“Saber estar e romper a tempo, correr os riscos da adesão e da renúncia, pôr a sinceridade das posições acima dos interesses pessoais, isto é a política que vale a pena”.
A frase atribuída a Francisco Sá Carneiro é, mais que uma citação, um ensinamento que cedo recebi sobre aquilo que deve pautar a atuação política de quem a vê como um instrumento para contribuir para a melhoria da condição de vida do seu país, da sua região, do seu concelho, da sua freguesia e da sua rua.
A política que vale a pena é a política com desprendimento, em que entregamos tudo de nós à causa pública sem nada esperar em troca e na qual, quando sentimos que a nossa missão foi cumprida, sabemos sair de cena e dar espaço para que novos rostos, novos projetos e novas ideias façam o seu caminho.
Foi sempre assim que encarei o serviço cívico e foi por isso que, depois de quatro anos enquanto Presidente da JSD Distrital de Setúbal, decidi que era tempo de fechar um ciclo e não voltar a candidatar-me à liderança da estrutura, que elegerá os seus novos órgãos no Congresso que se realizará este sábado.
Saio com a certeza de que podia ter feito muito mais, porque é sempre possível fazer mais e melhor. Saio, também, com um sentimento de dever cumprido e com a convicção de que as equipas que liderei trabalharam arduamente pela melhoria das condições de vida dos jovens da nossa região.
Liderámos, logo em 2019, a discussão em torno da necessidade de criação de uma NUTS II para a Península de Setúbal, que garantisse um acesso mais justo da região aos fundos comunitários. Hoje, quatro anos depois, a NUTS II está já anunciada pelo Governo, sendo a nossa ambição reconhecida e materializando-se assim como a principal conquista do trabalho que desenvolvemos.
Ao longo dos dois mandatos, produzimos um conjunto de propostas relacionadas com a necessidade de mais e melhor emprego na região, de apoios no acesso à habitação para os jovens, apresentámos um programa eleitoral jovem para as Legislativas de 2019, construímos um compêndio de Políticas Públicas Autárquicas e trabalhámos temas relacionados com a Mobilidade e a Educação.
Produzimos propostas sérias e concretas que, quase na sua totalidade, o Governo e as autarquias socialistas e comunistas da região optaram por ignorar, mantendo a sua juventude presa ao imobilismo de quem nos governa.
Apostámos muito na formação dos nossos quadros com duas edições da Academia Política e com o lançamento das primeiras três edições da nossa Escola de Formação Europeia, a EUROSET. Para além disso, iniciámos o projeto ÁGORA, um fórum de discussão entre os autarcas da JSD de todos os concelhos do distrito e lançámos uma plataforma de partilha de informação entre estes.
Por fim, reforçámos a implantação territorial da JSD, que tem agora estruturas autónomas em todos os concelhos da Península de Setúbal, e lançámos as bases para que, brevemente, possamos estender a nossa influência ao sul do Distrito.
A JSD, no nosso Distrito, está viva e pujante e será fundamental para ajudar o PSD a conquistar a sua primeira Câmara Municipal na região e a apresentar uma alternativa a este Governo que tudo faz menos governar.
Dei muito de mim à JSD Distrital de Setúbal. Mas o que a JSD Distrital de Setúbal me deu a mim será sempre incomparavelmente superior.
Às amizades forjadas, aos momentos de trabalho intenso, à política pelo bem comum eu presto este último tributo e despeço-me, por fim, deixando espaço para que outros façam a política que vale a pena.
