Secretário de Estado do Ambiente desaponta produtores de arroz e agricultores da região. Carlos Martins esteve ontem nas barragens de Pego do Altar e Vale do Gaio, no âmbito da visita da Comissão de Ambiente e Ordenamento do Território a Alcácer do Sal. Mas o governante não levou as respostas que mais interessavam aos produtores e agricultores
O Governo “não tem nenhuma solução milagrosa repentina” para fazer face ao problema da seca severa que atingiu a Bacia Hidrográfica do Sado. Esta foi a resposta do secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, às preocupações apresentadas pelo presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, Vítor Proença, e agricultores da região, durante uma visita de trabalho realizada ontem ao concelho do litoral alentejano.
O governante assumiu não existirem respostas imediatas para o problema, gorando as expectativas do autarca, de produtores de arroz, de representantes da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sado e da Associação dos Agricultores de Alcácer do Sal. Carlos Martins visitou as barragens de Pego do Altar e de Vale do Gaio no âmbito da visita da Comissão de Ambiente e Ordenamento do Território que se deslocou a Alcácer do Sal. Os 11 deputados da Assembleia à República, que integram a referida comissão, constataram a situação de seca severa nas barragens e ouviram as preocupações do autarca, agricultores e produtores de arroz.
“Questionado sobre uma solução imediata para responder às preocupações dos produtores de arroz de Alcácer do Sal, que temem não poder semear em 2018, o secretário de Estado admitiu não ter ‘nenhuma solução milagrosa repentina’, anunciando o que de imediato está a ser feito: ‘Vamos avançar com a retirada de sedimentos das barragens que ocupam quase 15 a 20 por cento da sua capacidade natural no início do próximo ano’”, revelou a Câmara Municipal de Alcácer do Sal em nota de Imprensa, citando o governante.
Vítor Proença esperava mais do governante
Segundo a autarquia, o governante admitiu ainda que em 2018 o Governo vai estar em “estreita ligação com os utilizadores e com estudos técnico científicos que justifiquem do ponto de vista económico a construção de novas barragens”.
“O alargamento do perímetro do Alqueva também está a ser estudado pela Águas de Portugal e pela Edia que visa a compatibilidade agrícola com o abastecimento de água, mas soluções para os agricultores e produtores de arroz para o próximo ano agrícola nada adiantou”, salienta a autarquia, citando de seguida a explicação apresentada por Carlos Martins: “A albufeira de Pego do Altar não pode receber água a partir de outra origem e por isso só a natureza é que nos pode trazer uma solução”. O Governo está a tentar encontrar uma solução para antecipar situações críticas para minorar preocupações dos agricultores, avançou o secretário de Estado do Ambiente.
No final da visita, o presidente da Câmara Municipal de Alcácer do Sal disse que aguardava com expectativa uma resposta do secretário de Estado, mostrando-se assim desapontado.
A deslocação da Comissão de Ambiente e o do secretário de Estado a Alcácer do Sal prolongou-se durante a tarde com uma reunião com várias entidades e representantes das organizações locais ligadas à produção de arroz e à agricultura. O encontro, que decorreu no Salão Nobre da Câmara Municipal de Alcácer do Sal, contou com as presenças de autarcas, como o presidente da Câmara Municipal de Grândola e vereadores nas câmaras de Sines e Santiago do Cacém. Os representantes das associações deram conta aos deputados e ao secretário de Estado do impacto que sentem devido à seca e temem que se nada for feito, e se as medidas não forem concretizadas e calendarizadas, a região possa ser fortemente penalizada em termos económicos.
Recorde-se que a Câmara Municipal de Alcácer do Sal, em conjunto com as associações de Alcácer do Sal, solicitou uma reunião ao ministro da Agricultura para encontrar uma solução para 2018, mas até à data o Ministério não respondeu.