29 Março 2024, Sexta-feira
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“Podemos culpar a pandemia e o azar em alguns jogos mas a responsabilidade é do treinador”

DUARTE MACHADO E A SUA SAÍDA DO PALMELENSE

A equipa tinha potencial mas não estava a conseguir bons resultados e o treinador pediu a demissão a três jornadas do fim do campeonato.

 

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Duarte Machado, de 38 anos, levou o Palmelense na época passada ao 6.º lugar da tabela classificativa, o bom trabalho realizado levou a direcção do clube a apostar de novo em si para comandar a equipa no Campeonato Distrital da 1.ª Divisão.

O objectivo para 2020/2021 era fazer melhor que na época anterior mas isso não foi conseguido e o treinador acabou por pedir a demissão do cargo que passou a ser desempenhado pelo seu adjunto, Edu.

Para tentar saber o que não correu bem, o SETUBALENSE falou com Duarte Machado que se considera o principal responsável pelo fracasso.

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Que razões o levaram a pedir a demissão do cargo de treinador?

Os resultados não eram aqueles que nós queríamos mas a saída nada teve a ver com o facto de termos caído no último lugar. Desde o primeiro jogo após o desconfinamento [Moitense] que a equipa não estava a reagir nem a chegar onde nós gostaríamos que chegasse, porque tinha potencial para isso. Tentámos tudo, mudámos algumas posições, e outro tipo de conceitos, para que pudéssemos ter sucesso, e aqui não estou a falar apenas de resultados, mas sim que o futebol fosse mais atractivo e que desse prazer aos atletas jogar e verificámos que isso não estava a acontecer. Sabemos que a pandemia trouxe muitas dificuldades aos clubes mas não podemos culpar apenas a pandemia pelos maus resultados. Ao longo da minha vida de treinador, que é curta, sempre achei que o treinador tem que se responsabilizar dentro e fora de campo pela sua equipa e fomos falando com a direcção para saber qual seria o melhor caminho a tomar porque os treinadores e os atletas vão e vêm mas os clubes ficam e o Palmelense, que está muito perto de chegar ao centenário, merecia melhor do que estava acontecer.

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Mas, concretamente o que se passou?

Quando uma equipa não consegue fazer boas exibições e demonstra alguma falta de personalidade a culpa é sempre do treinador porque não consegue no treino e nas suas palestras fornecer aos jogadores quilo que eles precisam. Assim sendo, achei que era altura de mudar e a direcção acabou por concordar comigo à terceira tentativa. Falei com os restantes elementos da equipa técnica e sugeri que o Edu ficasse até ao final da época por entender que era a pessoa certa para desempenhar as funções, não só pela sua competência mas também pelo amor e paixão que tem pelo clube. Resumindo, assumi as minhas responsabilidades e saí de forma tranquila mas muito triste porque não consegui deixar o clube numa posição mais confortável.

 

Quais foram então os motivos para que os bons resultados não tivessem aparecido? 

Nós nunca percebemos qual é o motivo principal. Podemos culpar os confinamentos e o azar que tivemos em alguns jogos, mas a responsabilidade é do treinador que não conseguiu construir algo para a equipa, para que os jogadores se sentissem confortáveis e desfrutassem o que estavam a fazer dentro de campo. Acredito que tenha existido uma série de falhas mas não sou homem, nem treinador, de fugir às minhas responsabilidades.

 

Nada teve a ver com falta de atitude dos jogadores?

Essas questões são sempre muito relativas. A falta de atitude dos jogadores pode pressupor que o treinador não teve uma influência positiva sobre eles, pode também pressupor outro tipo de coisas. Eu assumo aquilo que tenho que assumir como líder máximo da equipa. Todos estes jogadores foram escolhidos com o meu aval e não seria bom não assumir as responsabilidades. Os jogadores deram tudo aquilo que tinham com toda a certeza. Espero que até ao final da temporada ainda dêem mais e consigam fazer melhor

 

Qual o balanço que faz desta sua passagem pela Palmelense?

O Palmelense é um clube do qual eu aprendi a gostar. O convite foi feito pelo Bruno Pombo, com quem joguei há alguns anos. Para mim foi uma surpresa muito agradável ter conhecido o presidente e o Vítor, a pessoa que nos acompanhou mais de perto. Não foi um amor à primeira vista mas é um clube que vai ficar marcado no meu coração. Nestas duas épocas fez um esforço enorme para que pudesse dar o máximo aos atletas, mesmo em tempo de pandemia. No meu primeiro ano terminámos o campeonato numa posição confortável, que nos deixou orgulhosos e na segunda época tínhamos como objectivo ficar no top 5, como isso não foi conseguido é uma desilusão. De qualquer forma, creio que o trabalho que desenvolvemos com os atletas os vai deixar mais bem preparados para o futuro. Fico igualmente satisfeito com a integração de muitos jovens vindos dos juniores e da equipa de sub-22 e com a estreia de alguns, que tiveram a oportunidade de ter minutos na equipa sénior. Quer isto dizer que a época não foi em vão mas como é evidente fica sempre a desilusão das exibições e dos resultados menos bons. Espero que as coisas melhorem agora sob o comando do grande palmelão, do Edu.

 

E em relação ao seu futuro de treinador?

Não tenho nada em mente, não procuro fama, gosto de projectos. Quando cheguei ao Palmelense não conhecia o futebol distrital de Setúbal e conhecia poucos jogadores por isso o objectivo passava por ficar mais rico, em termos de conhecimentos e aprendizagem, e acho que isso foi conseguido porque conheci muita gente e fiquei com boas relações com as pessoas do Palmelense. Agora vou esperar por um projecto que seja aliciante, onde me sinta útil. Não tenho pressa, nem estou agarrado ao cargo de treinador, gosto de treinar, de formar e ensinar as vivências que tive e a experiência que tenho como treinador. Se conseguir um projecto a curto prazo melhor, se não conseguir vou esperar.

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