Paulo Raimundo e cabeça-de-lista por Setúbal afirmam que mudança de política só será possível com reforço da coligação comunista
A CDU esgotou este domingo o Fórum Luísa Todi, em Setúbal, com um comício distrital em que tanto o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, como a cabeça-de-lista pelo distrito, Paula Santos, defenderam que sem a coligação comunista não há alternativa à actual política, que classificam como sendo de direita.
“Se a opção for pela mudança só tem um símbolo; a foice e o martelo”, disse Paulo Raimundo, já depois de Paula Santos ter afirmado que “o que é preciso é uma política alternativa, como propõe a CDU”.
O secretário-geral do PCP até reconhece que há diferenças entre o PS e os partidos de direita, mas também semelhanças que os levam a juntar-se na defesa dos interesses dos grandes grupos económicos.
“Nós sabemos que o Partido Socialista não é igual ao PSD, que o PSD não é o mesmo que o CDS, que o CDS não é a mesma coisa que o Chega e que a Iniciativa Liberal, mas o problema de fundo com que nós nos confrontamos não está nas diferenças entre eles, mas nas semelhanças. Este é que é o grande problema que nós enfrentamos”, disse.
Num comício da CDU com lotação esgotada, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, Paulo Raimundo adiantou que, sempre que é preciso optar entre os interesses dos grupos económicos ou a vida dos portugueses, “lá se vão as diferenças que têm, lá se chegam as semelhanças, lá se alinham todos”.
O dirigente comunista lembrou que o PS e os partidos de direita “não faltaram à chamada para salvar o Novo Banco, para recusar a contagem do tempo de serviço dos professores, para travar avanços necessários nas leis laborais, para manter a injustiça fiscal ou para recusar a redução do IRC para as micro, pequenas e médias empresas”.
Para Paulo Raimundo, a única alternativa, nas eleições legislativas de 10 de março, para uma política de esquerda é o “voto na CDU”.
“A alternativa da qual nós somos portadores é aquela que trava a especulação e trava o aumento das rendas, que põe os milhares de euros de lucros da banca a suportar os aumentos das taxas de juro. É a alternativa que investe na habitação pública”, disse o secretário-geral do PCP, salientando que os partidos que manifestam preocupação com os custos destas medidas nunca tiveram a mesma preocupação com os encargos que foram necessários para salvar a banca.
Segundo Paulo Raimundo, é difícil que haja dinheiro para responder às necessidades do País e do povo e ao aumento dos salários que é devido aos trabalhadores face às prioridades dos últimos governos.
“Nós dizemos de forma muito clara: enquanto se garantirem as rendas das parcerias público privadas rodoviárias, que levam 1.000 milhões de euros por ano dos bolsos de cada um de nós, enquanto se entregarem 1.600 milhões de euros em benefícios fiscais aos grupos económicos, enquanto assim for, então é difícil que haja dinheiro para responder às necessidades do país, às necessidades do povo e ao aumento dos salários que é devido aos trabalhadores”, disse.
Heloísa Apolónia, dirigente do PEV e candidata em terceiro lugar na lista por Setúbal, defendeu que o voto útil é na CDU. “Quem vai votar tem que colocar no Parlamento aqueles que defendem os seus direitos. Isto é que é o voto útil.”, atirou a antiga deputada d’Os Verdes.
A mandatária distrital da candidatura, a antiga autarca Ana Teresa Vicente, assegurou que a CDU está a ter “boa aceitação” durante a pré-campanha na região e que, com as acções realizadas, 85 só na semana passada, percebeu que “há gente que votou no PS e que está muito descontente”.
“Não admitimos que seja a Vinci a decidir a localização do aeroporto”
O secretário-geral do PCP afirmou também que é urgente construir o novo aeroporto no campo de tiro de Alcochete e defendeu que não pode ser a multinacional francesa Vinci a decidir a localização da nova infraestrutura aeroportuária.
“Ao contrário dos partidos que se submetem aos interesses dos grupos económicos, nós dizemos com toda a determinação; não admitimos, mas é que não admitimos mesmo, que seja a Vinci a decidir, primeiro se há ou não há novo aeroporto, e, segundo, onde é que ele deve ser localizado”, disse Paulo Raimundo.
“Quem decide sobre as necessidades do povo, é o povo. Não é a multinacional Vinci que vem cá decidir se há, ou não há, e onde é que é o aeroporto. É altura, de uma vez por todas, de se avançar e de mostrar quem manda no país, que quem decide sobre os investimentos que devem ser feitos, não são os grupos económicos; é o povo e são aqueles que o povo elege”, frisou o líder comunista durante um comício da CDU em Setúbal.
Paulo Raimundo defendeu ainda a urgência de investimentos estruturantes na região de Setúbal, como o novo aeroporto, bem como de “uma terceira travessia sobre o Tejo, com a ligação rodoferroviária entre Barreiro e Chelas, de uma enorme importância para a mobilidade, para as populações, para a Área Metropolitana de Lisboa e para a Rede Nacional de Transportes e Logística”.
Com Lusa