26 Junho 2024, Quarta-feira

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Pedro Afonso: “Sonho bater o recorde mundial dos 200 metros abaixo dos 19 segundos nos Jogos Olímpicos”

Pedro Afonso: “Sonho bater o recorde mundial dos 200 metros abaixo dos 19 segundos nos Jogos Olímpicos”

Pedro Afonso: “Sonho bater o recorde mundial dos 200 metros abaixo dos 19 segundos nos Jogos Olímpicos”

Montijense, que representa o Vitória de Setúbal, sagrou-se campeão nacional sub-18 de atletismo nos 60 e nos 300 metros, em pista coberta. E com recordes nacionais

 

Foi apontado pela Federação Portuguesa de Atletismo como a “estrela” dos campeonatos nacionais de pista coberta em sub-18, disputados em Braga a 3 e 4 deste mês. E não era para menos, já que Pedro Afonso, 17 anos, residente em Montijo e atleta do Vitória de Setúbal, acabara de se sagrar campeão nos 60 metros e nos 300 metros, estabelecendo ainda os recordes nacionais nas duas distâncias. Os 34,17 segundos que levou a correr os 300m constituiu, então, melhor tempo europeu e segundo melhor a nível mundial deste ano em sub-18.

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Em reposta a um conjunto de questões enviadas por O SETUBALENSE, o jovem prodígio dá a conhecer como chegou ao atletismo e como é o dia-a-dia de um campeão, que tem de conciliar os treinos com os estudos que prossegue na Secundária de Alcochete, na área de ciências e tecnologias. A agenda é preenchida de manhã à noite. Ainda assim, consegue ter dois “hobbies”: tocar piano e ver documentários. Não esconde o sonho de ouvir o Hino Nacional com um triunfo nos 200m, abaixo da casa dos 19 segundos. E tem como referências Francis Obikwelu e Letsile Tobogo.

Quando começou a praticar atletismo?

Em Novembro de 2021.

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Como surgiu o gosto pela modalidade?

Sempre fui conhecido por ser rápido e desde cedo brinquei muito na rua, a correr de um lado para o outro. O meu primeiro contacto com o atletismo foi na escola quando participei no “Mega Sprint”, o que me deu um enorme gosto. Nessa altura já praticava hóquei em patins, mas como não havia nenhum clube de atletismo perto do local onde moro acabei por não entrar na modalidade. Durante o período da covid-19 acabei por parar de jogar hóquei, devido às regras impostas na pandemia.

Ao fim de algum tempo parado resolvi inscrever-me num clube de rugby em Alcochete, modalidade que fiz durante muito pouco tempo. Nem cheguei a fazer um jogo, mas foi aqui que comecei a ganhar o gosto por correr rápido. Depois de muitas placagens acabei por sair. Nesse Verão, estavam a decorrer os Jogos Olímpicos de Tóquio e lembro-me de ter ficado completamente preso à televisão a ver o atletismo. Foi aí que decidi que queria praticar atletismo. Falei com os meus pais e decidimos que quando começasse a escola iríamos contactar o Vitória de Setúbal, por isso comecei a treinar para que, quando esse dia chegasse, surpreendesse todos com a minha forma física.

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Esperava alcançar os títulos de campeão nacional nos 60 metros e nos 300 metros, ainda para mais com a obtenção de dois recordes?

Fui para os campeonatos nacionais em Braga com algumas ambições: bater o meu recorde pessoal nos 60m; e nos 300m baixar ao máximo o recorde nacional, tentar de certo modo torná-lo imbatível. Eu sabia que estes objectivos eram difíceis e foi por isso que os defini. Sou muito ambicioso e gosto sempre de meter as minhas ambições num nível muito alto, ainda no domínio realista, mas mesmo quase a ultrapassá-lo. Gosto de fazer isto, porque na realidade o meu objectivo em todas as provas é sempre fazer o melhor possível. Ao colocar ambições num nível tão alto fico focado em dar o meu melhor. Não só nas competições, mas em todo o percurso até lá chegar.

O que sentiu quando cortou a meta? Soube melhor o triunfo nos 60m ou nos 300m?

Sempre que corto a linha da meta, encho-me de curiosidade. Quero saber sempre quanto tempo fiz, se bati o meu recorde pessoal… Nos 60m senti-me curioso quando cruzei a meta, mas nos 300m foi diferente. Quase a chegar à meta tropeço e depois da meta jogo as mãos à cabeça. Senti-me como quando se tira um 99% num teste da escola: ficamos imensamente felizes, mas desiludidos por estarmos tão perto, perto demais do objectivo que tínhamos. Obviamente o triunfo dos 300m soube muito melhor do que o dos 60m. Além disso, gosto mais de fazer 300m. Foi uma das minhas corridas favoritas. Fiz na altura o melhor tempo do meu escalão na Europa e o 2.º melhor do Mundo. Tinha chegado a um patamar tão sonhado.

Quem tem como referências no atletismo?

Francis Obikwelu e Letsile Tobogo. Francis para mim é uma referência tanto como atleta como ser humano. Admiro imenso a sua carreira e a sua resiliência que fizeram dele vice-campeão olímpico. A sua humildade é um exemplo, para todos, característica que admiro muito. Letsile Tobogo é um atleta do Botswana, com 19 anos, que é vice-campeão mundial dos 100m e medalhado de bronze também no mundial nos 200m. Admiro muito Letsile pois ele é tão ambicioso como eu e mostra-me que, apesar de ainda ser muito jovem, consegue chegar à fina flor da velocidade mundial, o que também é uma ambição minha e dá-me esperança para também lá chegar.

Como é a sua rotina diária para conciliar os estudos com os treinos no Vitória?

O meu dia-a-dia é muito preenchido, não me sobra muito tempo fora da escola e do treino. O meu dia começa às 7h30. Despacho-me para as aulas que começam às 8h30 e terminam às 17h00. Depois das aulas lancho e preparo-me para o treino. Começo a treinar às 19h00 na pista de atletismo no Vale da Rosa. Chego a casa por volta das 22h00, janto e vou dormir. Todos os dias da semana.

Qual é o sonho maior que espera concretizar no atletismo?

O meu maior objectivo no atletismo é ter uma carreira feliz, longa e cheia de sucesso. Uma carreira que sirva de inspiração para todos. O ponto alto desta carreira, se fosse tão simples como escolher, seria bater o recorde mundial dos 200m nos Jogos Olímpicos, superando a barreira dos 19 segundos [n.d.r.: a melhor marca é de 19,19s e pertence a Usain Bolt desde 2009]. Esse obviamente seria o maior feito que alguém poderia alcançar nos 200m actualmente e estou a trabalhar para isso.

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