Reportório musical e muito humor são chamariz de convites para actuações e representações televisivas
Se existem ligações directas entre o nome de artistas e as suas cidades ou regiões de origem, uma das mais inequívocas é sem dúvida a dupla Toy – Setúbal. Não haverá seguramente ninguém que não saiba que Setúbal é a cidade de Toy, e posto isto, estava já justificada a referência a Toy nesta edição de aniversário de O Setubalense.
Mas existe toda uma longa e bem-sucedida carreira que deve e merece ser dissecada, que é afinal a razão para o conhecimento desta figura sadina.
O menino António Manuel, com os nomes de família, Neves Ferrão, foi muito precoce e aos 5 anos fez o seu primeiro espectáculo numa colectividade setubalense e entre os 11 e os 16 anos integrou o grupo de teatro da sociedade musical Capricho Setubalense.
Depois partiu para a Alemanha, onde ficaria durante cerca de oito anos, durante os quais, a par de outros trabalhos, manteve sempre a ligação à música, tendo inclusive gravado um disco com o grupo alemão Prestige, e trabalhado em vários estúdios de gravação.
Em 1984 apresenta-se com “Dias de Paz”, o seu primeiro disco, e “Depois de Ti”, ambos em nome de António Ferrão. “Mulher latina”, o terceiro disco, em 1988, marcaria o “nascimento” do artista Toy (nome pelo qual afinal, família e amigos sempre o tinham tratado).
No ano seguinte “Mãe (três letras de saudade)” é o tema de sucesso e também o nome de um álbum, cujo sucessor, “Por ti” sairia a público escassos meses depois. No mesmo ano de 90, Toy apresenta-se no Festival RTP da canção, com o tema “Mais e Mais”, alcançando o 2.º lugar e o Prémio de Interpretação.
É requisitado para compor para outros artistas e começam as deslocações aos Estados Unidos da América e Europa, sempre acarinhado pelas comunidades de portugueses. Com a Lambada na moda, Toy foi o primeiro português a escrever e a cantar aquele tipo de música, tendo vendido mais de um milhão de exemplares.
Os anos 90, no seu início, ficam marcados pela mudança para a então importante editora EMI/Valentim de Carvalho. As edições com o selo EMI iniciam-se com o single “E até quando”, em 1991, e tem continuidade com os álbuns “Anjo Vingador” (1992), “Quem é, Quem é? (1993), “Cahmpanhe e Amor” (1996) e a terminar o contracto, as colectâneas “Todos os sucessos” (1996) e “Chama o António – Série Caravela” (1997) e posteriormente, em 2006, “Grandes êxitos”. De todos estes álbuns, sairiam vários temas de sucesso comercial e popular, que cimentariam a carreira do cantor e compositor.
Muda-se, entretanto, para a editora Espacial, dando início a uma parceria que se prolonga até aos dias de hoje. “Aguenta-te com esta” (1997) e “Estupidamente Apaixonado” (1998), este um êxito eterno na carreira de Toy.
A primeira década do seculo XXI é marcada por intensa actividade em matéria de discos: “Tu foste o grande amor” (2000), “Eternamente teu” (2002), “Na casa do Toy” (2003), “É só sexo” (2004), “Sou Português” (2005), Romântico” (2005), “Directo ao coração ao vivo” (2007), “Recordações” (2008), “Recordações 2” (2009) e “Recordações 3” (2010), dos quais saíram êxitos para o futuro ou reagruparam os do passado.
Em simultâneo com esta actividade discográfica, faz a direcção Musical de concursos (“Buéréré”, “1,2,3” ou “Tic Tac Milionário) e telenovelas (“Tu foste o grande amor” ou “olhos de Água”) integra o júri de diferentes programas de televisão e em 2003 tem um programa em nome próprio: “Na casa do Toy”.
Se, entretanto, na década passada a produção discográfica foi menor, tal poderá ter acontecido, dado o aumento de participações em programas de televisão e em simultâneo corresponder aos êxitos que ia acumulando. Ao fazer zapping, cheguei a encontrar o Toy em simultâneo em três canais generalistas.
Ainda assim, para além da colectânea “Êxitos” (2011), edita “Enquanto estou vivo” (2012), gravado no Fórum Luísa Todi, em Setúbal, “Um amor especial – ao vivo” (2014), Coração não tem idade (2017), “Verão e Amor (Cerveja no congelador)” (2020) e mais recentemente “Isto é Paixão” (2021).
No período pós-pandemia, Toy é – aos 60 anos – seguramente um dos nomes mais solicitados para programas de televisão, quer para cantar quer como elemento de júri (o recente Tankmaster foi um sucesso, com Toy a assumir uma dedicação e entrega absolutamente únicas, o que lhe valeu grandes elogios, quer do público, quer dos seus colegas de painel, para da simpatia e do sentido de humor contagiante). No que respeita a concertos, as solicitações surgem de todo o país, porque ter Toy a cantar ao vivo é garantia de festa que arrasta multidões para cantar “Toda a noite” e a “Cerveja no congelador”, nomes pelos quais são reconhecidos por diferentes gerações os seus últimos êxitos, entre muitos outros êxitos, sempre até á exaustão.