Dificuldades financeiras obrigam Vitória a recorrer a novo PER

Dificuldades financeiras obrigam Vitória a recorrer a novo PER

Dificuldades financeiras obrigam Vitória a recorrer a novo PER

“O mecanismo é de alguma complexidade, mas foram aceites pelo Tribunal a 03.11.2023”, diz presidente

 

 

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As dificuldades financeiras sentidas pelo Vitória para fazer face aos compromissos assumidos com os credores nos Planos Especiais de Revitalização (PER’s) que tem em curso, bem como as despesas correntes, levaram o clube a recorrer novamente ao mesmo mecanismo. A confirmação foi dada a O SETUBALENSE pelo presidente dos sadinos, Carlos Silva, que revela que o Tribunal aceitou os novos PER’s no passado mês de Novembro.

“O mecanismo é de alguma complexidade, mas os mesmos foram aceites pelo Tribunal a 03.11.2023”, começou por esclarecer o dirigente, explicando as razões que levaram a recorrer ao plano. “A aceitação significa isto que o Vitória demonstrou, perante o Tribunal, que estava a executar os anteriores e que o novo pedido é motivado por factos alheios àquele. Existem alterações supervenientes, no caso, principalmente, da descida de divisão e da continuada receita zero”.

O dirigente, que está em funções desde Dezembro de 2020, não esconde que as dificuldades financeiras são uma realidade que afecta o quotidiano de quem trabalha no Bonfim. “As dificuldades existem. Nunca, desde que chegámos ao Vitória, lidámos com o dia-a-dia sem essas dificuldades”, sublinha. Para os atletas e demais funcionários um dos factos que alimenta o contexto difícil que se vive são as ausências cada vez mais prologadas do investidor Hugo Pinto, cuja presença em Setúbal tem sido menos assídua.

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Carlos Silva encara com naturalidade a ausência do detentor de 89% do capital da SAD, garantindo que existem elementos na estrutura para assegurar a gestão. “O Hugo Pinto encontra-se temporariamente ausente devido a compromissos profissionais. Tal como em qualquer actividade, está sujeito a imponderáveis. No entanto, o Vitória tem na sua estrutura pessoas competentes para dar continuidade ao projecto, mesmo nas suas ausências. Estes profissionais estão em contacto regular com ele, assegurando uma gestão eficiente”.

Questionado sobre se as dificuldades de gestão podem comprometer os objectivos traçados para a equipa principal de futebol, que vem de duas derrotas consecutivas no Campeonato de Portugal, o presidente da direcção é peremptório. “Os objectivos foram definidos de forma consciente no início da época e estamos a trilhar o nosso caminho para alcançá-los, acreditando firmemente no nosso projecto e na capacidade de trabalho de toda a estrutura”.

Não obstante, a árdua tarefa que há pela frente, Carlos Silva assegura que o objectivo da subida à Liga 3 se mantém intacto. “Sempre frisámos que é esta a nossa forma de estar, conscientes das dificuldades que existem há muito, desde que aqui chegámos. No Vitória trabalhamos passo a passo, jogo a jogo, dia após dia, e é nesse registo que continuaremos a ir atrás daquilo a que nos propusemos para 2023/2024. Nada mudou”, disse o homem que presidiu o clube nos últimos três anos.

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Fecho do Bingo reflecte dificuldades

 

O exemplo mais flagrante das enormes dificuldades que o clube vive foi, a partir do passado dia 1 de Janeiro, o encerramento definitivo do Bingo que atirou 28 trabalhadores para o desemprego com o salário e subsídio de Natal em atraso. “Importa transmitir que qualquer despedimento em qualquer situação é sempre uma decisão muito difícil de tomar por todas as razões óbvias”, diz o dirigente, referindo que “razões superiores, nomeadamente a sustentabilidade do Vitória, assim o obrigaram.  O encerramento do Bingo prende-se com o elevado prejuízo acumulado ao longo dos últimos dois anos (2022 e 2023), que ascende a mais de 500.000 euros”.

Ao nosso jornal, Carlos Silva disse que, além dos avultados prejuízos, outras situações de funcionamento da sala de jogo estavam a prejudicar o clube. “Existiam situações no funcionamento do Bingo de difícil entendimento, nomeadamente, e para além de outras, que nos reservamos de as manifestar, o horário de trabalho dos seus funcionários, que trabalhavam quatro dias e folgavam outros quatro,  trabalhando apenas 15 dias no mês, mas recebendo o seu salário na totalidade”.

E acrescenta: “Embora o Vitória tenha tentado alterar essa dinâmica, nunca existiu essa disponibilidade por parte dos representantes sindicais dos trabalhadores. Apenas nas últimas reuniões, com as chefias, a situação começou a ser ponderada, reconhecendo-se agora, infelizmente, numa fase já tardia e sem possibilidade de retrocesso”, disse, considerando que face “a muita oferta de jogo ‘on-line’, os bingos tendem naturalmente a acabar e não será por mero acaso que das muitas dezenas de bingos que existiam em Portugal, atualmente apenas estejam seis a funcionar”.

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