As “pessoas não lêem, não gostam de filmes; gostam é de se verem neles, de estarem dentro dos filmes”
Alto, seco de carnes, olhar frontal e acutilante. Nasceu há 26 anos, no Pragal. Hoje, reside na Torre da Marinha, concelho do Seixal. Apresenta-se como escritor, poeta, guionista, realizador, músico e cronista. No princípio do ano, a editora Gato Bravo lançou a sua primeira prosa.
“A voz de Lisboa com Paris” é um livro que fala da transmutação da cidade de Lisboa em um ambiente cosmopolita, belo – como qualquer outro do chamado mundo europeu -, mas que termina por perder as suas peculiaridades, as suas tradições mais antigas, em favor de um turismo de predadores, ou de um ‘futuro’ nem sempre tão gentil”, diz Miguel Leonardo desta sua obra.
Tem preparado para edição outro livro: “O Rapaz que Pensava demais”. Miguel tem a cabeça cheia de projectos. “Infelizmente”, – acrescenta ele. Aliás, está ocupado, presentemente, na elaboração de quatro ou cinco obras literárias. Além disso, tem um argumento cinematográfico em fase de pós-produção, já com realizador assegurado. Sobre isto, “mais não posso dizer”, avisa.
Acrescente-se que Miguel participou em duas produções cinematográficas como personagem principal e em outras duas como secundária. “Já trabalhei com nomes conhecidos da 7.ª arte, como André Ivo, Alfredo Silva, Rita Gonçalves ou Tiago Guedes”, recorda.
Começou a escrever contos aos 12 anos. Aos 16, fundou, com Luís Oliveira e Nuno F. Silva, um movimento “ultra-abjeccionista”.
Um pouco mais tarde, tentou a poesia. “Mas não me considero um poeta – confessa convictamente. Para se escrever poesia é preciso ter-se nascido poeta”.
Quanto à “prosa é outra coisa, quando temos coisas cá dentro para comunicar. Se as não deixamos sair por meio da escrita, fragilizamo-nos”, sublinha Miguel, que cita como autores preferidos Herberto Hélder, Camus, Maria Lisboa e Edgar Allan Poe.
“Antes de me lançar à escrita, passo meses sem ler seja o que for”, garante, mas recusa-se a dizer qual a razão dessa abstinência.
E prosa, qual o género preferido? “Não tenho. Bom… parece que estava a ser hipócrita. Tenho de confessar que me fascina a prose poética”.
Para Miguel Leonardo, um poeta é um “actor”, enquanto um escritor é um “realizador”. É por isso, opina, que as “pessoas não lêem, não gostam de filmes, gostam é de se verem neles, de estarem dentro dos filmes”. O que o leva a aconselhar: “Em vez de preparares a cena, escreve o guião completo!”