19 Abril 2024, Sexta-feira
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Miguel Aleixo: “O desporto foi e será sempre a vertente mais forte do São Domingos Futebol Clube”

Entrevista ao presidente Miguel Aleixo

No ano do centenário colocou o futebol de praia na divisão de elite, inscreveu uma equipa de juniores na AF Setúbal, os veteranos venceram a Supertaça da Liga do Sado e o atletismo esteve numa prova internacional

 

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A 28 de Março de 2022, o São Domingos Futebol Clube comemora 101 anos de existência. Neste sentido, o SETUBALENSE foi ao encontro do presidente do clube, Miguel Aleixo, a quem colocou algumas questões sobre a forma como decorreu o ano do centenário.

O São Domingos Futebol Clube comemorou 100 anos de existência, no ano que agora terminou. Como foi presidir o clube em ano tão importante para a sua história?

Em termos de empenho, dedicação e responsabilidade, nada se alterou. Desde que assumi a presidência do clube, há quase 10 anos, que continuo a trabalhar da mesma maneira, única e exclusivamente com amor à camisola, como faz a esmagadora maioria dos dirigentes voluntários por esse país fora, com muitas horas de trabalho gratuito em prol do clube e pouquíssimo tempo disponível para a família e amigos.

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Mesmo assim, apesar de voluntários, por vezes não deixam de ser criticados. Certo?

Sim, é verdade (risos), mas com o passar dos anos vamos ganhando a experiência necessária para ignorar certas críticas, pois se nem Deus agradou a todos, quem sou eu para ter que agradar. Desde que esteja de consciência tranquila no desempenho das minhas funções, continuarei a trabalhar à minha maneira, com o apoio dos directores que escolhi. Quando outros associados pensarem que estamos a mais, só têm que se candidatar aos órgãos sociais do clube e vencer as eleições. Depois de tantos anos de trabalho, de voltarmos a colocar o nome do São Domingos na ribalta, jamais entregaremos de mão-beijada os destinos do clube a quem quer que seja, só por entregar. Aqui não existe ditadura nem lugares eternos, mas não permitiremos que qualquer oportunista venha usufruir em proveito próprio o trabalho que desenvolvemos nos últimos 10 anos. A instituição estará sempre acima de qualquer associado, dirigente ou atleta e deverá ser respeitada como tal.

Mas não fica com um brilhozinho nos olhos por ter sido o presidente do Centenário?

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Pode parecer mentira, mas não sinto nada disso actualmente, talvez o venha a sentir daqui a alguns anos, mas agora não. Agora o que me interessa é continuar a tentar dar as melhores condições possíveis aos sócios, atletas e simpatizantes, agradecendo sempre o apoio dos nossos patrocinadores, Câmara Municipal de Setúbal e Junta Freguesia S. Sebastião e elevar cada vez mais o nome deste velhinho clube de bairro. Prefiro os títulos colectivos a títulos individuais e a prova disso é que tenho oferecido ao clube todos os títulos individuais que conquistei, quer como atleta, quer como dirigente associativo.

A atribuição da Medalha de Prata da Cidade de Setúbal foi uma boa prenda?

Quando a Câmara Municipal de Setúbal nos atribuiu, aquela que é uma das mais altas distinções do Município, fiquei deveras feliz, porque até hoje, no que respeita a clubes desportivos, só o Vitória Futebol Clube havia recebido a Medalha de Ouro. Assim sendo, receber a Medalha de Prata foi para nós um grande orgulho, mas com o decorrer do ano, outras conquistas importantes foram alcançadas.

Como, por exemplo?

Apesar da pandemia que se instalou no mundo e fez muita gente andar mais devagar e mais receosa, para nós em 2021 foi o ano em que mais trabalhámos. É verdade que a vertente cultural do clube ficou um pouco aquém do habitual porque não pudemos organizar os tradicionais bailaricos de verão, mas nessa mesma área, lançámos o Hino Oficial do Clube, fomos o primeiro clube da cidade a eternizar nas paredes da sede social, através de pinturas, atletas do clube em diversas modalidades, e trabalhámos muitíssimo no Livro do Centenário, cujo lançamento está para muito breve. E aqui temos que realçar o importante apoio do jornal “O Setubalense” na sua divulgação quinzenal, livro esse, que irá engradecer não só a história do clube, mas também a história da própria cidade, por se tratar de uma obra literária de elevado relevo para quem gosta de história e para o movimento associativo em geral. E se na vertente social continuámos a colaborar com diversas instituições, na vertente histórica, conseguimos também terminar a construção do futuro “Espaço Museu Rafael Aleixo”, que será inaugurado precisamente no dia do 101.º aniversário, a 28 de Março de 2022.

