcançado resultados extraordinários nas suas modalidades amadoras ao longo dos últimos anos. O objectivo é manter e fortalecer essa excelência desportiva, garantindo que as equipas amadoras continuem a destacar-se nas suas competições. Fomentar o desenvolvimento de jovens talentos é uma prioridade. Além dos êxitos desportivos, as modalidades amadoras devem servir como plataformas para a formação e promoção de atletas jovens. Este compromisso contribui para o crescimento sustentável das equipas e para a criação de uma base de talentos a longo prazo. É crucial manter uma gestão financeira responsável. A busca de excelência desportiva não deve comprometer a estabilidade financeira do clube. Estratégias eficazes de captação de recursos, patrocínios e parcerias são essenciais para equilibrar o desempenho desportivo com a realidade financeira. Esses objectivos reforçam a visão holística do clube e contribuem para a construção de uma base sólida para o seu futuro.
Como classifica neste momento as relações entre o clube e a autarquia? Considera que poderia existir uma proximidade e colaboração maiores do que existe neste momento?
As relações entre o Vitória e a autarquia têm sido e continuarão a ser óptimas, com uma história de cooperação eficaz e benefícios mútuos. Embora esta base seja sólida, reconhece-se o potencial para uma ainda maior proximidade e colaboração, promovendo assim o desenvolvimento contínuo da comunidade e o prestígio da cidade.
O que gostaria o presidente de receber de presente neste 113.º aniversário?
Neste 113.º aniversário, como presidente do Vitória, o meu desejo, ambicioso, de presente seria: o apoio unânime das forças vivas da nossa cidade. Este apoio seria crucial para fortalecer o Vitória e reposicioná-lo de acordo com a sua grandiosidade histórica e significado para a comunidade. A comunidade é um pilar fundamental para o sucesso do Vitória. Desejaria, também, um envolvimento activo e contínuo dos cidadãos, empresas, instituições e adeptos, reconhecendo o papel vital que cada parte desempenha na revitalização e no ressurgimento do clube. Além do apoio da comunidade, seria valioso receber o presente de parcerias estratégicas com entidades locais, instituições educacionais, empresas e organizações desportivas. A colaboração eficaz pode proporcionar recursos adicionais, ‘know-how’ e sinergias que impulsionariam o Vitória para patamares mais elevados. O presente desejado envolveria um compromisso duradouro das forças vivas da cidade. Esta dedicação contínua seria fundamental para superar desafios e garantir que o Vitória não apenas recupere a sua posição por direito, mas também a mantenha a longo prazo. O apoio das forças vivas contribuiria significativamente para a elevação da imagem do clube a níveis condizentes com a sua história e importância. Uma imagem positiva e uma representação sólida são essenciais para atrair investimentos, patrocínios e talentos, fortalecendo assim o Vitória em todos os aspetos. Em resumo, no 113.º aniversário do Vitória, o presente que mais desejo, e embora o reconheça ambicioso, reforço também que o Vitória o merece, é esse: o de um apoio robusto e unificado das forças vivas da cidade. Este presente não apenas impulsionaria o clube no presente, mas também garantiria uma base sólida para o seu futuro, reforçando a sua posição merecida na comunidade desportiva e na história da cidade.
Que mensagem deixa aos vitorianos?
Mesmo sendo uma mensagem já repetida, é sempre relevante. O essencial é o Vitória, o nosso clube. Devemos centrar as nossas energias e esforços no que verdadeiramente importa: o sucesso e a grandeza do Vitória. Enfatizo a importância da união. Neste momento crucial, o Vitória necessita do apoio incondicional de todos os vitorianos. Juntos, somos mais fortes e capazes de enfrentar qualquer desafio que se apresente ao nosso clube. Faço um apelo à participação activa de cada vitoriano. Seja através do apoio nos jogos, da promoção do clube nas redes sociais, cada contribuição é valiosa. Cada vitoriano desempenha um papel essencial na construção do futuro do Vitória. Sublinho que, neste momento, a necessidade colectiva é prioritária. Independentemente das diferenças individuais, o Vitória é o elo que nos une. Transmito uma mensagem de esperança e determinação. Juntos, podemos superar obstáculos e construir um futuro mais brilhante para o Vitória. O caminho pode ser desafiante, mas com a nossa união e dedicação, alcançaremos sucessos duradouros. Reitero a crença no potencial coletivo. O Vitória é o resultado do esforço conjunto de todos os vitorianos. Ao acreditarmos no nosso clube e no poder da nossa união, estaremos a moldar um futuro sólido e promissor. Em resumo, a mensagem aos vitorianos é um apelo à união e participação activa. O Vitória precisa de todos os seus adeptos, e juntos, com determinação e paixão, seremos capazes de enfrentar desafios e assegurar um futuro de sucesso para o nosso clube.