Antigo defesa-central do Vitória recorda a descida inesperada e destaca a importância de Lito Vidigal nos quatro últimos encontros da temporada.
Reforço do APOEL (Chipre) depois de rescindir com o Vitória, Artur Jorge comentou a descida dos sadinos numa entrevista concedida ontem à Renascença, falando num “golpe duríssimo” para o grupo.
“Apanhou-nos completamente de surpresa. Se tivéssemos essa percepção, não teríamos celebrado como celebrámos na noite anterior. Nem faria sentido. Fizemos o nosso trabalho, vencemos e festejámos. Foi uma bomba total, um choque. Ninguém fazia a menor ideia. Não sei se a direcção sabia, ou não, até porque festejou connosco, mas no dia seguinte caiu tudo sobre a cidade e o clube”, afirmou.
Quanto regresso aos trabalhos, o defesa recorda o clima instável. “Foi muito estranho, não tínhamos equipa técnica, apenas um treinador interino, sem reforços do costume como se vê nas pré-épocas e sem a certeza se iríamos competir num escalão ou noutro. Erámos bombardeados todos os dias com notícias. Foi uma apresentação muito complicada e horrível para funcionários que trabalham lá há tantos anos”, afirmou, falando ainda sobre as reuniões de Paulo Gomes com os jogadores: “Não abriu totalmente [a porta à saída dos jogadores], porque o Vitória ainda tinha alguma esperança de alguma mudança até ao início do campeonato. Falou connosco e tentámos chegar a um acordo que agradasse a todos: uns de uma forma, outros de outra. Cada situação foi tratada de forma específica.”
O papel de Lito Vidigal
As últimas jornadas da última época foram particularmente complicadas, com a permanência em risco e com uma mudança de treinador. Contudo, Artur Jorge defende que a decisão da administração foi correta e destaca o papel de Lito Vidigal na reta final.
“Foi uma época de imensas dificuldades, mas ao mesmo tempo de sucesso, porque o objetivo tinha sido alcançado. O que aconteceu depois já não diz respeito ao grupo de trabalho. Lito Vidigal teve um papel importante porque já conhecia grande parte do plantel. Com tão poucas jornadas por jogar, quando se decide mudar, teria de ser alguém que já conhecesse o plantel. Havia esse conhecimento mútuo. Mudou o ‘chip’ ao grupo e teve o seu mérito, mesmo só estando connosco uns 25 dias”, afirmou.
O antigo camisola 4 sublinhou que o técnico “apelou mais ao lado psicológico do que a grandes questões técnicas” e recordou o empate em Alvalade, que se mostrou fulcral para as contas: “No estágio no dia anterior, o Tondela ganha ao Braga à hora de jantar e ficou um clima pesado. Tínhamos consciência da importância do resultado contra o Sporting, depois de um adversário direto ganhar ao Braga. O mérito foi do Lito nessa noite, no papel que teve antes e depois do jogo. Era vital, pelo menos, empatar. Antes do jogo havia um ambiente de muita esperança e correu tudo bem.”