Saída obrigou a uma reformulação da orgânica autárquica e provocou “ondas de choque” no seio da estrutura local do partido
A renúncia de Nuno Canta ao cargo de presidente da Câmara Municipal do Montijo, a 20 de Junho passado, para assumir funções executivas na AMARSUL, abalou não só a orgânica autárquica como também a Comissão Política Concelhia do PS, que o ex-autarca então ainda liderava.
Primeiro, porque desde logo motivou/obrigou a uma redefinição da distribuição dos pelouros entre a gestão socialista – em maioria relativa no executivo –, com algumas das pastas mais importantes a mudarem de mãos (como a da Educação); depois, porque provocou “ondas de choque” no seio da estrutura partidária local.
Desde o momento em que O SETUBALENSE revelou em primeira-mão, ainda no início de Abril, que a passagem de Canta para a AMARSUL estava a ser tratada no segredo dos deuses e com pinças pela estrutura distrital socialista, então liderada por Eurídice Pereira, todo o processo em si acabou por se transformar num verdadeiro engulho. A situação foi malvista no PS local e mal digerida entre autarcas do partido e da oposição, que foram mantidos na escuridão até ao último instante.
A cerca de um ano e três meses das eleições autárquicas, a saída de Canta, além de ter apanhado tudo e todos de surpresa, foi criticada por muitos, dentro e fora do PS, por ser interpretada como uma solução arranjada à medida pelo partido para integrar no mercado de trabalho, com salário condizente, alguém que já não poderia recandidatar-se à presidência da Câmara do Montijo por força da lei de limitação de mandatos. Ou seja: o futuro de Canta, após 27 anos como autarca do PS no Montijo, foi garantido via partido.