Instalações estavam encerradas desde Junho de 2021 por insolvência do antigo proprietário do espaço
Após dois anos de encerramento, a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (vulgo centro de saúde) de Brejos do Assa voltou ontem a abrir portas para prestar serviço aos utentes desta localidade da freguesia de Palmela. Fechado em 2021, este equipamento deixou cerca de 700 pessoas sem médico de família e sem um serviço de saúde próximo para quem lá reside.
Com um “tremendo esforço” da Câmara Municipal de Palmela e de uma comissão de utentes, foi possível garantir, junto da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e do novo proprietário do equipamento, um novo contrato de arrendamento do edifício.
A assinatura formal do auto de transferência e a introdução desta despesa monetária para o suporte e manutenção da unidade de saúde ainda não foi realizada. No entanto, a autarquia não quis esperar nem mais um segundo e já avançou com o arrendamento das instalações, tendo entregado a chave do equipamento ao Agrupamento de Centros de Saúde da Arrábida.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro, o poder local teve de actuar rápido, pois era “inadmissível” deixar cerca de 1500 habitantes “sem qualquer resposta de saúde”.
“Tivemos de fazê-lo, apesar de ainda não constar no auto de transferência para suportar os cargos financeiros de manter esta instalação. A população continua a crescer e é obrigada a deslocar-se para as freguesias vizinhas, a fazer dezenas de quilómetros para mendigar uma consulta, que é o que continua a acontecer nas nossas estações de saúde”, disse o autarca, com um sentimento de emergência em voltar a trazer cuidados de saúde primários para esta localidade.
Falta médico para área materno-infantil
Apesar de as instalações de saúde se encontrarem abertas, a comissão de utentes e o executivo municipal admitiram a O SETUBALENSE que “ainda há trabalho fazer”, pois o serviço que é garantido é “muito reduzido” para as necessidades das gentes que ali residem.
“Entendemos avançar com o arrendamento e exigimos ao Agrupamento de Centros de Saúde da Arrábida que assegurassem as consultas, os cuidados de enfermagem e as marcações no horário que praticavam antes do fecho, que era só de um dia por semana. Mas a população merece mais, pelo menos dois dias por semana”, rematou o edil.
Os médicos que estavam no centro de saúde ainda alertaram para a “falta de um clínico para a saúde materno-infantil”, visto que esta especialidade não pode ser praticada naquelas instalações sem um desses profissionais, impossibilitando jovens casais de tratarem de assuntos básicos de maternidade na unidade de saúde de Brejos do Assa.
O atendimento vai seguir as mesmas normas e horários de 2021, ou seja, vai funcionar apenas às segundas-feiras das 9h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h00.
Cerca de 30 membros da população de Brejos do Assa compareceram, pelas 9h00, na unidade de saúde para celebrar a reabertura do equipamento.
Acordo Disponibilidade do novo proprietário foi fundamental
Por se tratar de uma estrutura arrendada, o poder de manter a unidade de saúde aberta não estava do lado da autarquia de Palmela nem do Governo, mas sim nas mãos do proprietário do espaço. Depois da insolvência do dono anterior, que levou ao fecho do centro de saúde em Junho de 2021, o imóvel foi comprado por outro proprietário, que acabou por se mostrar disponível para arrendar também o equipamento. O acordo entre as partes, novo proprietário, Câmara Municipal de Palmela e Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, acabou por ser alcançado. Enquanto a unidade de saúde esteve encerrada, o atendimento dos utentes foi feito nas instalações de saúde de Águas de Moura.