União de Resistentes Antifascistas Portugueses esteve em Setúbal para revelar detalhes do congresso que deu início à Revolução
A União de Residentes Antifascistas Portugueses (URAP) organizou, no sábado passado, um encontro sobre os 50 anos do 3.º Congresso da Oposição Democrática, realizado em Aveiro, em 1973.
A iniciativa teve palco no Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal. Antes da apresentação do painel de convidados, Adilo Costa, moderador, relembrou a “cultura do medo” que era “imposta” pelo Governo de Salazar e, posteriormente, por Marcelo Caetano.
Em seguida foram apresentados João Neves, João Teodósio e Adriano Encarnação, homens que tiveram um papel importante na construção da Revolução do 25 de Abril. João Neves, primeiro interveniente, começou por explicar a importância da existência da URAP e um pouco da história desta associação.
Em seguida fez um apelo à “lembrança” de como se vivia em ditadura. “Cerca de 50% dos portugueses nasceram depois da ditadura, não sabem o que é viver sem liberdade, cabe-nos a nós não deixar que este período seja esquecido, é por isso que é importante irmos a escolas e explicarmos o que acontecia naquele período, não podemos correr o risco de voltar ao mesmo cenário”, disse.
Já Adriano Encarnação falou sobre a luta dos jovens trabalhadores, com incidência na Baixa da Banheira, na Moita, onde existia uma “grande massa” de proletariado, devido ao emprego gerado pela CUF e pela Lisnave.
Aqui o orador também fez uma alusão ao Círculo Cultural de Setúbal, actual Clube Naval, onde se encontravam vários membros da oposição política, incluindo José Afonso, para debater ideias e criar teses que, futuramente, foram entregues no 3.º Congresso.
Para saciar a curiosidade de cerca de duas dezenas presentes neste encontro, João Teodósio contou como foi parar ao mundo político. No decorrer da história contou que, do Distrito de Setúbal, saíram 10 teses para este Congresso da Oposição Democrática, estas que complementaram as 200 que foram entregues durante a realização do encontro em Aveiro.
Apesar de ser um número humilde, todas foram compostas em colectivo, sendo o único distrito a realizar este feito, sem entregar nenhuma tese de autoria singular.
João Teodósio ainda explicou que foi na realização deste congresso que todos os partidos de oposição tomaram a decisão de serem, de uma forma conjunta, contra a guerra colonial.
O 3.º Congresso da Oposição Democrática, realizado em 1973, foi um dos grandes impulsionadores do movimento da Revolução dos Cravos e que, de uma maneira geral, gerou a união ideológica de acabar com o fascismo e com a ditadura.