26 Junho 2024, Quarta-feira

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Ângela Lemos: “Vamos trabalhar para podermos ter doutoramentos em 2024 ou 2025”

Ângela Lemos: “Vamos trabalhar para podermos ter doutoramentos em 2024 ou 2025”

Ângela Lemos: “Vamos trabalhar para podermos ter doutoramentos em 2024 ou 2025”

A responsável aborda a actualidade do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS), que já se prepara para outorgar o grau de doutor. E até avança com o número de estudantes que podem ser abrangidos a médio-longo prazo

 

Pragmática e confiante. Foi assim que Ângela Lemos, 54 anos, presidente do IPS desde Abril de 2022, se mostrou a analisar o presente e o futuro da instituição, em entrevista à Popular FM/O SETUBALENSE. “Estamos no bom caminho”, diz, a propósito da porta agora aberta pela tutela aos politécnicos no que toca à atribuição de doutoramentos. De Setúbal a Sines, passando pelo Barreiro, aborda os projectos que estão na forja ao abrigo do PRR, para os quais o IPS tem “mais de 20 milhões de euros aprovados”.

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Que balanço faz a esta Semana da Empregabilidade do IPS? 

Um momento alto é a feira do emprego. Tivemos cerca de 120 empresas presentes, 60 no primeiro dia mais 60 no segundo. Ao longo destes dois dias, os estudantes podem apresentar os seus currículos, participar em “pitch” e em sessões de recrutamento. Têm a possibilidade de contactar com o tecido empresarial, com as empresas que nos procuram de várias áreas. Cerca de 70 a 80% dessas empresas têm diplomados do IPS nos seus quadros e com muito bom resultado. Mas a Semana da Empregabilidade não se esgota na feira. Aquilo que tentamos é preparar os nossos estudantes para o futuro mercado do trabalho, mas trabalhando também nos nossos planos de estudo.

A taxa de empregabilidade do IPS anda mesmo perto dos 100%? Quais são de facto os níveis de sucesso? 

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Temos uma taxa de 96,6%, de acordo com os dados oficiais. E dois cursos com taxa de 100% de empregabilidade: o de enfermagem e o de educação básica. Nos outros teremos alguns com uma empregabilidade um pouco mais baixa. Mas maioritariamente os nossos estudantes conseguem um emprego real e estão no mercado de trabalho. Dizer também que desta taxa de 96,6%, mais de 60% são alunos diplomados, que trabalham na área que foram formados. Portanto, estamos a falar de uma taxa de empregabilidade efectiva.

A alteração da lei de bases do sistema educativo e do regime jurídico das instituições do ensino superior prevê a atribuição de doutoramentos por parte dos politécnicos. Como vê esta decisão da tutela? 

Com bons olhos! Foi uma luta de muitos anos, de muito trabalho feito nos últimos anos junto da tutela. As instituições de ensino politécnico que já têm condições, ou que virão a ter, essas serão as mesmas condições das universidades: terão de ter centros de investigação acreditados, um corpo docente composto por 75% de doutorados na área específica para o doutoramento. Todos os que tiveram estas condições podem outorgar o grau de doutor. E essa é a grande conquista.

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O IPS está já preparado para arrancar com os doutoramentos? 

Se o grau de doutor fosse outorgado hoje, não teríamos ainda essas condições. Como para qualquer curso, precisamos da acreditação da Agência de Acreditação do Ensino Superior. E é esse trabalho que estamos a fazer. Teremos de ter cursos acreditados, este ano a Fundação para a Ciência e a Tecnologia terá a acreditação de centros de investigação. Estamos a trabalhar para termos centros acreditados e estamos a trabalhar em parcerias com outros politécnicos.

Em que áreas, cursos, é que o IPS terá condições para apresentar doutoramentos? 

Na área das tecnologias, na área da sustentabilidade, na área da economia circular, estamos aqui na área da educação em associação com outros politécnicos, também poderemos vir a ter condições, e até na área das ciências empresariais ou na área da saúde. Tudo depende agora das sinergias que consigamos criar com outras instituições e da própria forma como nós nos afirmarmos em termos do que são os centros de investigação. Estamos no bom caminho. O IPS tem uma forte componente de investigação ligada à região, ao tecido regional, mas terá de avançar mais ao nível das métricas exigidas.

E a partir de quando pensa que o IPS poderá fazer essa outorga? 

Espero que o IPS consiga propor doutoramentos neste ou no próximo ciclo. Diria que vamos trabalhar para podermos ter em 2024 ou 2025 doutoramentos.

