26 Junho 2024, Quarta-feira

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Centro Paroquial de Cacilhas vai mesmo ter de desocupar instalações cedidas pelo município

Centro Paroquial de Cacilhas vai mesmo ter de desocupar instalações cedidas pelo município

Centro Paroquial de Cacilhas vai mesmo ter de desocupar instalações cedidas pelo município

Câmara não vai ceder no braço-de-ferro com o pároco. IPSS com 80 crianças, 30 funcionários e apoio domiciliário a 20 idosos tem de abandonar o espaço em Agosto

 

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O Centro Paroquial e de Bem Estar Social de Cacilhas, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) do concelho de Almada, com valências de berçário e creche, com 80 crianças, e de apoio domiciliário a 20 idosos tem mesmo de abandonar as instalações provisórias onde funciona, já em Agosto.

Apesar das declarações públicas do pároco Quintino Trinchete, que tem dito que a IPSS terá de fechar várias valências se não puder continuar a funcionar nas instalações cedidas pelo municipio, a Câmara Municipal de Almada não vai ceder e responsabiliza a direcção do centro por ter abortado a solução que estava em curso.

A autarquia diz que a instituição desistiu da candidatura que tinha apresentado ao Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES). “Tínhamos todo o processo encaminhado para a candidatura ao programa PARES, e foi o centro paroquial que desistiu da candidatura”, disse a vereadora Teodolinda Silveira. A vereadora queixa-se de que a direcção da IPSS informou o Centro Distrital de Setúbal da Segurança Social da desistência da candidatura e “excluiu a câmara” dessa informação.

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O padre Quintino responde que o município “teve acesso a todos os documentos” e que sabia que o centro paroquial desistiu porque o promotor imobiliário responsável pela recuperação do Cais do Ginjal, o grupo AFA, “tem como compromisso construir um novo centro”.

Numa carta ao município, em Março, o pároco de Cacilhas assume claramente que é por estar à espera de um novo edifício construído pelo grupo AFA que desistiu da candidatura ao financiamento público.

“Desistimos da candidatura na medida em que tivemos uma proposta apresentada pelo Grupo AFA para a construção de um novo centro paroquial, totalmente financiado por esta entidade num terreno sito na Quinta do Almaraz, em Cacilhas, que obviamente fica totalmente enquadrado na nossa área de intervenção, junto da nossa população alvo”, lê-se na missiva assinada por Quintino Trinchete.

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No dia 31 de Maio, a Câmara Municipal de Almada recebeu os pais, numa reunião em que a autarquia esteve representada ao mais alto nível, pela presidente Inês de Medeiros, a vice-presidente, Maria Teodolinda Silveira, e pelo director municipal para esta área, Mário Ávila, e em que foi reiterada a posição do município de não ceder ao centro paroquial.

De acordo com os pais, o executivo municipal argumentou que o espaço actualmente ocupado pela IPSS, na Rua Conde Ferreira, era temporário, o centro paroquial desistiu da candidatura do PARES sem ter avisado atempadamente autarquia e a câmara municipal não pretende renovar o protocolo de comodato porque o centro já demonstrou várias vezes falta de gestão adequada.

O município tenciona lançar um concurso público para a atribuição da gestão do espaço na antiga escola Conde Ferreira para o qual terá oito entidades interessadas.

O presidente do centro paroquial e pároco de Cacilhas, padre Quintino Manuel Trinchete, diz que, se a situação não se resolver até Agosto, os 30 funcionários “vão para o desemprego”. Sinal de que isso está a ser preparado é que, ao contrário dos anos anteriores, em que o centro só fechava para férias na última quinzena de Agosto, este ano já informou que vai fechar todo o mês de Agosto.

 

Pais preocupados com colocação dos filhos

A instituição tem vindo a funcionar em instalações provisórias desde que, em há mais de cinco anos, foi desapossado, pela Protecção Civil de Almada das instalações que ocupava, junto à Casa da Juventude, por risco de derrocada do edifício localizado na encosta do Ginjal.

A requalificação dessas instalações estava prevista no âmbito do projecto urbanístico para o Cais do Ginjal, que a Câmara Municipal de Almada acordou com o grupo AFA, mas o plano não avançou e o edifício não foi recuperado.

Os serviços do centro paroquial passaram a funcionar em espaços provisórios, primeiro num imóvel do Centro Padre Ricardo Gameiro, durante dois anos, e, nestes últimos três anos, numa antiga escola primária desactivada, na Rua Conde Ferreira, em Almada, cedida pelo município.

O contrato de cedência da escola tem vindo a ser renovado anualmente e termina, em Agosto, o prazo máximo de três anos, pelo que a IPSS ficará sem instalações para funcionar.

Os pais estão preocupados e receiam não ter onde colocar os filhos.

“Neste momento, em termos de colocação das crianças noutras escolas do concelho, há apenas um protocolo com o Centro Arco Íris, no Monte da Caparica e apenas para a valência de creche. As restantes crianças não têm colocação em nenhuma das outras escolas do concelho, incluindo a minha que, no próximo ano lectivo, irá para o jardim-de-infância. Adicionalmente, sabemos que a valência de jardim infantil do Centro Social e Paroquial de Almada, que também irá fechar, fazendo com que haja muitas crianças a concorrer para as mesmas escolas e estas têm apenas as mesmas vagas que tinham nos anos anteriores, estabelecidas pela Segurança Social.”, disse ao PÚBLICO a mãe de uma das crianças.

Mariana Rodrigues acrescenta que “Almada tem sido uma cidade que vê a sua população a crescer e não pode ver escolas a fechar”.

Enquanto a paróquia não encontra uma solução, os pais e outros beneficiários da IPSS receiam o encerramento. Há uma petição pela manutenção do centro que já recolheu mais de 800 assinaturas.

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