27 Junho 2024, Quinta-feira

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Amor e treino em tempo de quarentena

Amor e treino em tempo de quarentena

Amor e treino em tempo de quarentena

O técnico sadino acompanha à distância os guardiões vitorianos e mostra-se confiante no trabalho realizado

 

Parou tudo devido à COVID-19. Como encara esta crise de saúde pública?

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Primeiro, com muito respeito pelas orientações fornecidas pelos profissionais da área da saúde. Vou tentando acompanhar as notícias, converso muito com minha esposa, que é enfermeira. Ela vai-me passando alguns artigos, matérias do género, que vou lendo e por consequência, vou tendo um melhor entendimento da gravidade dos últimos acontecimentos. Apesar de confiar e ter fé que os cientistas logo encontrarão um meio de erradicar o vírus e um tratamento para a doença, vejo com grande temor o cenário sócio-económico que teremos nos próximos meses. Para vencer essa guerra, nossa principal arma é a consciência e o isolamento social, que permitirá o quanto antes, estarmos juntos novamente.

Têm conseguido seguir à risca a quarentena?

Desde o dia que recebi a orientação por parte do Vitória, não coloquei mais os pés pra fora da minha casa.

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De que forma se estão a organizar, por exemplo, em relação a quem vai às compras?

A minha esposa, a Michele, nesses dias de quarentena, saiu apenas uma vez para comprar comida. Decidimos, por ela ser da área da saúde, e estar preparada para ter melhores cuidados, sempre que precisarmos de algo essencial, será ela que sairá de casa.

Numa casa onde há um ex-guarda-redes, que agora é treinador adjunto do Vitória, e um jovem promissor guardião – Diego Callai representa tem 15 anos e representa os juniores do Sporting – era inevitável a realização de treinos no domicílio. Quem teve a iniciativa de treinar em casa?

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Foi algo que surgiu naturalmente, é como se você percebesse que a pessoa que está ao seu lado precisa de algo que você tem e pode oferecer. Melhor ainda se for pra alguém que amamos.

Quantas vezes treinam e durante quanto tempo? De que forma estão organizadas as sessões?

O meu filho segue um plano de treinos enviados pelos treinadores do Sporting. A sua rotina é realizá-los durante as manhãs. À tarde, realizo treinos específicos de guarda-redes. Confesso que, devido ao contexto, é impossível aplicar a minha metodologia porém, é o que menos me importa. Quero que meu filho através do contato com a bola, acredite que logo poderá voltar a ter a sua rotina normal, fazendo aquilo que ama.

É mais fácil ou difícil trabalhar com o seu filho do que imaginava?

Acima de tudo, é sempre uma emoção muito grande para mim como pai, treinar meu filho. É fácil trabalhar com ele, é um menino muito disciplinado e segue bem as orientações. Além de ser fácil, fortalece nosso vínculo. Como eu frisei anteriormente, para mim o que importa é o lado psicológico, o facto de dividirmos a mesma paixão facilita as coisas e os momentos em que estamos treinando ajuda-nos a esquecer um pouco o contexto negativo que está do lado de fora de casa.

É possível atenuar os efeitos da paragem com os treinos?

É possível atenuar. Substituir nunca. Mas as consequências ao certo não podemos afirmar porque ainda não temos datas previstas de retorno. Por mais que tentemos controlar vamos sempre depender da responsabilidade e profissionalismo de cada atleta.

 

«Os guarda-redes com quem trabalho já me deram provas no dia-a-dia do quanto respeitam a instituição Vitória»

 

Como tem sido trabalhar à distância com os guardiões do Vitória?

Os guarda-redes com quem trabalho, são muito profissionais e comprometidos e já me deram provas no dia-a-dia do quanto respeitam a sua profissão e a instituição Vitória. Eles têm planos individualizados de treinos que servem para a manutenção da condição física. Em relação ao trabalho específico de guarda-redes, tenho o mesmo pensamento que já expressei em relação ao meu filho. Preocupa-me a parte psicológica e através dos exercícios específicos que faço com meu filho e filmo, passo para eles e para os demais guarda-redes da formação do Vitória, para que dentro da realidade de cada um, consigam reproduzir da melhor maneira. Assim, vão mantendo o contacto com a bola que a nível mental faz bem para eles. Além disso, damos muitas risadas criando desafios que se tornam transversais, que todos os guarda-redes tentam realizar da melhor maneira, dos benjamins aos da equipa principal. Vale salientar que todos os atletas da formação do Vitória receberam planos e tem acompanhamento individualizado, orientados pela coordenação e respectivas equipas técnicas, num contexto multidisciplinar, que também contempla orientações dos nossos profissionais do departamento médico.

O que tem transmitido e o que lhe transmitem os seus familiares que estão no Brasil?

Perguntamos sempre, é claro, como estão as coisas. Fazemos troca de ideias e de orientações. Vamos uns dando força para os outros e tentando minimizar a distância e as preocupações.

E em Itália? Creio que têm lá família? Estão todos bem? Há alguma história que possa partilhar?

Apesar de a minha família ter nacionalidade italiana, nossos familiares estão todos no Brasil. Nós sofremos com as notícias que vêm da Itália e nos solidarizamos porque também nos sentimos parte integrante da família. A empatia e a solidariedade é para com todos os que sofrem neste momento de angústia, com esta nova doença que assola o mundo, com os que perderam seus entes queridos e com os que estão nos hospitais doentes e aguardando pela sua recuperação. Acredito na humanidade, que com fé e consciência seremos fortes o suficiente para ultrapassar o período mais assustador da nossa era até o momento.

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