Participação de 17 artistas quer contribuir para “a valorização das gentes e dos saberes das aldeias da Comporta/Carvalhal”
A associação cultural ‘Terrafoundation’ está a desenvolver um projecto que junta a comunidade de Grândola a artistas, ‘designers’ e músicos, com o objectivo de alertar para as alterações climáticas e apostar na sustentabilidade social.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a associação explicou que, através deste projecto artístico e experimental, que conta com a participação de 17 artistas, pretende “trabalhar a valorização das gentes e dos saberes das aldeias da Comporta/Carvalhal”, no litoral alentejano.
O projecto “reúne ‘designers’ com reputação mundial, numa vasta rede de artistas e investigadores que vão lançar projectos e iniciativas, usando a cultura como uma voz activa na intervenção social no território, no colectivo e na sustentabilidade nas suas múltiplas vertentes”, realçou.
“Esta plataforma começou a ser pensada antes da covid-19, numa altura em que começamos a perceber que queríamos colocar a cultura ao serviço da sociedade e que olhasse para alguns dos desafios”, como as alterações climáticas e as relações humanas, disse à Lusa a ‘designer’ e fundadora da ‘Terrafoundation’, Guta Moura Guedes.
Os projectos serão apresentados oficialmente este sábado, durante a inauguração da ‘Terrafoundation’ no Carvalhal, no concelho de Grândola, revelou a associação, que vai colocar à disposição do público um minicomboio que percorrerá os locais de visitação.
No âmbito das alterações climáticas, a associação criou o projecto “Comporta Estação Meteorológica”, integrado numa rede de 29 países a nível mundial, que desafia “o processo criativo de artistas musicais e de poetas a criar alertas” para as questões ambientais.
A estação será construída de forma “a fundir-se na perfeição com as dunas e a vegetação características da paisagem” e vai funcionar “como um espaço de investigação, produção e fruição cultural, envolvendo tanto a comunidade criativa como os habitantes e visitantes locais”, destacou a associação.
No que respeita à sustentabilidade social, foi desenvolvido o programa “Fazer o Bem” que visa o “empoderamento das mulheres através do design e do artesanato”, tendo sido seleccionadas “oito mulheres” residentes em Grândola.
Estas mulheres “trabalharam com alguns dos maiores ‘designers’ mundiais, como o suíço Yves Béhar, para criarem peças únicas de artesanato”, vincou a associação.
Inspirado na paisagem do Carvalhal, o projecto “Comporta Estação Meteorológica” “culmina com a produção de “boletins meteorológicos”, criações musicais e escrita de poesia, num jogo dinâmico entre o som, o ritmo e a palavra para alertar para as alterações climáticas”, lê-se no comunicado.
A associação cultural desenvolveu igualmente “um conjunto de residências criativas” naquele território e convidou “alguns artistas, criadores, poetas e músicos a observar o ecossistema natural e construído desta área que está em forte desenvolvimento”, adiantou Guta Moura Guedes.
“Um dos autores convidados foi Rafael Oliveira, um jovem fotógrafo angolano que fez o mapeamento visual deste ecossistema, trabalhou as imagens e, em conjunto com o director-criativo da Adidas, José Cabaço, construíram uma série de obras fotográficas” para a exposição “O dia abre os meus olhos”, indicou.
O encontro com o público, este sábado, está marcado para as 18h00, num antigo café do Carvalhal, onde será inaugurada a exposição fotográfica.
Segue, por entre os arrozais, onde estarão expostas “as 34 peças manufacturadas” pelas artesãs locais, e “quatro projectos inovadores” do ‘designer’ Yvez Béhar. Neste local, será apresentado o livro da jornalista Susana Marques que relata a experiência das mulheres no projecto “Fazer Bem”.
O evento termina, às 19h30, com um concerto, na duna onde será instalado o pavilhão temporário da estação meteorológica, na praia do Carvalhal, que “celebra o ecossistema natural, a força da música e da poesia”.