Está para durar a polémica em torno das eleições do Vitória de Setúbal agendadas para a próxima quinta-feira. Depois de se terem apresentado na quinta-feira duas listas à corrida pela direção – uma liderada por Vítor Hugo Valente (A) e outra por António Santos (B) -, o líder da AG, Fernando Cardoso Ferreira, anunciou sexta-feira a exclusão da lista A por “erro grosseiro” na inscrição de um dos elementos da sua lista.
O advogado refuta a irregularidade e já anunciou que vai até às últimas instâncias para repor a verdade, que, diz, está do lado da sua lista. Com o afastamento da lista de Vítor Hugo Valente, António Santos, ex-treinador de andebol do Vitória, tem via aberta para se tornar o sucessor de Fernando Oliveira na liderança do emblema setubalense. A novela eleições conhecerá novos capítulos nos próximos dias.
Depois da decisão polémica da mesa da Assembleia Geral de convocar apenas o sufrágio para a direção, deixando os demais órgãos sociais de fora (Conselho Fiscal e Disciplinar, Assembleia Geral e Conselho Vitoriano), os últimos dias foram férteis em episódios surpreendentes. Depois da apresentação das duas listas na quinta, houve desenvolvimentos logo no dia seguinte.
Na sexta-feira, ao final do dia, o presidente da Mesa da AG anunciou a exclusão da lista candidata de Vítor Hugo Valente às eleições para a direcção, justificando a decisão pelo facto de ter sido cometido um “erro grosseiro”. De acordo com o líder da AG, a lista apresentada pelo advogado Vítor Hugo Valente, ex-presidente da SAD vitoriana, tinha uma “irregularidade” que não é passível de rectificação.
“Constatou-se que o candidato a diretor, Luís Jacob, se identificou com um número de sócio, 1217, que corresponde a sócio empresa, a saber, Luís Jacob, Unipessoal, Lda. Tal como determinam os estatutos, o sócio empresa não pode ser eleito para os órgãos sociais. A circunstância de um candidato ser inelegível configura uma irregularidade insuprível”, frisou.
Na conferência, marcada pela contestação de alguns adeptos ao facto de não terem podido entrar na sala, Fernando Cardoso Ferreira, que por precaução pediu que fosse chamada a polícia, que chegou ao local pouco depois, recusa responsabilidade na exclusão da lista. “Quem cometeu o erro não foi o presidente da Assembleia-Geral, mas a lista que o fez de forma grosseira. Erro terrível não foi nosso. Não queremos que haja inversão do ónus da responsabilidade”, disse.
Valente vai até às últimas consequências
A resposta de Vítor Hugo Valente não se fez esperar. O advogado contestou a exclusão da sua candidatura, prometendo que “utilizará todos os meios ao seu alcance para defender os seus direitos salvaguardando sempre os interesses do Vitória”.
A candidatura de Vítor Hugo Valente elaborou apresentou documentos, entre eles o cartão de sócio do elemento em causa, com o objetivo de refutar a tese elaborada. “Sucede que, além do facto de esta empresa (Luís Jacob, Unipessoal, Lda.) não ser, nem ter sido, em momento algum, sócia do Vitória, é nítida a confusão com o associado, Luís Jacob, o qual, em seu nome próprio, integra a Lista A com o número de sócio 1.217, inscrito no clube desde 1978”, refere o esclarecimento. E acrescenta: “a sociedade Luís Jacob, Unipessoal, Lda foi constituída em 2015, o que, também e desde logo, atesta a impossibilidade de usufruir de um número de sócio inscrito no clube há 38 anos”.
Outro dos documentos disponibilizados revela que o sócio individual Luís Jacob adquiriu um camarote no Estádio do Bonfim. “O associado em causa, adquiriu, a 6 de Maio de 2017 um camarote no Estádio do Bonfim, tendo sido emitida a respectiva factura, pela VFC-SAD, em seu nome próprio, como aliás não poderia deixar de ser”, frisa.
A lista de Vítor Hugo Valente, que não exclui a possibilidade de ter existido “um erro dos serviços (administrativos) do clube”, afirma “não compreender a tomada de decisão nos termos em que foi anunciada”. “Como determinado no caderno eleitoral publicado em conjunto com a convocatória das presentes eleições, após a apresentação das listas o presidente da mesa da AG, verificando-se alguma irregularidade (que no caso concreto, não existiu), deveria notificar o mandatário da lista A para corrigir eventuais irregularidades, num prazo de 48 horas”, vinca.
Vítor Hugo Valente e António Santos, que no mês de Março tinham sido derrotados pelo presidente demissionário sadino Fernando Oliveira, foram os únicos a apresentar listas candidatas à presidência da direção do Vitória de Setúbal, em ato eleitoral que está agendado para 21 de Dezembro, mas, com a exclusão do primeiro, apenas António Santos concorre ao mesmo.