Com o orçamento 2019 chumbado a Câmara do Seixal vai ser gerida em duodécimos. O presidente da Câmara diz que aumentos para os trabalhadores estão em causa assim como investimentos. Não perdoa à oposição nem ao presidente da Junta de Fernão Ferro
Depois da CDU ter visto o Plano e Orçamento 2019 da Câmara do Seixal recusado na Assembleia Municipal, o presidente da Câmara adianta que vai procurar “um quadro de entendimento com os partidos da oposição, que estão em maioria neste órgão. Para Joaquim Santos PS, PSD, CDS e PAN formaram uma “aliança negativa” e contaram com o apoio do presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro para chumbar o documento, uma decisão pela qual “têm de ser responsabilizados”, por “tentar atrasar o desenvolvimento do concelho”.
Mas o que o chefe do executivo seixalense considera mais estranho0foi o voto contra o Orçamento de Carlos Reis, presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro. Lembra Joaquim Santos que o planeamento para o próximo ano tinha cabimento para obras a executar em Fernão Ferro, que agora poderão não avançar. “Votou contra investimentos na sua própria Freguesia”. Agora o risco é de equipamentos como “o Cemitério Municipal de Fernão Ferro, o Pavilhão Municipal de Fernão Ferro não se fazerem”.
Mas aquilo a que Joaquim Santos chama de sentido de voto “sem justificação plausível”, toca mais uma vez Carlos Reis por ter votado “contra o aumento de verbas para as juntas de freguesia por transferência de competências”, uma matéria que, lembra, foi aprovada em Agosto passado.
O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO tentou contactar o presidente Carlos Reis até ao fecho da edição, sem o ter conseguido, no entanto, o autarca que foi eleito na lista independente “Somos Fernão Ferro”, publicou no seu mural do Facebook que o Orçamento foi chumbado porque Joaquim Santos “para além de não ter acatado as propostas dos diversos grupos municipais que visavam efectivamente uma verdadeira mudança para melhorar a vida da população de todas as Freguesias do Concelho do Seixal, não convocou o presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro impedindo a sua participação democrática na construção de um documento de gestão de extrema importância para a vida da população da nossa Freguesia, que continua a assistir a promessas de investimentos sem que sejam concretizados na realidade”.
E às obras que o presidente da Câmara diz estarem agora em causa, Carlos Reis aponta o campo de futebol, as piscinas, mais segurança rodoviária, mais e melhor limpeza urbana e água na rede pública para todas as habitações. E termina escrevendo: “os anos passam. As promessas não são cumpridas, Basta!”.
Algumas obras poderão ficar no papel
Com um orçamento que encaixava mais 2,5 milhões de euros que o de 2018, o chumbo terá efeitos imediatos até a CDU negociar com a oposição um entendimento para não ver novo orçamento recusado, o qual não será apresentado muito antes de Abril. As juntas de freguesia poderão ver a transferência de verbas da Câmara não aumentadas, mas aqui Joaquim Santos considera as juntas que votaram a favor do orçamento “não podem ser penalizadas”, com isto o provável é terem verbas actualizadas enquanto Fernão Ferro poderá ficar com as verbas na base do orçamento do ano passado. “Vamos ver se fica no orçamento 2018 ou de 2019”, poderá o presidente da Câmara.
Outra consequência do não ao planeamento para 2019, é que já partir de Janeiro a Câmara vai ter de ser gerida com duodécimos. “Os mais lesados vão ser os trabalhadores”, diz o autarca. “Não vamos poder contratar mais trabalhadores e aumentar os actuais”, acrescenta. Mas também diz que ”existem soluções” e só por motivação partidária a oposição veio “criar dificuldade à gestão da Câmara”.
Este novo quadro de financeiro também poderá encalhar algumas obras já previstas ou mesmo em andamento, é o caso da “Piscina Municipal de Paio Pires, as escolas da Quinta de santo António e Aldeia de Paio Pires e Mercado Municipal da Cruz de Pau”, indica o chefe do executivo, que explica serem execuções que tiveram uma pequena verba em 2018 para arranque, sendo a obra terminada em 2019, sem orçamento “vai ser difícil”, comenta Joaquim Santos.