Greve organizada a partir das 12 horas para tornear o cumprimento dos serviços mínimos, aplicados aos primeiros tempos da manhã
Mesmo debaixo de chuva, dezenas de professores manifestaram-se esta sexta-feira no centro da Praça de Bocage, em Setúbal, para mostrar o seu descontentamento perante a nova proposta apresentada pelo Ministério da Educação no dia anterior, em reunião com os sindicatos deste sector.
O novo documento apresenta três novas alterações à anterior proposta de aceleramento de progressão de carreira para os professores que se encontram acima do sétimo escalão, sendo que agora os docentes que estiveram doentes entre 2005 e 2007, os professores com contratos de associação e os profissionais com contratos que rescindiam ao terceiro período do ano lectivo também vão passar a ser abrangidos por esta medida.
Apesar de o encontro ter sido realizado por volta das 15 horas, os docentes começaram o período de greve pelas 12 horas, já que, como explica Anselmo Vieira, representante do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades (SPLIU), os serviços mínimos, decididos individualmente por cada agrupamento, só se aplicam nos “primeiros tempos da manhã”.
Perante este cenário, os professores continuam “descontentes”, pois, como menciona Fátima Ferreira, representante da Associação Sindical de Professores Licenciados (ASPL), são medidas “muito pequeninas” que “não abordam nem um dia” dos seis anos, seis meses e 23 dias de progressão de carreira congelada.
Neste movimento, apesar do mau tempo, estiveram presentes professores de vários concelhos da região, incluindo Setúbal, Palmela, Moita, Montijo, Alcochete e Almada, entre outros. De bandeiras ao alto e com as colunas prontas, foram feitos discursos no centro da Praça de Bocage.
Enquanto se ouviam as palavras de ordem dos representantes sindicais, foram distribuídos cravos vermelhos pelos professores, num gesto simbólico de liberdade referente à revolução de 25 de Abril.
Já Ana Cristina Mendes, organizadora do protesto e dirigente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL), revelou a O SETUBALENSE que esta movimentação nacional, que tem passado por todos os distritos do País, tem obtido uma “grande adesão” por parte dos profissionais da educação. “Isto é uma greve e um movimento só de docentes.
Até ao momento temos apontada uma adesão de cerca de 85% a 90%. Por muitos professores que se juntem à greve as escolas não fecham, porque os assistentes operacionais e os assistentes técnicos não fazem parte desta acção sindical”, esclareceu.
Os professores “não vão parar” até que as reivindicações sejam cedidas pelo Ministério da Educação e referem que os movimentos e as greves continuam “sem fim à vista”.