João Afonso: “Os cidadãos do distrito olham para o PSD como uma espécie de primo direito do PS”

João Afonso: “Os cidadãos do distrito olham para o PSD como uma espécie de primo direito do PS”

João Afonso: “Os cidadãos do distrito olham para o PSD como uma espécie de primo direito do PS”

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O social-democrata considera que o partido sofreu o maior golpe político da sua história na região. E lança duras críticas à distrital

 

João Afonso assume-se como voz contra-corrente no seio do PSD no distrito de Setúbal e defende que o partido tem de “dialogar” e criar “pontes” com o Chega”. No rescaldo das legislativas, o social-democrata, que preside à Comissão Política da Secção do Montijo, desvaloriza o resultado obtido pela Aliança Democrática (AD) neste círculo eleitoral e deixa recados, com duras críticas à mistura, à distrital laranja.

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“Nos últimos anos o discurso do partido não colhe no sul do País, em geral, e no nosso distrito, em particular. E o partido não entende isto. Os cidadãos do distrito de Setúbal olham para o PSD não como um partido reformista e popular, com capacidade para alavancar a região, mas sim como um partido que é uma espécie de primo direito do socialismo”, atira, antes de se debruçar sobre os resultados eleitorais de 10 de Março.

“Um partido [PSD] que, no plano político, está há 50 anos no distrito de Setúbal e é ultrapassado a toda a velocidade por outro que está cá há meia-dúzia de anos [Chega]… Isto tem de preocupar-nos. Temos de olhar para esta realidade e não ficarmos agarrados à pequena contabilidade de termos passado de três para quatro deputados [eleitos pelo distrito], o que não deixa de ser positivo.” Até porque, justifica o responsável pela estrutura local do partido no Montijo, o PSD tem de encarar “um problema sério”, tendo em conta que “foi o Chega quem se tornou alternativa ao socialismo no distrito, relegando o PSD para um plano secundário”.

“Temos de ser capazes de mudar esta situação e não termos uma abordagem um pouco fantasiosa e cor-de-rosa no distrito. Temos de ter a humildade de perceber que as pessoas deram-nos um cartão amarelo, no mínimo, e de reconhecer que não temos estado à altura dos acontecimentos”, diz João Afonso, que vai ainda mais longe nas críticas lançadas para dentro do partido.

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“O PSD não quer entender o que está a acontecer no distrito de Setúbal. Oiço o que é dito por todos os dirigentes a nível concelhio e distrital e vejo (excepção feita ao Montijo) um total desfasamento da realidade. Temos um problema de fundo, que é o da bipolarização entre Chega e PS, bem vincada nas últimas eleições. Este é um dos mais significativos golpes políticos que o PSD sofreu na sua história no distrito. Obriga-nos a mudar a nossa forma de fazer política. Isto é uma questão de sobrevivência política do PSD nos próximos anos”, afirma.

“Temos de falar com o Chega”

Sem se deter, o social-democrata – que é também vereador na Câmara Municipal do Montijo e que viu ser aprovada, no Congresso Nacional do PSD, logo em Julho de 2022, a sua recandidatura para as autárquicas de 2025 – deixa um alerta e dispara: “Nós perdemos o foco, que deveria ser o combate ao socialismo clientelar e corrupto. Infelizmente deixámos esse objectivo entregue ao Chega, sobretudo, e à Iniciativa Liberal. Não temos esse pensamento político, o PSD é hoje visto como um partido distante e elitizado. Se não acordarmos para a realidade, atendendo a que somos praticamente uma inexistência autárquica na maioria dos concelhos do distrito – com excepção, mais uma vez, do Montijo –, o PSD está em maus lençóis.”

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Ao mesmo tempo, aponta o caminho a seguir. “Temos de dizer aos nossos cidadãos que não temos medo de combater esta tropa-fandanga, que é o socialismo e o comunismo, e é preciso de forma clara dizer que é necessário dialogar com o Chega e a Iniciativa Liberal. São precisos entendimentos nas eleições autárquicas de 2025. É preciso que o PSD tenha respeito democrático pelos cidadãos que votaram no Chega e não se ficar apenas por dizer que não considera os eleitores desse partido nem racistas nem xenófobos ou de extrema direita. Precisamos de falar com a estrutura do Chega e estabelecer pontos de convergência”, considera.

A concluir, João Afonso lembra que existe “um clima de medo instalado no sul do País”, face a “problemas com comunidades étnicas que, maioritariamente, desrespeitam as leis e os outros cidadãos” bem como com “o aumento descontrolado da imigração”, a que se junta “falta de segurança, rotura dos serviços públicos e um problema gravíssimo ao nível da habitação”.

Autárquicas 2025 João Afonso defende coligação com o Chega

Nas últimas autárquicas, João Afonso encabeçou a candidatura conjunta de PSD/CDS/Aliança que ficou a 350 votos de ganhar a Câmara Municipal do Montijo. Vai recandidatar-se em 2025 e abre a porta a uma coligação com o Chega. “Não há razão alguma para não nos associarmos e não nos entendermos. No Montijo, o PSD ao longo dos últimos anos tem mantido contactos com todos os partidos, nomeadamente com o Chega. Pela minha parte, o PSD no Montijo está disponível para entendimentos, mas respeitamos a posição do partido e a dos outros partidos. Relevante é perceber que faz sentido que todas as forças não socialistas se agreguem no distrito num projecto que procure alterar e afastar o socialismo clientelar no distrito”, afirma.

Porém, a eventual coligação a que o líder concelhio dos social-democratas aponta será sempre diferente daquela que foi estabelecida em 2021 com CDS e Aliança. “Não é repetível, por várias razões e até porque o CDS está praticamente morto, não tem eleitorado”, remata.

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