Doutoramentos que poderão abranger que número de estudantes? 

É muito disperso. As turmas, os grupos de doutorados nunca são grupos muito alargados. Muito importante é começarmos a criar rede. Se calhar conseguimos ter aqui um conjunto entre 30 a 50 estudantes. Tudo depende do número de doutoramentos que consigamos. Este é um número a médio-longo prazo, não é um número para o imediato.

Polytechnic University of Setúbal – Instituto Politécnico de Setúbal. Esta vai ser a nova designação do IPS. Isto vai ao encontro da internacionalização, mas não é redutor para aquilo que é uma das nossas maiores riquezas: a língua portuguesa? 

Em termos europeus somos dos poucos, diria mesmo dos muito poucos, países em que a designação “instituto politécnico” existe. Universidade politécnica é o termo utilizado a nível internacional. Muitas vezes temos dificuldades quando estamos a concorrer a projectos, a procurar parceiros, ao nos apresentarmos como instituto politécnico, que é associado ao ensino profissional secundário (somos conotados como ensino não superior). Esta é a grande mais-valia do termo polytechnic university. O Governo teve o cuidado de fazer aprovar esta designação sempre em associação com a designação em português. Não queremos desvirtuar a nossa língua. Queremos é poder estar em consonância com os nossos parceiros. O que não faz neste momento muito sentido, para mim, é a obrigatoriedade de ter a designação em inglês de universidade e depois em português dizer instituto politécnico.

Qual o número total de estudantes no IPS? 

À data, 8 200 se contabilizarmos apenas as licenciaturas, os cursos de mestrado, pós-graduações e cursos superiores técnicos profissionais. Diria que chegamos aos 8 500 ou mais, porque temos muitos estudantes em microcredenciais.

Número que deverá subir com a criação da Escola Superior de Sines. Qual é o ponto de situação? 

Estamos a trabalhar na criação da escola. Sabemos que Sines não tem população estudantil fixa que dê para alimentar uma escola. A nossa aposta, a nível internacional, é trazer para Sines um número muito elevado de pessoas qualificadas – e aqui estamos a falar também de cursos técnicos superiores profissionais, muitas das empresas dizem-nos que precisam de técnicos para desenvolver as suas actividades mas também de qualificação graduada e pós-graduada. Será uma escola que apostará também muito na formação pós-graduada. Terá de ser uma escola virada para o internacional, com um sistema também de ensino à distância. Teremos de ter modalidades híbridas de funcionamento, em que possamos ter estudantes nalguns cursos com grande componente prática e cursos que permitam também a formação “on-line” para estudantes de fora do País. E isto é muito bom. É excelente conseguirmos formar talento que fique cá dentro mas também irmos buscar talento lá fora

O IPS em Setúbal tem uma ocupação de estudantes que dispensa apresentações. Mas no Barreiro não é assim. Qual a razão para isso e o que pode ser feito para melhorar esse aspecto? 

Temos vindo a criar e a reconfigurar a própria formação na Escola Superior de Tecnologia do Barreiro. É uma escola com menos alunos, também foi projectada para menos alunos, mas que tem vindo a crescer e que tem vindo a afirmar-se na área da economia circular, na área de uma investigação muito diferente daquela que temos em Setúbal. Está-se a pensar reorganizar o curso de engenharia civil para conseguirmos captar mais estudantes, mais adequados ao novo mercado.

Em que pé estão os projectos que se encontram na forja ao abrigo do PRR? 

Ao nível do PRR temos mais de 20 milhões aprovados. O nosso projecto de Setúbal tem uma componente muito grande de formação, tem uma componente grande de investimento para novos laboratórios, para equipar os laboratórios actuais e para equipar também, depois, a Escola Superior de Saúde, que está em funcionamento, mas que, com uma nova uma nova infra- -estrutura, poderá dar melhores condições e poderemos crescer mais. Temos as três residências, uma para a escola do Barreiro, uma para Sines e a remodelação para a residência que temos em Setúbal. Depois temos também quatro agendas mobilizadoras no valor total de cerca de oito milhões. Temos uma agenda mobilizadora muito grande com o Porto de Sines, muito virada para a área da logística, e uma também grande na área da aeronáutica, além de mais duas agendas com o ramo automóvel. Ainda ao abrigo do PRR, conseguimos alargar a nossa actividade para Lisboa norte, no âmbito dos CTeSP, porque Lisboa não tem oferta pública de cursos técnicos superiores profissionais.

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