“Há muito tempo que não se vivia um dia para a ferrovia em Portugal”, realçou Frederico Francisco
O futuro Corredor Internacional Sul, que vai ligar o Porto de Sines à fronteira do Caia, em Elvas, a partir de 2025, será o primeiro troço ferroviário de alta velocidade do País, destacou esta sexta-feira o Governo.
À margem de uma visita ao troço Évora Norte – Freixo da nova Linha de Évora, que faz parte do Corredor Internacional Sul, o secretário de Estado das Infra-estruturas, Frederico Francisco, assinalou uma das características desta ferrovia.
“Não se disse durante muito tempo, porque chamava-se a linha de mercadorias, mas isto é, na verdade, o primeiro troço de linha de alta velocidade em Portugal”, afirmou o governante, em declarações aos jornalistas.
Frederico Francisco salientou que, de acordo com as classificações internacionais, um troço de alta velocidade “é uma linha de caminho-de-ferro nova para velocidades iguais ou superiores a 250 quilómetros por hora”.
“E esta linha cumpre esse requisito”, vincou.
Segundo o governante, a nova ferrovia entre Évora e Elvas, ainda em construção, envolve “um investimento de cerca de 500 milhões de euros” e é também “o troço de linha de caminho-de-ferro mais extenso construído nos últimos 100 anos em Portugal”.
Acompanhado pelo presidente da Infra-estruturas de Portugal (IP) e pelos autarcas de Évora e de Redondo, entre outros, o secretário de Estado viajou esta tarde a bordo de veículo de inspecção no troço Évora Norte – Freixo da nova linha.
“Há muito tempo que não se vivia um dia para a ferrovia em Portugal”, realçou, referindo à cerimónia de lançamento do concurso para a construção do primeiro troço da Linha de Alta Velocidade (LAV) entre Lisboa e Porto e a esta viagem em Évora.
Questionado sobre o número e localização de plataformas logísticas a criar na região, Frederico Francisco lembrou que os municípios “fizeram um estudo que parece demonstrar a viabilidade económica” da infra-estrutura.
“Aquilo que temos que demonstrar é que conseguimos, juntando as cargas da região, gerar qualquer coisa como três ou quatro comboios cheios por semana e, a partir daí, é uma questão de escolher a localização mais adequada”, sublinhou.
Depois de ter ouvido o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, dizer aos jornalistas que, além das mercadorias, atribui “grande importância à possibilidade de utilização [da linha] por passageiros”, o secretário de Estado foi peremptório.
“É evidente que esta linha foi construída, desde o início, a pensar nas mercadorias e nos passageiros. Mesmo não estando planeadas estações de passageiros ao longo do seu trajecto, esta linha vai servir, por exemplo, para colocar Elvas a menos de duas horas de comboio de Lisboa”, assegurou Frederico Francisco.
O governante disse também ter a expectativa que, com esta linha, “passe a ser possível criar-se um serviço de passageiros entre Lisboa e Madrid decente”, eventualmente com paragem em Évora e Elvas, que permita aos viajantes “colocar o comboio como opção”.
Sobre os prazos da empreitada, o secretário de Estado reconheceu que “esta obra está atrasada face aos prazos iniciais”, precisando que o seu desenvolvimento não é uniforme e que o troço na zona de Elvas “está mais atrasado”.
Já a derrapagem orçamental, acrescentou, deve-se ao aumento dos preços dos materiais, mas “não é relevante”: “Se for 10%, é muito, mas não lhe chamaria derrapagem, porque resulta das revisões de preços, que são normais”, concluiu.
De acordo com o presidente da IP, Miguel Cruz, as obras de construção civil e colocação da infra-estrutura estarão concluídas no primeiro semestre deste ano, seguindo-se um período para trabalhos relacionados com sinalização.
“A expectativa é, em 2025, termos esta linha em funcionamento”, previu.