E no que ao desporto diz respeito, como foi o ano do centenário?

O desporto foi e será sempre a vertente mais forte do São Domingos Futebol Clube. No ano de 2021 destacamos a Escola de Futebol de Formação que está neste momento com 140 atletas nos diversos escalões, e pela primeira vez na história do clube conseguiu inscrever uma equipa de juniores, federada. O atletismo esteve representado também pela primeira vez numa prova internacional através do atleta Sérgio Casal que participou na Maratona de Málaga (Espanha), a equipa de futebol veterano venceu pela primeira vez a Supertaça da Liga do Sado e actualmente comanda a tabela classificativa do campeonato com oito vitórias e um empate nos 9 jogos disputados e, obviamente, a qualificação da equipa de Futebol de Praia para a prova máxima da modalidade em Portugal, a Divisão de Elite.

A propósito do futebol de praia, quais são as maiores “dores de cabeça” neste momento?

Das 53 equipas de futebol praia existentes no nosso país apenas oito disputam a prova máxima. De Almada até ao Algarve, o São Domingos Futebol Clube é o único representante da modalidade na Divisão de Elite e, apesar de todos os jogos serem televisionados e continuarmos à espera de patrocinadores, iremos com os poucos recursos que temos, tentar a manutenção e divulgar por este país fora, a nossa cidade de Setúbal. Estamos tristes por nenhuma das grandes empresas da cidade nos apoiar, e ganhar com isso mais visibilidade através da televisão, mas ainda não perdemos a esperança porque poderão ter também mais benefícios fiscais dado que possuímos desde 2021 o Estatuto de Utilidade Pública, algo que pouquíssimas associações setubalenses conseguiram até aos dias de hoje. O São Domingos parte em desvantagem porque continua a bater à porta de investidores enquanto as restantes equipas da Elite, a maioria com atletas profissionais (Braga, Sporting, Benfica, Varzim, Buarcos, Sótão e Leixões) têm todas as condições necessárias para participarem na competição. Resta-nos esperar que alguém acredite no nosso projecto que começou em 2015 e mais a sério em 2018 com resultados fantásticos, duas presenças na fase final do Campeonato Nacional e subida à Elite. Só nós sabemos o que sofremos para lá chegar mas conseguimos por mérito próprio. Dignificámos muito bem a cidade de Setúbal onde que eu saiba apenas duas equipas seniores disputam a prova máxima dos respectivos campeonatos nacionais, a equipa de andebol do Vitória FC e a equipa de futebol praia do São Domingos. Por isso, acreditamos que a CM Setúbal e a JF São Sebastião nos irão continuar a apoiar, como sempre tem acontecido.

Ter uma sede social que funciona como restaurante parece ser uma grande ajuda mas há que não concorde com isso. O que pode responder a quem discorda desta situação?

Sinceramente, reajo a sorrir. Quem manda na sede social são os sócios do clube e, se em 2012 tínhamos apenas 85 associados e actualmente temos precisamente 731, muito se deve a esses almoços, pois as pessoas comem, gostam, divertem-se, voltam, fazem-se sócios do São Domingos e vão passando a palavra aos amigos. Obviamente que todos nós preferimos ter uma sede social bem composta diariamente, do que uma sede às “moscas”, pois a maioria das actividades desportivas e culturais são em parte sustentadas com a quotização dos associados. Sem eles, seria impossível termos tantas actividades e tantos atletas (actualmente 197, divididos pelo futebol de formação, futebol praia, futebol veterano, pesca, atletismo e ciclismo). A única palavra que encontro para justificar esses comentários menos abonatórios é a palavra inveja.

Para finalizar, já existe data para o lançamento do Livro do Centenário?

Posso adiantar em primeira mão que o livro muitíssimo bem elaborado pelos investigadores / escritores Eupremio Scarpa e João Santana da Silva reconstrói a história deste clube nascido em 1921, fundador da Liga de Football de Setúbal e da Associação de Futebol de Setúbal, lugar de resistência anti-salazarista e protagonista do desporto popular da cidade. Será uma oportunidade de descobrir estes heróis quase desconhecidos, que colocaram e continuam a colocar, em 2021, um pequeno bairro da cidade nas bocas do mundo. O livro está terminado e em fase de revisão, acreditamos que seja lançado no primeiro trimestre de 2022, antes do próximo aniversário do São Domingos Futebol Clube.

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